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Apesar de parecer um assunto atual, a igualdade no ambiente de trabalho vem sendo discutida há bastante tempo. Diversos estudos falam sobre a justiça organizacional, que começou com a teoria de equidade de Adams, em 1965.
Desde então, discute-se a ideia de que ela é essencial para o bom funcionamento de uma organização e para a satisfação individual das pessoas profissionais.
Entre seus pilares, estão a igualdade de gênero, a equidade na distribuição de cargos e salários e o julgamento justo e sem juízo de valor nos processos de recrutamento e seleção e avaliações de desempenho.
Neste cenário, surge o conceito de efeito horn, um viés cognitivo que pode impactar de diversas formas a justiça organizacional nas empresas. Um dos primeiros passos para evitá-lo é buscar informação.
Por isso, o objetivo deste artigo é desmistificar a dinâmica entre avaliação de desempenho, efeito halo e horn, trazendo os conceitos principais, as diferenças, os impactos e como evitá-los. Acompanhe!
O que é efeito horn?
O efeito horn é um viés cognitivo que ocorre quando uma característica negativa percebida em uma pessoa ou situação influencia negativamente a percepção geral sobre ela.
Ele pode impactar decisões e julgamentos de maneira significativa, muitas vezes sem percebermos sua influência.
Voltando um pouco ao conceito, um viés cognitivo é um atalho mental ou padrão de pensamento usado pelo nosso cérebro para processar informações e tomar decisões de forma mais rápida e eficiente.
No entanto, esses atalhos nem sempre são precisos e podem levar a erros de julgamento, distorcendo a realidade, como o efeito horn.
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Por exemplo, imagine que você está assistindo a uma apresentação e o apresentador ou apresentadora comete um erro no início.
O efeito horn pode levar você a subestimar todo o conteúdo da apresentação, mesmo que o restante seja relevante e bem fundamentado.
No ambiente de trabalho, uma pessoa conhecida por atrasar prazos pode ser injustamente avaliada como menos competente em outras áreas, independentemente de suas habilidades reais.
Efeito horn: o que significa o termo?
O termo “efeito horn” é uma adaptação do termo em inglês “horn effect”, que pode ser traduzido para o português como “efeito chifre”. Ele está associado à metáfora do “chifre” (horn), como algo ruim, e auréola ou “halo” (halo effect), que denota algo positivo.
Efeito halo e horn: diferenças e semelhanças
Efeito halo e efeito horn são fenômenos psicológicos que influenciam a maneira como percebemos as outras pessoas, mas apresentam diferenças fundamentais e também algumas semelhanças.
O efeito halo refere-se à tendência de formar uma impressão positiva geral sobre uma pessoa com base em uma única boa característica.
Por exemplo, se alguém é atraente, podemos automaticamente presumir que também é competente ou amigável.
Esse efeito é frequentemente observado em ambientes de trabalho e marketing, onde uma qualidade pode influenciar a percepção global de um produto ou pessoa.
Já o efeito de horn é o oposto do efeito halo, por causar um efeito que leva a uma impressão negativa geral baseada em uma característica percebida como ruim.
Por exemplo, se uma pessoa funcionária comete um erro, ela pode ser julgada como incompetente em todas as suas outras tarefas.
Este viés pode impactar decisões em processos de contratação e avaliações de desempenho.
A principal semelhança entre eles, é que ambos os efeitos envolvem julgamentos rápidos e generalizações baseadas em informações limitadas. Eles ilustram como nossas percepções podem ser distorcidas por vieses inconscientes, afetando decisões pessoais e profissionais.
Já a principal diferença está na direção da percepção: enquanto o efeito halo promove julgamentos positivos generalizados, o efeito horn gera percepções negativas.
O primeiro pode resultar em favoritismo injusto, enquanto o segundo pode levar à discriminação ou desvalorização.
Efeito horn e avaliação de desempenho: qual a relação?
O efeito horn pode distorcer significativamente as avaliações de desempenho nas empresas. Esse viés pode levar a julgamentos injustos e gerar impactos negativos significativos para a equipe e a empresa.
