Django: o que é, para que serve e um Guia desse framework Python

Django: o que é, para que serve e um Guia desse framework Python

Introdução

Na atualidade, o crescente número de pessoas conectadas à internet tornou o desenvolvimento de soluções escaláveis e seguras uma prioridade em diversos setores da indústria de tecnologia. Isso acontece à medida que as pessoas passam a depender cada vez mais de serviços da web, como plataformas de redes sociais, streaming, e-commerce, jogos online, educação, IoT e uma variedade de outros serviços para atender às suas necessidades diárias e momentos de lazer.

Essa tendência tem se tornado o foco no mundo do desenvolvimento de software. Nas maiores empresas de tecnologia, é muito comum precisar de aplicações que atendam a essas demandas, uma vez que a experiência do usuário e a disponibilidade constante são fatores críticos para o sucesso e a satisfação dos clientes.

Para facilitar o processo de criação de soluções web, começaram a surgir frameworks que abstraem a maioria dos processos árduos e repetitivos de configuração do ambiente de desenvolvimento, como gerenciamento de Banco de Dados, configuração de roteamento de URLs, configurações de autenticação e autorização, dentre outras.

Dessa forma, as principais linguagens do mercado passaram a contar com seus respectivos frameworks e bibliotecas para o desenvolvimento web. Java, por exemplo, recebeu o Spring, enquanto o JavaScript adotou o Node.js, entre outros.

Python também trilhou um caminho semelhante e ganhou grande popularidade ao receber um poderoso framework voltado para o desenvolvimento web: o Django.

É essencial explorar e compreender essas ferramentas para se destacar no cenário do desenvolvimento de software contemporâneo, assim como entender suas principais características, em que podemos utilizá-las e como podemos trabalhar com elas. Então, vamos conhecer mais sobre Django e como esse framework nos ajuda no dia a dia?

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O que é o Django

Logo do Django na cor verde

O Django é um framework web Python de código aberto, que se destaca por oferecer um ambiente que simplifica a criação de soluções web escaláveis, ao mesmo tempo, em que promove o desenvolvimento rápido e um design limpo, proporcionando ferramentas robustas e eficientes para pessoas desenvolvedoras.

Sendo uma das linguagens mais populares atualmente, Python têm se destacado devido à sua sintaxe enxuta e simples, robustez e versatilidade. Amplamente adotada para o desenvolvimento de modelos de machine learning, inteligência artificial e análise de dados, a linguagem também é utilizada para desenvolvimento de sistemas Web.

No entanto, no momento da escolha das tecnologias que serão utilizadas em um novo projeto, frequentemente surge a dúvida: "Por que utilizar Python no desenvolvimento Web?”

Gif de um homem branco com barba baixa e bigode, olhos castanhos e cabelos castanhos pequenos. Ele está vestindo uma blusa de manga longa cinza-claro e ao seu fundo tem uma parede de vidro em que uma pessoa passa no início do gif. O homem está mexendo os dedos e digitando no teclado enquanto olha de um lado para outro da tela. O reflexo da tela aparece em seu rosto mostrando várias linhas de código. O gif dá um zoom em seu rosto no final.

A linguagem Python é reconhecida por sua simplicidade e flexibilidade, o que a torna atraente para pessoas desenvolvedoras em todos os estágios, desde iniciantes até as mais experientes. A decisão de adotar Python como base para plataformas de backend, está fortemente ligada ao surgimento do framework Django. Este último fator desempenhou um papel crucial ao influenciar essa escolha.

Voltado para a linguagem Python, o Django surgiu com a ideia de fornecer uma estrutura robusta com recursos para facilitar o processo de desenvolvimento para Web, dispensando a necessidade de reinventar a roda, ou seja, reescrever códigos comuns a todos os projetos web em Python.

O Framework disponibiliza, portanto, uma estrutura pré-configurada e bibliotecas com código pronto, que automatizam a maior parte dos trabalhos repetitivos. Assim, as pessoas responsáveis pelo desenvolvimento de aplicações Web em Python podem focar no produto desenvolvido, sem ter muitas preocupações com configurações de ambiente e escrita de códigos comuns.

Com isso, Python passou a ser mais adotado dentro do desenvolvimento web, e tornou-se competitiva em relação a outras linguagens que já possuíam frameworks robustos, como o JavaScript, C# e Java, por exemplo.

O que é um framework

Desenvolver aplicações exige da pessoa desenvolvedora a realização do mesmo conjunto de tarefas, sejam elas de configuração de infraestrutura do servidor, conectividade da solução com um banco de dados, ou até mesmo definição de tarefas e scripts comuns em diversas aplicações.

Ao longo do processo de desenvolvimento, é bem comum passarmos por momentos de reflexão com questões como: “será que não há um jeito mais fácil de fazer isso?”, ou “será que isso já não está pronto para uso em algum lugar na internet?”.

Foi justamente a partir desses questionamentos que surgiram os frameworks, que são ferramentas que fornecem estruturas prontas para poupar o trabalho da pessoa desenvolvedora de ter que desenvolver algo comum do zero.

