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Nos últimos anos, a função de liderança educacional dentro das corporações passou por uma transformação significativa, pois evoluiu de uma gestão de treinamento administrativa para uma posição mais estratégica.
Nesse novo cenário, surge o cargo Chief Education Officer (CEO) — ou diretor(a) de educação — como peça-chave na construção de uma cultura de aprendizado contínuo e no desenvolvimento de pessoas.
Mais do que somente conduzir programas de capacitação, esse(a) líder atua de forma integrada à alta gestão, para promover estratégias educacionais que impulsionam a inovação, melhoram a performance dos times e contribuem diretamente para a competitividade da empresa.
Para entender o impacto desse(a) profissional na aprendizagem e desenvolvimento das equipes de uma empresa, neste artigo, vamos conferir o que é Chief Education Officer, o papel de uma diretoria de educação, como a IA está moldando suas atividades, além de como as organizações podem desenvolver talentos para este cargo.
O que é Chief Education Officer?
Unindo o mundo corporativo e a cultura de aprendizagem, o Chief Education Officer (diretoria de educação) é um cargo executivo que, dentro das empresas, tem a responsabilidade de liderar as estratégias de educação, aprendizado e desenvolvimento das pessoas colaboradoras.
Para ocupar esse cargo estratégico, é comum que o(a) profissional tenha formação superior em áreas como Pedagogia, Psicologia, Administração, Recursos Humanos, Comunicação, Educação Corporativa ou áreas afins.
Além disso, muitas empresas valorizam pós-graduações ou MBAs em Gestão de Pessoas, Desenvolvimento Organizacional, Liderança ou Educação. Vale dizer que ter experiência prévia em cargos de gestão de treinamento, universidades corporativas ou L&D (Learning and Development) é altamente relevante.
Já quando falamos na rotina de uma diretoria de educação, ela pode incluir as seguintes atividades:
- Desenvolvimento de programas educacionais internos e externos.
- Parcerias com instituições de ensino ou universidades corporativas.
- Criação de iniciativas de capacitação para clientes, parceiros e comunidades.
- Liderança na integração entre aprendizado formal e desenvolvimento profissional.
- Promoção da cultura de aprendizado contínuo em toda a organização.
Qual a diferença entre o cargo CEO e CLO?
No ambiente corporativo, é comum o cargo Chief Education Officer ser usado como sinônimo de Chief Learning Officer.
Em essência, ambos os títulos têm funções semelhantes: liderar a estratégia de aprendizagem e desenvolvimento de pessoas dentro da organização.
Porém, uma diferença interessante entre esses dois cargos foi apontada no artigo “Steve Kerr: Managing the Business of Learning”, no qual o profissional Steve Kerr, ex-CLO da General Electric, destacou que uma pessoa líder de educação pode focar mais na transmissão de conhecimento, enquanto um(a) líder de aprendizagem prioriza o desenvolvimento de quem está aprendendo.
Entretanto, na prática, é importante destacar que as organizações costumam ver esses cargos como equivalentes, mas claro, com exceções. Principalmente em grandes corporações, que podem separar as funções para não sobrecarregar uma liderança.
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Além disso, é importante não confundir o(a) profissional Chief Education Officer das empresas com os cargos de mesmo nome em instituições de ensino, redes escolares ou órgãos públicos.
Nesses casos, o foco está na educação formal e nos resultados escolares, com objetivos diferentes dos do ambiente corporativo.
Por fim, quando houver dúvidas sobre o que é Chief Learning Officer e Chief Education Officer, lembre-se que, para as empresas, esses títulos devem ser entendidos como iguais: um(a) líder de aprendizado estratégico, conectado(a) aos objetivos da organização, com foco no crescimento das pessoas por meio da educação.
Habilidades essenciais para se tornar um(a) Chief Education Officer
Se você é uma liderança de RH, comunicação, administração ou de outro setor que esteja pensando em se tornar um(a) Chief Education Officer, saiba que, de modo geral, há certas habilidades de líder esperadas e exigidas para este cargo. A seguir, confira algumas das principais competências.
1. Visão estratégica de educação corporativa
Um(a) CEO precisa enxergar a educação não somente como treinamento técnico, mas como um componente da estratégia de negócios.
Isso significa compreender como a aprendizagem e desenvolvimento de pessoas pode impulsionar a performance do time, aumentar a competitividade e apoiar o crescimento sustentável da empresa.
2. Conhecimento em metodologias de ensino e aprendizagem
É fundamental que a pessoa Chief Education Officer domine metodologias ativas de aprendizagem, como microlearning, blended learning e gamificação. Isso permite criar experiências de aprendizado envolventes e adaptadas às necessidades de cada membro da equipe.
