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Ética e Inteligência Artificial: desenvolver a tecnologia com consciência

Athena Bastos

Athena Bastos


mulher trabalhando no laptop

A Inteligência Artificial (IA) está rapidamente se tornando uma força em nossas vidas. Seus algoritmos já decidem quais notícias lemos, quais produtos compramos e até que tipo de conteúdo consumimos online. Com essa crescente influência, surge uma questão crucial: como garantir que a IA seja utilizada de forma responsável?

Segundo estudos da Statista, o mercado global de Inteligência Artificial deve ultrapassar US$ 1 trilhão até 2028. Ou seja, com a crescente integração da IA, as discussões sobre sua ascensão e a importância da ética em seu desenvolvimento se tornarão cada vez mais frequentes.

Para entender mais sobre como ética e Inteligência Artificial se relacionam, continue a leitura deste artigo e fique por dentro das principais questões éticas sobre a tecnologia e as medidas de mudança que já foram tomadas.

O que é ética na Inteligência Artificial?

Ética é o conjunto de princípios morais que guiam as ações humanas, buscando o bem e a justiça. Quando trazemos esse conceito para IA, ele se refere aos princípios e valores morais que devem guiar o desenvolvimento e uso da Inteligência Artificial. Seu objetivo é garantir que a IA seja utilizada para o bem da humanidade, respeitando direitos e evitando danos.

A partir disso, a ética na Inteligência Artificial não é apenas um detalhe; é fundamental para garantir que essa tecnologia seja usada de forma segura. Mas para que isso tenha sucesso, a IA precisa seguir alguns princípios.

Princípios da ética na IA

Primeiramente, a ética é importante para garantir transparência de dados. As máquinas precisam ser programadas para explicar suas decisões de um jeito que as pessoas possam entender suas ações. Ou seja, a IA não só deve responder ao prompt usado, mas falar como ela chegou até esse resultado para que, se for necessário, as pessoas possam conferir a veracidade das informações.

Outro ponto é que, a ética ajuda a promover a equidade. Apesar de serem máquinas, os algoritmos não devem reforçar preconceitos ou discriminações da vida real. A IA deve ser usada de maneira justa para todos.

O conceito da ética na Inteligência Artificial também é essencial para garantir a privacidade e a segurança dos dados. Com o grande volume de informações que as máquinas processam, é necessário garantir que esses dados sejam tratados com responsabilidade e a privacidade que merecem.

Por fim, a ética ajuda a definir quem é responsável quando uma máquina comete um erro, especialmente em áreas como saúde e transporte, onde erros podem ter consequências graves e precisam ser solucionados.

Leia também: Como a IA pode facilitar o trabalho das pessoas colaboradoras dentro de uma empresa

Como surgiram as questões éticas na IA?

Agora que você já conhece a relação entre ética e a Inteligência Artificial, vamos voltar no tempo e entender como esse assunto começou a ser abordado e como as pessoas especialistas lidam com essa condição.

No início da IA, realmente não havia uma grande preocupação com a ética, especialmente porque a tecnologia ainda era teórica e seus impactos na sociedade não eram bem compreendidos. Foi nos anos 60, quando Joseph Weizenbaum criou o chatbot ELIZA — o primeiro programa para processamento de linguagem natural da história — que as pessoas começaram a se questionar em relação à ética da Inteligência Artificial.

Claro que, no início, a ELIZA simulava conversas humanas de forma muito rudimentar. Porém, surpreendentemente, as pessoas usuárias começaram a criar laços emocionais com a máquina, o que fez Weizenbaum se preocupar com o potencial enganador da IA e a facilidade com que as pessoas atribuíam compreensão e empatia a ela, mesmo que fossem respostas pré-programadas sem real inteligência ou sentimentos.

O crescimento da IA nas décadas seguintes, particularmente nos anos 1990, trouxe questões éticas relacionadas à privacidade, uso de dados e preconceitos, principalmente depois que a IA começou a ser aplicada em áreas mais sensíveis como saúde e finanças.

Como há anos atrás ainda não existia nenhum protocolo que as empresas desenvolvedoras de IA deveriam seguir, as pessoas especialistas na área, a fim de diminuir os impactos negativos da ética nas IAs, começaram seguir os princípios do Relatório Belmont.

Este documento, que foi publicado em 1979 nos Estados Unidos como resultado do trabalho da Comissão Nacional para a Proteção de Seres Humanos em Pesquisa Biomédica e Comportamental, acabou sendo usado também para o desenvolvimento da ética sobre as Inteligências Artificiais.