Vamos pensar no caso de um site de notícias, como na imagem abaixo. Imagine só ter que realizar um conjunto de ações de configuração para cada postagem, definindo seu modo de exibição na página web. Seria uma tarefa repetitiva para cada nova notícia, não é mesmo!?

Print do site de notícias Yahoo, com notícias em destaque listadas ao centro da tela.

Os frameworks desempenham um papel crucial nesse cenário, uma vez que oferecem soluções prontas para a maior parte das tarefas repetitivas que costumavam exigir execução manual.

Para entender melhor sobre o que é um framework e quais são os principais frameworks do mercado, confira o artigo: O que é um framework?

Como surgiu o Django?

É importante entender melhor o surgimento do Django, para compreender as raízes e o contexto que deram origem a uma das estruturas de desenvolvimento web mais influentes e poderosas dos nossos tempos.

O Django surgiu em um contexto de busca de uma alternativa ao desenvolvimento Web para a linguagem Python.

Mas, quem criou o Django? Ele foi desenvolvido em 2003 pela empresa Lawrence Journal World. No entanto, o framework foi liberado publicamente apenas em 2005, dentro da licença BSD (Berkeley Software Distribution).

A partir disso, o Python passou a ser mais adotado dentro do desenvolvimento de aplicações server-side (o famoso “Back-end”), como desenvolvimento web, criação de serviços online e processamento de dados, devido à sua simplicidade e facilidades trazidas pelo framework.

Atualmente, o Django é mantido pela Django Software Foundation e se encontra em sua versão 4.2.4, com suporte a longo prazo.

Pra que serve o Django?

O Django é um framework que fornece um conjunto abrangente de ferramentas e componentes pré-construídos que simplifica e acelera a criação de aplicações web robustas, escaláveis e seguras.

Dadas suas características e facilidade de aplicação, este framework pode ser empregado em diversos contextos. Podemos citar alguns exemplos mais conhecidos de utilização, tais como:

  • Criação de sites e aplicações web: tendo sido projetado especificamente para essa finalidade, com o Django é possível desenvolver desde simples sites informativos até sistemas complexos e interativos;

  • Plataformas de redes sociais: diversas funcionalidades de redes sociais, como os perfis de usuários, feeds de notícias e interações, podem ser implementadas com o Django. Alguns exemplos bastante conhecidos são o Instagram e o Pinterest;

  • Sistemas de gerenciamento interno: diversas empresas utilizam o Django para criar ferramentas internas, como painéis de controles internos, sistemas de gerenciamento de projetos, sistemas de rastreamento de logs, entre outras funcionalidades;

  • Aplicações e-commerce: é possível utilizar o Django para construir plataformas robustas tendo em vista sua capacidade de gerenciar produtos, carrinhos de compras, pagamentos e outros aspectos presentes em um comércio eletrônico;

  • Aplicações backend para aplicativos mobile: é possível utilizar o Django para desenvolver APIs que fornecem as funcionalidades backend para aplicativos Mobile.

  • Construção de APIs: embora o Django seja mais comumente utilizado para a criação de sites e aplicações web, ele também fornece todas as ferramentas necessárias para criar APIs.

Dentre outras diversas possibilidades, o Django simplifica o processo de desenvolvimento web, permitindo que as pessoas desenvolvedoras foquem na criação de funcionalidades de acordo com seu contexto específico.

Além disso, o Django foi concebido como um framework extensível, permitindo a integração de bibliotecas de terceiros para estender suas funcionalidades. Essas bibliotecas são utilizadas como um complemento ao framework e, muitas delas, são bastante populares e difundidas na comunidade, como é o caso da Django REST Framework (DRF), amplamente utilizada na construção de APIs.

Django e API

O que é o Django REST Framework e qual sua relação com APIs?

Embora seja possível criar APIs usando apenas o Django, o Django REST Framework foi especialmente concebido para simplificar o desenvolvimento de APIs RESTful, oferecendo recursos e ferramentas dedicadas a esse propósito. Portanto, é comum a recomendação de sua utilização ao construir APIs em projetos Django.

Podemos listar aqui algumas motivações práticas pelas quais sua utilização é indicada:

  • Autenticação e autorização: o Django REST oferece autenticação e autorização integradas para controlar o acesso à API, podendo facilmente ser configurado diferentes métodos de autenticação, como o OAuth, token, JWT, entre outros;

  • Serialização simplificada: a criação e o consumo de dados da API são muito mais eficientes, devido a um poderoso sistema de serialização que permite converter objetos complexos, como models do Django, em formatos como JSON, XML, entre outros;

  • Documentação automática: o Django REST gera automaticamente uma documentação interativa para sua API, tornando mais fácil a interação entre pessoas devs e terceiras;

  • Views e Endpoints predefinidos: as operações de CRUD (Create, Read, Update e Delete) apresentam views predefinidas, o que facilita a criação de endpoints para a API;

  • Validação de entrada: com uma validação de entrada integrada no Django REST, há uma camada adicional de segurança para garantir que os dados inseridos sejam válidos e consistentes.