Para a equipe, o efeito horn pode criar um ambiente de ressentimento, desmotivação e falta de engajamento.
Colaboradores e colaboradoras que percebem injustiças podem sentir-se desvalorizados, levando à diminuição da produtividade e aumento da rotatividade.
Já para a empresa, avaliações enviesadas resultam em decisões gerenciais equivocadas, como promoções inadequadas ou demissões injustas.
Isso não somente prejudica o desenvolvimento organizacional, mas também afeta a reputação interna e externa da empresa.
Um dos mecanismos psicológicos subjacentes é o viés de confirmação, onde as pessoas avaliadoras buscam informações que confirmem suas percepções negativas iniciais.
Além disso, o efeito de ancoragem pode fazer com que uma impressão inicial negativa tenha um peso desproporcional nas avaliações subsequentes.
Por exemplo, uma pessoa colaboradora que cometeu um erro em um projeto importante pode ser continuamente subestimada em suas avaliações futuras, apesar de melhorias significativas no desempenho.
Reconhecer essa dinâmica é essencial para garantir avaliações justas e precisas.
Quais os impactos do efeito horn nas empresas?
O efeito horn pode ter consequências significativas para as empresas, afetando negativamente diversas áreas, desde a gestão de pessoas até a percepção da marca no mercado. Entenda melhor a seguir.
1. Impactos na gestão de pessoas
O efeito horn é particularmente prejudicial nos processos de recursos humanos, uma vez que pode distorcer avaliações e decisões relacionadas às pessoas colaboradoras.
Avaliações de desempenho injustas
Como vimos, um gestor ou gestora pode ter uma impressão negativa de uma pessoa colaboradora por conta de um erro pontual, um traço de personalidade, um perfil comportamental que o(a) incomode ou até um incidente recente.
Essa única característica pode influenciar toda a avaliação, fazendo com que a pessoa seja percebida como incompetente ou problemática em outras áreas onde, na verdade, ela se destaca. Isso leva a feedbacks imprecisos, desmotivação e, em casos extremos, à perda de talentos valiosos.
Contratação e seleção enviesadas
Pessoas recrutadoras podem descartar candidatos ou candidatas altamente qualificadas devido a uma primeira impressão negativa, por exemplo, um nervosismo aparente na entrevista, um atraso mínimo ou até mesmo uma escolha de vestuário que não agrada.
Esse viés aumenta o risco da empresa contratar pessoas menos alinhadas à vaga, ou de perder profissionais que seriam ideais, prejudicando a qualidade da equipe.
Tomada de decisão errada sobre promoções e carreiras
Um funcionário ou funcionária pode ter sua promoção negada, ou ter seu desenvolvimento de carreira estagnado devido a uma percepção negativa infundada.
Isso não só desvaloriza o(a) profissional, mas também impede a empresa de aproveitar o potencial de seus colaboradores e colaboradoras, e de preencher lacunas de liderança com as pessoas certas.
Conflitos e desmotivação da equipe
Quando um viés como o efeito horn influencia avaliações e decisões, a equipe pode perceber favoritismos ou injustiças. Isso gera um clima organizacional negativo, com conflitos, baixa moral, falta de engajamento e, consequentemente, queda na produtividade.
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2. Impactos na reputação e marca da empresa
O efeito horn também pode ir além das fronteiras internas e afetar a percepção da empresa no mercado, causando reflexos que mencionamos abaixo.
Dano à reputação da marca
Se um produto ou serviço da empresa tiver um problema grave, ou for associado a um escândalo (por exemplo, questões éticas ou recalls), essa falha isolada pode manchar a percepção de toda a marca.
As pessoas consumidoras podem generalizar a negatividade para todos os outros produtos ou para a cultura da empresa, mesmo que não haja relação direta.
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Perda de confiança das pessoas consumidoras
Uma experiência negativa ou uma notícia desfavorável pode fazer com que os consumidores e consumidoras percam a confiança na empresa.
Essa desconfiança, alimentada pelo efeito horn, pode levar à redução de vendas e à dificuldade em atrair novos(as) clientes.