Vale dizer que o(a) CEO também deve acompanhar as tendências de L&D (Learning & Development) para aplicar práticas inovadoras na empresa.
3. Liderança e gestão de equipes multidisciplinares
Liderar a área de educação exige competências sólidas em gestão de pessoas. Isso porque o(a) Chief Education Officer deve ser capaz de conduzir equipes compostas por diferentes tipos de especialistas e entender que cada equipe possui necessidades e conhecimentos diferentes.
O que inclui inspirar, orientar, avaliar o desempenho e desenvolver os talentos internos, além de construir uma cultura de aprendizado colaborativo.
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4. Fluência em tecnologias educacionais
Neste cargo, o domínio de ferramentas digitais é indispensável. Plataformas como LMS (Learning Management System) e soluções de Inteligência Artificial aplicada ao aprendizado, por exemplo, fazem parte do cotidiano de um(a) CEO.
Essa influência faz com que seja possível solucionar programas de ensino, personalizar jornadas de aprendizagem e mensurar resultados com mais precisão.
5. Análises de métricas de impacto
Saber mensurar o impacto do aprendizado é uma competência essencial para um(a) Chief Education Officer comprovar o sucesso do seu serviço para a alta liderança.
Desse modo, para ocupar o cargo, a pessoa deve ser capaz de analisar dados de desempenho, ROI em treinamentos, engajamento e retenção do conhecimento.
Além disso, essa habilidade garante que as decisões educacionais sejam orientadas por evidências e resultados, e não somente por boas intenções.
6. Comunicação e influência organizacional
Para ter sucesso, o(a) CEO precisa articular bem suas ideias e influenciar diversas hierarquias da organização. Isso envolve defender o valor da aprendizagem contínua, negociar recursos, alinhar ações com outras áreas e garantir o apoio da alta gestão às iniciativas educacionais.
7. Contato com parcerias externas de educação corporativa
Em algumas organizações, o Chief Education Officer também atua na construção de parcerias com universidades, edtechs, ONGs e instituições de ensino.
Essa habilidade de comunicação é importante para ampliar o alcance dos programas de aprendizado, promover ações de impacto social ou desenvolver academias corporativas que atendam não somente pessoas colaboradoras, mas também para comunidades ou clientes, como os MBAs in company, por exemplo.
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8. Adaptabilidade e pensamento inovador
O cenário educacional está em constante mudança por conta das novas tecnologias. Por isso, uma pessoa profissional Chief Education Officer precisa ser flexível, curiosa e aberta a mudanças, além de sempre buscar formas novas de ensinar, engajar e preparar as equipes para os desafios do futuro.
Isso inclui criar uma cultura de aprendizagem ágil e preparar a empresa para lidar com novos modelos de trabalho e competências.
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Como a IA pode impactar o trabalho do(a) CEO/CLO?
Assim como em outras áreas do mundo corporativo, a Inteligência Artificial, especialmente a IA Generativa, está transformando profundamente as funções do cargo Chief Education Officers, assim como do Chief Learning Officers, ao inaugurar uma nova era para o treinamento corporativo.
Isso porque essas tecnologias não somente otimizam processos, mas também ajudam a expandir o papel desse tipo de líder nas organizações.
Um dos grandes impactos da IA é a personalização em escala. Com o suporte de algoritmos inteligentes, CEOs e CLOs podem criar experiências de aprendizagem personalizadas para cada pessoa colaboradora, considerando suas funções, competências, dificuldades, geração e objetivos de carreira — o que torna os programas mais eficazes.
A IA também revoluciona a criação de conteúdo educacional, já que a geração automática de materiais, como vídeos, quizzes, simulações e FAQs, economiza tempo e recursos da diretoria de educação, o que permite que ela se concentre em ações mais estratégicas, como a promoção da cultura de aprendizagem.
Além disso, a análise preditiva feita com auxílio da IA auxilia na capacidade dos(as) CEOs/CLOs de antecipar tendências, identificar sinais de desengajamento do time e tomar decisões com base em dados, o que reforça a importância da aprendizagem como fundamento estratégico dentro das empresas e, como consequência, facilita a mensuração de resultados concretos, como produtividade, inovação e retenção de talentos.
Entretanto, a transformação mais urgente ainda está na qualificação dos times em IA. Segundo o Emeritus CLO Strategy Report 2024, “uma tendência crítica é a necessidade de qualificar toda a força de trabalho em IA, já que muitas pessoas profissionais ainda não estão preparadas”.