Além disso, o Django REST Framework é altamente configurável e oferece uma grande variedade de funcionalidades embutidas e recursos prontos, sendo uma opção flexível e extensível. Ele consegue abstrair muitos detalhes complexos e comuns associados ao desenvolvimento de APIs RESTful no Django, o que facilita bastante o processo de construção de um projeto.

Você pode aprender um pouco mais sobre as diferenças entre o Django e o Django Rest no artigo sobre diferenças e aplicações deles.

Quais empresas usam Django?

Sites desenvolvidos com Django são bastante estáveis, sendo capazes de suportar picos de tráfego de 50 mil acessos por segundo. Isso o torna uma escolha atraente para empresas que desejam utilizar uma solução tecnológica robusta por vários anos.

Agora, se pensarmos em sua aplicação no mercado, surgem perguntas como: “Onde Django é usado?” ou “Quais empresas de fato utilizam o Django como parte de suas tecnologias?”. Bem, a resposta é: “Várias. O Django faz parte de muitos sistemas que usamos no cotidiano!”.

Podemos citar aqui, uma lista de exemplos de empresas conhecidas que o adotam como solução:

  • Disqus: o sistema de comentários Disqus é construído inteiramente com o Django;

  • Instagram: uma das maiores redes sociais do mundo, utilizou o Django principalmente em suas primeiras versões para construir sua plataforma web, como a interface do usuário, a gestão de contas e a exibição de fotos;

  • Mozilla: a organização por trás do Firefox utilizou o Django para desenvolver sites, portais e plataformas internas;

  • Pinterest: uma das maiores plataformas de compartilhamento de imagens, usou o Django para construir partes de sua plataforma, como interação do usuário, funcionalidades de busca e gerenciamento de conta.

Outras empresas, como a NASA, o Spotify e Dropbox, também já fizeram o uso do Django para implementar algumas de suas funcionalidades.

Principais características do Django

Imagine uma empresa que deseja criar um sistema de gerenciamento de pedidos online para seu restaurante. Eles precisam de um aplicativo que: habilite clientes a fazer pedidos, visualizar os menus e processar pagamentos, e permita aos funcionários e funcionárias acompanhar as ordens em tempo real.

Sem um framework, as pessoas desenvolvedoras teriam que começar do zero, configurando manualmente o servidor web, o banco de dados, a autenticação do usuário e a estrutura de diretórios.

Teria ainda que lidar com a escrita de rotas para cada página, criar formulários para entrada de dados, definir modelos de banco de dados e configurar a interface de administração. Não seria nada fácil, não é mesmo?

É por isso que o Django é tão utilizado e amado pelas pessoas desenvolvedoras, pois ele facilita muito a sua vida!

Gif animado com um homem e uma mulher se abraçando. O homem está de frente, tem pele clara e cabelo loiro comprido, e veste uma camisa xadrez. A mulher está de costas, é loira e tem cabelos compridos, veste um casaco verde-escuro

Mas, voltando ao assunto: o Django é projetado para tornar o desenvolvimento web mais produtivo e focado na lógica de negócios, reduzindo a complexidade da infraestrutura e permitindo a construção de aplicações com rapidez e confiança. Algumas das características responsáveis por manter o framework tão popular são:

Arquitetura MVT

Sendo uma abordagem diferente da tradicional, a arquitetura é dividida em Model, View e Template, representando, respectivamente, a lógica de negócios, a lógica de exibição e a renderização da interface do usuário. Essa estrutura facilita a criação de aplicações, promovendo a separação das atividades e reutilização de partes do código.

Segurança

O Django é um framework que se preocupa bastante com segurança e fornece recursos para prevenir ameaças e incluir proteções como validação automática de formulários, gerenciamento de autenticação, entre outros serviços.

Mapeamento ORM

Ao utilizar o mapeamento “Objeto-Relacional”, ele permite que as pessoas desenvolvedoras interajam com o banco de dados usando classes e objetos em Python, sem precisar escrever diretamente para o SQL. Isso simplifica o acesso de dados e ajuda a evitar problemas de segurança ao mesmo tempo que melhora a legibilidade do código.

Interface de administração

O Django disponibiliza um painel administrativo pronto para uso, o que facilita o gerenciamento de dados da aplicação. Esse painel é automaticamente gerado com base nos modelos definidos no projeto, e permite que as pessoas administradoras realizem operações CRUD, sem a necessidade de desenvolver uma interface personalizada do zero. Isso facilita a manutenção e torna a experiência de quem administra mais agradável, além de diminuir o tempo de trabalho.

Mapeamento de URL e URLs amigáveis

O Django permite associar URLs específicas às views correspondentes nas aplicações, através do mapeamento de URL. Isso fornece uma maneira mais organizada de direcionar as solicitações do usuário para as partes apropriadas do código. Além disso, o Django facilita a criação de URLs limpas, estruturadas de forma semântica e amigável ao usuário, melhorando a experiência e otimizando os mecanismos de busca.