Dificuldade em atrair talentos externos
Uma reputação corporativa negativa, impulsionada por percepções enviesadas (como um histórico de demissões injustas ou avaliações na internet de pessoas colaboradoras insatisfeitas), pode dificultar a atração de profissionais com qualificação para trabalhar na empresa. Talentos buscam empresas com boa reputação e cultura positiva.
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Desvalorização no mercado
Para empresas de capital aberto, problemas de reputação decorrentes do efeito horn podem levar à desvalorização das ações, já que investidores tendem a ser avessos a riscos percebidos.
3. Consequências estratégicas
Além dos impactos na gestão de pessoas e na reputação da empresa, como visto nos tópicos anteriores, o efeito horn também traz consequências para a execução da estratégia de negócios e, consequentemente, para o desempenho geral da organização.
Em um nível mais amplo, ele compromete a capacidade da empresa de atingir seus objetivos estratégicos a longo prazo. Entenda melhor a seguir.
Decisões estratégicas medianas
Lideranças que operam sob o efeito horn podem tomar decisões importantes baseadas em informações incompletas ou distorcidas.
Por exemplo, podem desistir de um projeto promissor devido a um revés inicial, ou não investir em uma pessoa funcionária com grande potencial por um pequeno erro.
Baixa inovação e crescimento
Se a empresa não consegue reconhecer o verdadeiro valor e potencial de seus colaboradores e colaboradoras, e projetos, a inovação e o crescimento podem ser sufocados.
O foco excessivo no negativo pode gerar um ambiente de aversão ao risco, onde novas ideias não são bem-vindas por medo de falhas.
Perda de competitividade
Empresas que falham em gerenciar o efeito horn em suas operações e em sua imagem podem perder terreno para concorrentes percebidos de forma mais positiva e justa, tanto por funcionários e funcionárias, quanto por clientes.
Como minimizar esses impactos?
Lidar com o efeito horn nas empresas exige uma abordagem consciente e uma estratégia pautada em alguns passos importantes.
- Pratique a autoconsciência: o primeiro passo é reconhecer os próprios preconceitos e entender que todas as pessoas têm vieses, incluindo a tendência de focar no negativo. Questionar suas primeiras impressões e refletir sobre seus padrões de pensamento ajuda a identificar quando o efeito horn pode estar agindo.
- Avalie de forma objetiva e multidimensional: não se baseie em intuição. Foque em fatos concretos, dados e múltiplos aspectos ao avaliar pessoas ou situações. Analise resultados, diferentes perspectivas e informações verificáveis, evitando fixar-se em um único ponto negativo.
- Busque evidências contraditórias: se uma impressão negativa surgir, procure ativamente informações que a desafiem. Pergunte-se sobre os pontos fortes e as qualidades que podem estar sendo ignoradas, buscando um equilíbrio no seu julgamento.
- Aplique feedbacks estruturados: em ambientes profissionais, use sistemas de avaliação formais que minimizem vieses, como o feedback 360 graus. Utilize critérios claros e objetivos, e evite perguntas subjetivas para garantir avaliações mais justas.
- Promova treinamentos e ações de conscientização: ofereça treinamentos sobre vieses cognitivos (incluindo o efeito horn e halo) para líderes e equipes. Educar sobre como esses vieses funcionam e se manifestam ajuda a criar uma cultura de avaliação mais justa e consciente.
- Desenvolva a empatia: tente entender a perspectiva das outras pessoas. Colocar-se no lugar da pessoa ou considerar as circunstâncias ajuda a ver além de um único defeito percebido, promovendo uma avaliação mais justa e precisa.
- Invista em uma boa estratégia de comunicação: se sua imagem ou marca foi afetada pelo efeito horn, use uma comunicação transparente e proativa. Reconheça o problema, mostre um plano de correção e reforce consistentemente suas qualidades e valores positivos para reequilibrar a percepção.
É essencial refletir sobre a importância de processos de avaliação mais justos e imparciais nas empresas. Neste cenário, investir em treinamentos para lideranças pode ajudar a minimizar o impacto do efeito horn, promovendo um ambiente de trabalho mais equitativo e produtivo.
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