Isso significa que muitos(as) Chiefs Education Officer precisam liderar iniciativas para desenvolver competências digitais, promover o uso ético da IA e treinar os times para interagir com essas tecnologias de forma eficaz, segura e autônoma antes mesmo usar ferramentas de IA de alto desempenho — ou seja, ensinar do básico ao avançado.
A partir disso, o papel da diretoria de educação se reconfigura. Da gestão de programas de treinamento, agora esse(a) profissional passa a ser um(a) agente de transformação digital da aprendizagem, com responsabilidade direta sobre a integração da IA à estratégia de educação corporativa.
E para cumprir essa função, antes de tudo é essencial que essas lideranças dominem as novas tecnologias, compreendam os riscos da IA e, acima de tudo, coloquem o ser humano no centro da inovação.
Leia também: IA para lideranças: como a tecnologia pode auxiliar na gestão de pessoas
Quais empresas precisam de um(a) Chief Education Officer?
A necessidade de um(a) Chief Education Officer depende da estratégia, do porte e da cultura de aprendizagem da empresa.
Mas, em geral, as organizações que mais se beneficiam desse cargo compartilham uma característica central: encaram a educação como uma alavanca para crescimento, inovação e impacto.
Assim, pode ser mais comum encontrarmos CEOs em:
- Instituições financeiras modernas (fintechs).
- Big techs e startups.
- Organizações com atuação global.
- Corporações do setor educacional e edtechs.
- Empresas com compromisso com práticas ESG e impacto social
Como desenvolver um talento para se tornar CEO?
Se você faz parte da gerência de uma empresa e observou que há um talento que pode ser desenvolvido para exercer o cargo de CEO, saiba que é necessário que essa pessoa tenha mais do que experiência em treinamento de pessoas.
É essencial preparar o(a) profissional para atuar de forma estratégica, integrada à liderança executiva, com visão dedicada ao negócio e foco em gerar impacto por meio da educação.
Para ficar mais claro, abaixo listamos os cinco principais passos.
1° passo: alinhar a pessoa com a estratégia da empresa
Um dos principais desafios para quem ocupa (ou deseja ocupar) o cargo de Chief Education Officer é sair do papel operacional e se posicionar como parceiro(a) estratégico da alta liderança.
Por isso, desenvolver um talento para esse cargo exige treiná-lo para entender como funcionam os processos de todos os setores, como deve ser a linguagem ao lidar com os executivos e executivas (sejam C-levels da corporação ou não), além de mostrar como traduzir as metas do negócio em estratégias de aprendizagem claras e mensuráveis.
2° passo: desenvolver o pensamento analítico e o uso de dados
Medir o sucesso das aplicações em educação com base somente em métricas tradicionais de L&D (como número de treinamentos ou horas-aula) é essencial.
Isso porque, assim, é possível mostrar para a empresa como o trabalho desse(a) profissional impacta o aumento de produtividade, a retenção de talentos ou aceleração de resultados, por exemplo.
Portanto, preparar um talento para ser Chief Education Officer passa pelo fortalecimento da cultura de dados.
3° passo: promover habilidades de comunicação e influência
Como já mencionamos, a capacidade de compartilhar ideias, defender investimentos em educação e conquistar o apoio de stakeholders e das pessoas colaboradoras é uma habilidade essencial para esta função.
Para superar esse desafio, CEOs devem ser treinados(as) para ter escuta ativa, presença executiva e habilidade para liderar conversas de alto nível.
4° passo: incentivar a visão sistêmica e o trabalho colaborativo
Empresas que desejam desenvolver uma nova pessoa CEO precisam estimular a visão interfuncional desde cedo.
Isso inclui permitir que o(a) profissional participe de decisões estratégicas, interaja com outras áreas e contribua ativamente com soluções que integram aprendizagem, cultura e inovação.
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5° passo: propor experiências de desenvolvimento personalizadas
Por fim, é necessário investir em jornadas de aprendizado contínuo, com mentorias, job rotation, programas de liderança e acesso a formações em áreas como: gestão estratégica, Analytics, inovação educacional e design instrucional, além de sempre manter a pessoa atualizada sobre as necessidades da empresa para que ela possa planejar ações educacionais alinhadas ao negócio.
Em resumo, para formar um(a) Chief Education Officer, não basta somente dominar técnicas de ensino ou desenvolvimento de conteúdo.
É necessário moldar líderes que enxerguem a educação como um motor de performance e inovação, e que consigam traduzi-la em valor para a corporação.
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Leia também: CPO — o que é, carreira, funções do cargo e como IA pode ajudar na função