Sistemas de template

O Django fornece uma maneira poderosa e flexível de separar a lógica de apresentação do código backend, através de arquivos que definem a estrutura e o visual das páginas web. Isso permite que os desenvolvedores e desenvolvedoras criem interfaces dinâmicas sem ter que misturar código de backend com código de frontend.

O Template Engine é o mecanismo que realiza o processamento dos arquivos de template, tornando o conteúdo dinâmico. Ele permite a inclusão de lógica simples, como loops e condicionais, diretamente nos templates, sem exigir linguagens de programação complexas, simplificando a criação de layouts mais elaborados.

Sistemas de cache e caching

É possível armazenar temporariamente dados acessados com frequência em uma área de memória de alta velocidade para acelerar o acesso subsequente. Isso melhora o desempenho da aplicação, reduzindo a carga sobre o banco de dados e os recursos do servidor.

O caching pode ser aplicado em vários níveis, desde o cache de página inteira até o cache de fragmentos de página ou de consultas de banco de dados específicas.

Internacionalização

As aplicações criadas podem ser facilmente adaptadas para suportar múltiplos idiomas e regiões. Com a internacionalização, mensagens e textos exibidos na interface do usuário podem ser traduzidos e ajustados de acordo com a preferência das pessoas usuárias.

O Django oferece ferramentas para identificar, extrair e traduzir strings de texto, bem como para ajustar formatos de data, hora e números para diferentes localizações. Isso possibilita a criação de aplicações verdadeiramente globais e acessíveis a públicos diversos.

Apresentamos apenas algumas das principais características que tornam o Django um framework mais atrativo para pessoas desenvolvedoras. Agora que já compreendemos isso, vem a pergunta: como é que esse framework funciona?

Como funciona o Django

Uma das características que mais se destacam no Django é sua arquitetura de design, que utiliza a MVT (Model-View-Template). Essa abordagem é uma variação do tradicional padrão MVC (Model-View-Controller), amplamente adotada em diversos frameworks e sistemas, como Spring, ASP.NET, Express.js, entre outros.

A adoção da arquitetura MVT pelo Django oferece muitos benefícios às pessoas desenvolvedoras. Cada benefício desempenha um papel fundamental no processo de criação de aplicações de forma organizada, robusta e eficiente, o que torna o código mais modular, facilitando a colaboração em equipe e a reutilização de componentes em diferentes partes do projeto.

Componentes da arquitetura MVT

O padrão MVT divide o desenvolvimento web em três componentes principais: Model (Modelo), View (Visão) e Template (Template). Entenda melhor a seguir cada um deles.

Model

É responsável por representar a estrutura e a lógica de dados da aplicação. Ele define como os dados serão acessados, manipulados e armazenados, assim como faz a interação com o banco de dados.

O Django utiliza o ORM (Object-Relational Mapping), que permite que você utilize classes e objetos no Python para mapear as tabelas do banco de dados, fazendo a criação, consulta, atualização e exclusão de dados com mais segurança e facilidade.

Isso permite que você trabalhe com banco de dados relacionais sem ter a necessidade de lidar com SQL diretamente. Além disso, você pode trabalhar com vários sistemas de gerenciamento de banco de dados relacionais utilizando a mesma sintaxe e API.

A seguir podemos ver um exemplo de um modelo de um Livro para ser feito no banco de dados:

from django.db import models
class Livro(models.Model):
    nome = models.CharField(max_length=100)
    preco = models.DecimalField(max_digits=8, decimal_places=2)
    descricao = models.TextField()
    def __str__(self):
        return self.nome

O modelo “Livro” define três instâncias da classe, denominadas de: nome, preço e descrição. Cada campo tem sua definição como “CharField” para texto curto, “DecimalField” para números decimais e “TextField” para textos longos. É possível ainda definir métodos dentro desse modelo.

Como podemos verificar no código acima, cada classe de modelo representa uma tabela no banco de dados e define os campos e métodos relacionados a essa tabela. Os campos da classe de modelo correspondem às colunas da tabela no banco de dados, enquanto as instâncias da classe representam linhas da tabela no banco de dados,

View

É responsável por processar as solicitações HTTP do usuário e retornar as respostas desse processamento. As views são funções e classes que lidam com a lógica de negócios da aplicação, sendo projetadas para serem reutilizáveis e utilizadas em diferentes aplicações de um mesmo projeto.

As views recebem as solicitações do usuário e consultam ou manipulam os dados nos modelos para retornar uma resposta HTTP adequada à solicitação, como uma página HTML, um arquivo JSON, um arquivo de imagem, dentre outros diversos formatos.

Dando prosseguimento ao projeto dos Livros, o código referente às views teria o seguinte formato:

from django.shortcuts import render
from .models import Livro
def lista_de_livros(request):
    livros = Livro.objects.all()
    return render(request, 'loja/lista_de_livros.html', {'livros': livros})

O arquivo de views.py contém então, as funções de view que controlam o processamento da lógica de apresentação. Nesse exemplo, a função lista_de_livro() obtém todos os livros do banco de dados usando Livro.objects.all(). Ela então usa a função render() para renderizar um template HTML e passa os livros como contexto para serem usados no template.