De forma breve, o Relatório de Belmont informa três princípios éticos básicos.

Respeito pelas pessoas: cada pessoa deve ser tratada com dignidade e ter sua autonomia respeitada. Isso significa que todos os usuários e usuárias devem ter informações claras e completas sobre os riscos e benefícios. Além disso, a privacidade deve ser protegida também.

Beneficência: as pesquisas devem ter como objetivo principal o bem-estar das pessoas participantes e da sociedade, minimizando quaisquer riscos e maximizando os benefícios potenciais.

Justiça: as vantagens e os riscos da pesquisa devem ser distribuídos de forma justa entre as pessoas participantes, evitando a exploração de grupos vulneráveis.

Saltando no tempo e chegando aos dias atuais, com o avanço da IA e do machine learning, novas preocupações éticas surgem, como transparência, responsabilidade e justiça nos algoritmos, especialmente na forma como as máquinas tomam decisões que podem afetar a vida das pessoas.

Por conta disso, novos estudos, desafios e protocolos surgiram para tentar criar uma relação mais saudável entre ética e IA. Nos próximos tópicos, desdobramos mais sobre essas questões. Leia também: 10 ferramentas de IA para aumentar a produtividade da sua empresa

Desafios éticos da Inteligência Artificial

Você já deve ter percebido que, conforme a IA avança em seu desenvolvimento, seus desafios éticos também aumentam. Para entender melhor quais são essas questões, abaixo separamos os principais pontos morais e sociais sobre o tema.

Desafios éticos e morais da Inteligência Artificial

Responsabilidade

Definir a responsabilidade pelas ações e decisões tomadas por sistemas de IA é uma questão complexa. Afinal, quem deve se responsabilizar por possíveis danos: a tecnologia, quem solicitou a informação ou quem a deixou desprotegida?

Discriminação

Os algoritmos podem perpetuar e, em certos casos, até amplificar preconceitos existentes, levando à discriminação em processos relacionados à justiça criminal, concessão de crédito e até no recrutamento e seleção em empresas.

Transparência

O fato da IA não informar como chega a certas tomadas de decisões também é um problema. Como já mencionamos, isso impossibilita que as pessoas entendam o seu processo com transparência e possam confirmar a verdade das informações apresentadas.

Privacidade e segurança

Proteger a privacidade dos dados utilizados para treinar e operar sistemas de IA é crucial. Afinal, é com essas informações que ela aprenderá a como responder aos comandos e, se caso tiver acesso a dados sensíveis, pode possibilitar o vazamento de informações e outros tipos de ataques cibernéticos.

Desafios éticos e sociais da Inteligência Artificial

Impacto no mercado de trabalho

A sociedade precisa lidar com as mudanças no mercado de trabalho e nas carreiras, devido à automação impulsionada pela IA. Criar programas de upskilling e reskilling para as pessoas trabalhadoras, além de ensiná-las a como usar essa tecnologia a seu favor, são medidas que ajudam a diminuir esses impactos.

Desigualdade social

Apesar da IA ser feita para todos, ela ainda só é entendida e usada por pessoas, em sua maioria, que têm conhecimentos sobre tecnologia. Com isso, para que Inteligência Artificial e ética sejam amplamente incorporadas às empresas e em outros âmbitos da vida, é necessário promover a inclusão digital. Isso pode ser feito pelas escolas, organizações, governos e outras instituições cabíveis.

Manipulação e controle

Um dos maiores desafios atuais é evitar o uso da IA para manipular comportamentos, influenciar opiniões e controlar pessoas. Por exemplo, nas redes sociais, é comum ver vídeos de celebridades que parecem reais, mas cujas falas foram alteradas por IA para promover produtos ou transmitir mensagens diferentes das originais.

Esse tipo de manipulação cria situações falsas com o objetivo de confundir e influenciar o público. Para combater esse problema, muitas plataformas já começaram a adicionar selos que avisam quando o conteúdo foi gerado ou modificado por IA. No entanto, para que essa prática seja mais eficaz, é necessário desenvolver protocolos mais rigorosos e implementar leis que reforcem o controle sobre esse tipo de conteúdo.

Impacto na cultura e nos valores

É inegável que a IA está transformando o mundo de maneiras profundas e, por isso, a sociedade precisa entender claramente como essa tecnologia está impactando culturas e tradições ao redor do mundo. A uniformização de conteúdos e a priorização de algoritmos podem, muitas vezes, privilegiar certas culturas e linguagens e deixar outras de lado, comprometendo a diversidade cultural.