Template

Como o próprio nome indica, é responsável pela apresentação e pela renderização dos dados para o usuário. Eles são arquivos que contêm um código HTML com marcações especiais do Django, que permitem que você insira dinamicamente os dados dos modelos e crie páginas dinâmicas e interativas.

Para o exemplo anterior, podemos verificar um template do estilo abaixo:

<!DOCTYPE html>
<html>
<head>
    <title>Lista de Livros</title>
</head>
<body>
    <h1>Lista de Livros</h1>
    <ul>
        {% for livro in livros %}
            <li>
                <h2>{{ livros.nome }}</h2>
                <p>Preço: R$ {{ livros.preco }}</p>
                <p>{{ livros.descricao }}</p>
            </li>
        {% endfor %}
    </ul>
</body>
</html>

Usamos a linguagem de template do Django, delimitada por {% ... %} para expressões de lógica e {{ ... }} para variáveis, para inserir a lógica de apresentação. Esse template base teria o seguinte formato no nosso navegador:

Print de uma tela de navegador do google chrome na cor branca. Uma aba escrita “Lista de Livros” está aberta e a url apresentada é “127.0.0.1:8000/lista_de_livros/”. A página aberta apresenta uma tela branca e a frase “Lista de Livros” escrita em preto.

Agora que sabemos quais são as funcionalidades desses três componentes no Django, podemos analisar como funciona a interação entre eles.

Interação entre os componentes no Django

A interação começa quando o usuário ou usuária faz uma requisição HTTP através do navegador. Essa requisição é enviada para a URL, que mapeia a URL para a View correspondente.

A View então processa essa requisição, interagindo com o Model, conforme necessário, para obter ou modificar dados no banco. A View também poderá realizar operações adicionais, como autenticações ou validações.

O Model interage com o banco de dados por meio do ORM e executa operações de consulta, atualização, criação ou exclusão de dados no banco de dados. Ele então retorna os dados para as Views que envia para o Template, que insere esses dados no código HTML, enviando para a View uma página HTML renderizada como resposta.

A View envia a resposta final para o navegador e o usuário recebe a resposta da aplicação, que é a página HTML com os dados dinâmicos. Essa interação pode ser observada através do diagrama disponibilizado na imagem a seguir:

A imagem apresenta um fundo verde-escuro e uma iluminação verde-claro no canto inferior esquerdo. No canto superior esquerdo aparece uma legenda com duas setas. A primeira seta é verde-claro e está direcionada a um texto da mesma cor que está escrito “request (pedido)”. Logo abaixo, temos a segunda seta em branco que está apontando para um texto em branco escrito “response (resposta)”. No canto superior direito temos a logo da Alura. No meio da imagem podemos ver um diagrama composto pelo quadro da URL tendo um seta branca indo para o quadro de user (usuário), que se encontra à direita dele, e uma seta verde indo de user para URL. Temos também uma seta verde indo do quadro de URL para o quadro abaixo dele, o de View (visualização), e também a seta branca indo do quadro de View para a URL. Ainda no quadro de View, temos duas setas ligando ao quadro de template a sua esquerda, uma verde saindo do quadro e a outra branca entrando. Ainda temos a seta verde saindo para o quadro abaixo de View, referente ao Model, e uma branca voltando de Model para View. E para finalizar, temos uma seta verde indo de Model para o quadro ao seu lado direito, referente ao banco de dados, e uma seta branca saindo do quadro do banco de dados para o Model.

Há situações em que você pode também criar views e templates que não precisam interagir diretamente com o model, como páginas estáticas ou páginas de informações e erros personalizadas.

Vantagens do Django

Trabalhar com um framework no desenvolvimento de aplicações web pode oferecer uma série de vantagens e desvantagens que impactam diretamente a eficiência, a qualidade e a experiência da pessoa desenvolvedora. Saber essas informações sobre o framework escolhido, é essencial para verificar pontos de produtividade, escalabilidade, segurança e manutenção.

Além das características que já analisamos anteriormente, trabalhar com o Django oferece uma série de vantagens, dentre as quais podemos destacar:

É um framework completo

O Django abrange todos os aspectos do desenvolvimento web, desde a criação de bancos de dados até a interface do usuário. Ele oferece um conjunto abrangente de ferramentas e bibliotecas para que pessoas desenvolvedoras construam aplicações das mais simples às mais complexas de maneira eficiente, sem a necessidade de recorrer a várias soluções externas.

É um framework versátil

Ele pode ser utilizado em diferentes tipos de projetos com requisitos bem diversificados. Sua arquitetura flexível e modular, permite que as pessoas desenvolvedoras tenham a liberdade de selecionar partes específicas do framework que melhor atendam às suas necessidades, enquanto ainda mantêm a coesão e a estrutura do projeto. Isso confere ao Django uma ampla gama de funcionalidades e possibilidades.

É um Framework seguro

Sendo a maior prioridade do Django, ele incorpora medidas de segurança robustas para proteger as aplicações contra diversas vulnerabilidades, além de oferecer recursos integrados para autenticação de usuário, controle de permissões e proteção de dados sensíveis.

É um framework escalável

As aplicações construídas em Django podem crescer de forma eficiente para lidar com cargas de trabalhos crescentes. Além de oferecer suporte para configuração de cache e otimização de consultas de bancos de dados, ele é bastante utilizado em conjunto com soluções de hospedagem em nuvem e tecnologias de escalabilidade horizontal.

É um framework sustentável

Ele incentiva uma abordagem organizada e modular, facilitando a manutenção contínua e a colaboração entre pessoas desenvolvedoras. Possui também uma comunidade ativa e documentação robusta que contribuem para a sustentabilidade de projetos Django, possibilitando que as aplicações se adequam ao longo do tempo.

É um framework flexível

Apresenta compatibilidade com vários sistemas operacionais, bancos de dados e servidores web, oferecendo uma flexibilidade na escolha das tecnologias de infraestrutura, o que permite a construção de aplicações em vários cenários diferentes.

Agora que já vimos as diversas vantagens apresentadas pelo Django, é hora de analisar o que precisamos saber para trabalhar com esse framework em um projeto.

O que é preciso para aprender Django?

Para utilizar o framework Django você precisará ter os seguintes itens instalados em sua máquina:

  • Python: como já vimos, o Django é um framework de desenvolvimento web escrito em Python. Você pode conferir como fazer a instalação no próximo tópico;

  • PIP: é o gerenciador de pacotes padrão do Python, sendo fundamental para instalação de pacotes e bibliotecas adicionais. É por meio do PIP que realizamos a instalação do Django;

  • Django: para que você consiga trabalhar com esse framework, será necessário que ele esteja instalado em sua máquina;

Pode parecer muita coisa à primeira vista, mas não se preocupe. Vamos indicar aqui como realizar cada uma dessas instalações.

Instalação do Python

A linguagem Python é distribuída sob a Licença Python de código aberto, permitindo que você utilize o Python gratuitamente. Para fazer a instalação, você pode acessar diretamente o site oficial ou seguir o passo a passo disponibilizado em nosso artigo sobre a linguagem Python. Lá você também encontrará o tutorial de instalação para diferentes sistemas operacionais, como Windows, Linux e macOS.

É importante mencionar que o Django requer o Python 3.6 ou posterior, então, certifique-se de instalar uma versão mais atualizada do Python ou verificar a FAQ: Instalação do framework para garantir que a versão selecionada do Python é suportada para a versão do Django que você pretende instalar do Django.

Instalação do PIP

Geralmente, o PIP já vem instalado junto com o Python. Contudo, é possível que ocorra algum problema em sua instalação, por isso, é sempre importante verificar se você tem o PIP instalado usando o seguinte comando no terminal ou prompt de comando:

pip --version

Caso o PIP não esteja instalado em sua máquina, você pode realizar sua instalação seguindo o tutorial da página oficial desse gerenciador ou utilizando o passo a passo a seguir:

  1. Usando o ensurepip

Ao instalar o Python, ele vem com um módulo chamado ensurepip, que oferece suporte para inicializar o instalador do PIP em uma instalação existente do Python ou em um ambiente virtual. Dentro de sua home, utilize o comando:

Para Windows:

C:> py -m ensurepip --upgrade

Para Linux:

$ python -m ensurepip --upgrade

ou

sudo apt install python3-pip

Para macOs:

$ python -m ensurepip --upgrade

2.) Utilizando o get-pip.py

Esse é um script que usa uma lógica de inicialização para instalar o PIP. Para executar esse comando, é preciso que você baixe o script e abra um terminal ou uma prompt de comando na pasta que contém o arquivo get-pip.py e, na sequência, execute o seguinte comando:

Para Windows:

C:> py get-pip.py

Para Linux:

$ python get-pip.py

Para macOs:

$ python get-pip.py

Instalação do Django

O Django é um framework de código aberto distribuído sob a Licença BSD (Berkeley Software Distribution), o que significa que você pode usá-lo sem nenhum custo.

Para garantir que o processo de instalação seja organizado e seguro, é altamente recomendado utilizar uma venv (Virtual Environment, ou Ambiente Virtual, em português). A venv é uma ferramenta Python que cria ambientes virtuais isolados, permitindo que você gerencie as dependências do seu projeto de forma independente do ambiente global do Python em sua máquina.

Usar uma venv (Virtual Environment) ao programar em Django é uma boa prática recomendada por várias razões, tais como:

  • Isolamento do ambiente: uma venv permite isolar seu ambiente de desenvolvimento do sistema operacional e de outros projetos. Isso significa que as dependências, pacotes e versões de bibliotecas instaladas em uma venv específica não afetarão outros projetos ou o sistema globalmente.