Originalidade na arte

Quando falamos de formas de arte, como música, literatura e ilustração, surge também a questão do plágio e da originalidade. A IA tem a capacidade de analisar e replicar padrões artísticos, criando obras que, em alguns casos, podem ser confundidas com as de artistas humanos. Isso levanta preocupações sobre direitos autorais e a proteção da propriedade intelectual.

Além disso, há o risco de a IA homogeneizar a arte e a cultura, já que os algoritmos tendem a replicar tendências populares já estabelecidas, reduzindo a inovação e a diversidade criativa.

Para, pelo menos, reduzir esses efeitos, é essencial promover o uso responsável da IA, incentivando o respeito à originalidade e à pluralidade cultural.

Leia também: Como criar soluções com IA para impulsionar sua empresa

Como a IA pode ser desenvolvida de forma ética?

Desenvolver a IA de forma ética exige cuidado e atenção em todas as etapas. Empresas e profissionais responsáveis pelo desenvolvimento dessa tecnologia precisam integrar a ética desde sua concepção, definindo objetivos claros e prevendo os impactos sociais que suas soluções podem causar.

Além disso, a diversidade nas equipes, com especialistas de diferentes áreas como RH, psicologia, direito e programação, é essencial para garantir que a IA seja cada vez mais justa e inclusiva. Essa diversidade deve ser observada não apenas na concepção, mas também nos resultados, avaliando como diferentes pessoas usuárias interagem com a tecnologia.

Também é fundamental mencionar a importância da criação de leis e diretrizes claras pelo governo, além de promover a cooperação internacional, para garantir o uso responsável e transparente da IA em todos os seus processos.

Por fim, educar e conscientizar a sociedade sobre os desafios éticos da IA é essencial para garantir que essa tecnologia seja utilizada para o benefício geral. Essa conscientização pode ser feita de diferentes maneiras, inclusive dentro das empresas, para serem referências aos seus colaboradores e colaboradoras do uso correto da Inteligência Artificial.

Quais medidas já estão sendo tomadas?

Apesar da demora, considerando que o chatbot Eliza foi criado nos anos 1960, a ética da IA se tornou uma pauta relevante nos dias de hoje devido ao uso massivo da Inteligência Artificial, especialmente após o lançamento do ChatGPT.

Nos últimos anos, diversas medidas foram implementadas para garantir o desenvolvimento ético e responsável da IA. Um marco importante foi a Conferência Geral da UNESCO, realizada em novembro de 2021, onde foi aprovada a Recomendação sobre a Ética da Inteligência Artificial. Este documento global é pioneiro na definição de normas para o desenvolvimento e uso da IA, visando garantir que essa tecnologia seja utilizada para o benefício da humanidade.

No Brasil, a **Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA)**, lançada em 2021, também foi criada para promover a inovação e o uso responsável da IA no país, além de garantir a criação de empregos e a solução de problemas sociais. Essa iniciativa também inclui o GovIA, que estabelece diretrizes claras para o uso seguro e ético da IA no setor público, como o Serpro, que utiliza IA em áreas como análise de fraudes e reconhecimento facial.

Mas, além das legislações, nós também podemos reforçar a ética da IA em nosso dia a dia. Se sua organização utiliza soluções com IA, por exemplo, é possível realizar ações de educação voltadas às pessoas colaboradoras, como debates internos, treinamentos e palestras.

Além disso, oferecer cursos específicos sobre IA ajuda não só a conscientizar, mas também a capacitar as pessoas a utilizarem a tecnologia de forma mais eficiente e ética — e tudo isso você pode fazer em parceria com a Alura + FIAP Para Empresas.

A partir de cursos, imersões e jornadas de aprendizado focadas em IA, sua empresa pode preparar as pessoas colaboradoras para utilizarem as ferramentas de forma ainda mais ética, estratégica e focada em resultados. Entre em contato conosco e tenha todas as informações!

Leia também: IA para vendas: como aumentar os resultados da sua empresa?

Athena Bastos
Athena Bastos

Supervisora de Conteúdo da Alura Para Empresas. Bacharela e Mestra em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Pós-graduanda em Branding: gestão estratégica de marcas pela Universidade Castelo Branco - UCB. Escreve para blogs desde 2008 e atua com marketing digital desde 2018.

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