Isso é bastante útil quando você está trabalhando em vários projetos em paralelo ou quando precisa lidar com diferentes versões de bibliotecas ou pacotes, pois evita conflitos de dependências e facilita o gerenciamento dos pacotes do seu projeto.

  • Reprodutibilidade e portabilidade: ao criar uma venv, você pode documentar as dependências do seu projeto em um arquivo requirements.txt, o que permite que outras pessoas, incluindo você, reproduzam exatamente o mesmo ambiente de desenvolvimento em suas máquinas.

Isso facilita bastante o processo de colaboração em um projeto e a implantação de uma aplicação em diferentes ambientes, como servidores de produção, por exemplo. Além disso, você pode facilmente mover seu projeto para outro ambiente ou máquina. Basta copiar a venv para a nova máquina e ativar o ambiente para ter acesso a todas as dependências e configurações necessárias para o projeto.

  • *Facilidade de limpeza:** se você decidir encerrar ou excluir um projeto Django, basta excluir a venv associada a ele para remover completamente todas as dependências e arquivos relacionados ao projeto. Isso simplifica a limpeza e evita deixar resíduos indesejados no sistema.

Sendo assim, o uso de um ambiente virtual é uma prática altamente recomendada para garantir a consistência e a organização do seu ambiente de desenvolvimento. Desse modo, antes de mostrar como fazer a instalação do Django, iremos realizar a criação de uma venv.

Como criar uma venv

Para realizar essa criação, você pode seguir o passo a passo mostrado no artigo ambiente virtual em python. Lembre-se de criar uma nova pasta para o seu projeto Django e utilizar essa pasta na criação de seu ambiente, podendo colocar como nome da venv algo que esteja relacionado ao seu projeto.

Instalando o Django

Com sua venv já ativada, verifique isso observando o nome do ambiente entre parênteses na linha de comando, você pode instalar o Django utilizando o pip, como mostra o comando a seguir:

pip install django

O pip baixará e instalará a versão mais recente do Django no ambiente virtual. Para baixar uma versão específica do Django, use o comando pip seguido do nome do pacote django e da versão desejada. O formato para especificar a versão é: <nome_do_pacote>==<versão>.

Por exemplo, se você deseja instalar o Django na versão 3.2.5, execute o seguinte comando:

pip install django==3.2.5

E então, o PIP baixará e instalará a versão 3.2.5 do Django no seu ambiente Python. Uma vez concluída a instalação, você terá o Django pronto para uso. Você pode verificar se o Django foi instalado corretamente executando o seguinte comando:

python -m django --version

Isso exibirá a versão do Django instalada em sua máquina.

Como usar o Django

Antes de nos aprofundarmos nas complexidades do Django, é importante entender sua lógica e estrutura. Esta poderosa estrutura de desenvolvimento web, baseada em Python, oferece flexibilidade e eficiência. A seguir, veremos como usar o Django, desde a configuração inicial até funções mais complexas.

Criando um projeto no Django

Agora que a instalação foi concluída, você pode criar um novo projeto Django. Ainda no terminal e com a venv ativada, execute o seguinte comando:

 django-admin startproject <nome_do_projeto>.

Certifique-se de substituir nome_do_projeto pelo nome que você deseja dar ao seu projeto. Esse comando criará uma pasta com o nome escolhido, com uma estrutura de diretório inicial e alguns arquivos Python dentro dela, seguindo o seguinte formato:

.
├── <nome_do_projeto>/
    ├── __init__.py
    ├── asgi.py
    ├── settings.py
    ├── urls.py
    └── wsgi.py

Para finalizar a configuração de seu projeto, você pode alterar no arquivo settings.py, o idioma e o horário que deseja utilizar em sua aplicação, substituindo as seguintes linhas de código:

LANGUAGE_CODE = 'pt-br'
TIME_ZONE = 'America/Sao_Paulo'

Após isso, navegue para o diretório onde está o arquivo manage.py do seu projeto, e execute o seguinte comando:

 python manage.py runserver

Isso iniciará o servidor de desenvolvimento do Django e você poderá acessar o seu aplicativo web em: http://localhost:8000/ no seu navegador, ou na URL disponibilizada no seu terminal, como mostra a imagem abaixo:

A imagem é um print de um terminal com algumas informações de data e versão do Django. Em destaque com um retângulo em vermelho, temos a URL http://127.0.0.1:8000/.

Ao acessar essa URL sem realizar nenhuma alteração em sua aplicação, você terá acesso à tela padrão do Django com uma mensagem de: “A instalação foi feita com sucesso”. Além disso, serão exibidas algumas informações de notas de lançamento da versão que você está utilizando do framework e links para documentação, tutoriais e comunidade do Django, como mostrado na imagem a seguir:

Print de uma tela de navegador do Google Chrome na cor branca. A tela padrão do Django com um foguete verde-claro com uma mensagem de: “A instalação foi feita com sucesso” e um texto logo abaixo. Na parte inferior, temos algumas informações de notas de lançamento da versão que você está utilizando do framework e links para documentação, tutoriais e comunidade do Django.

Para encerrar esse servidor Django e voltar para seu terminal, basta utilizar o atalho ctrl + C. Dessa maneira, você concluiu o primeiro passo para construção de um projeto utilizando o Django. Agora você pode realizar as alterações que desejar e iniciar os trabalhos em sua aplicação!

Criando sua aplicação

Com seu projeto em Django criado com sucesso, o próximo passo fundamental é a criação da aplicação. A estrutura modular do Django permite que você divida seu projeto em pequenas partes funcionais chamadas de “aplicativos”. Essa abordagem organizada facilita o desenvolvimento e a manutenção do projeto, tornando-o altamente escalável.

Para criar um aplicativo, basta você navegar pela pasta modular de seu projeto:

cd <nome_do_projeto>

E execute o seguinte comando para criar um novo aplicativo:

python manage.py startapp <nome_do_aplicativo>

Lembre-se de substituir o <nome_do_aplicativo> pelo nome desejado de seu app. Esse processo criará uma pasta com o nome de seu aplicativo, uma estrutura de diretório inicial e alguns arquivos Python dentro dela, no mesmo diretório que a pasta de seu projeto, como mostrado a seguir:

.
├── <nome_do_aplicativo>/
│   ├── __init__.py
│   ├── admin.py
│   ├── apps.py
│   ├── migrations/
│   │   └── __init__.py
│   ├── models.py
│   ├── tests.py
│   └── views.py
└── <nome_do_projeto>/
    ├── __init__.py
    ├── asgi.py
    ├── settings.py
    ├── urls.py
    └── wsgi.py

É importante destacar que a estrutura de diretório inicial pode variar de acordo com os aplicativos e módulos adicionais que você criar em seu projeto. Essa é a estrutura básica de um projeto Django. Você pode adicionar outros diretórios e arquivos conforme necessário para o seu projeto específico.

Agora basta você adicionar o seu aplicativo à lista INSTALLED_APPS no arquivo settings.py, dentro da pasta do seu projeto, como mostrado a seguir:

INSTALLED_APPS = [
    # ...
    '<nome_do_aplicativo>',
    # ...
]

Pronto, sua aplicação já está pronta para ser desenvolvida! Agora, podemos fazer as migrações e avançar na criação de nosso projeto.

Fazendo migrações

As migrações são um recurso do Django utilizado para gerenciar alterações no esquema de banco de dados. Ao criar, modificar ou excluir modelos, são realizadas as migrações para que essas alterações sejam refletidas no banco de dados, mantendo-o sincronizado com seu projeto. Isso garante que você faça modificações e evolua sua aplicação de maneira ordenada e reversível.

As migrações são armazenadas como arquivos Python no diretório migrations, dentro de cada aplicação do projeto, com nomes sequenciais, indicando a ordem em que foram criadas. Para realizar esse processo, você deve criar uma migração usando o seguinte comando em seu terminal:

python manage.py makemigrations

Esse comando fará uma análise das alterações feitas nos modelos e criará um arquivo de migração que contém as instruções necessárias para atualizar o esquema do banco de dados. Uma vez criada, você poderá aplicar essa migração, ou qualquer outra migração pendente, no banco de dados através do seguinte comando:

python manage.py migrate

Além disso, se por alguma razão for necessário desfazer uma migração realizada no banco de dados, você poderá utilizar o comando:

python manage.py migrate <nome_do_aplicativo> <nome_da_migracao>

Assim, suas alterações aplicadas pela migração realizada serão revertidas. O rastreio de histórico de alterações feitas no banco de dados e a praticidade na realização das migrações, facilitam muito a manutenção e evolução de suas aplicações em Django.

Escolhendo o banco de dados

Uma das primeiras decisões a serem tomadas ao iniciar um projeto em Django, é escolher o banco de dados que você utilizará. A escolha do banco de dados dependerá das necessidades específicas do seu projeto, como: escalabilidade, desempenho, recursos e requisitos do sistema.

Por padrão, o banco de dados utilizado pelo Django ao criar um projeto é o SQLite. Dessa forma, o Django já vem configurado para utilizar esse banco para testes e desenvolvimento, o que é uma opção adequada para projetos pequenos, pois permite criar aplicações sem a necessidade de configurar um servidor de banco de dados.

Em caso de projetos que necessitam de opções mais robustas e em ambientes de produção, você pode escolher sistemas de gerenciamento de banco de dados relacionais, como o PostgreSQL, por exemplo, para obter alguns recursos mais avançados ou o MySQL, conhecido por ser rápido e escalável.

Algumas outras opções também estão disponíveis para serem utilizadas, como:

Além disso, existem backends de terceiros para outros sistemas de banco de dados, como Firebird, CockroachDB, TiDB, entre outros. Caso esteja em dúvida sobre o suporte, escolha e configuração do banco, é sempre recomendado acessar a documentação do Django sobre esse tópico.

Se você pretende usar um banco de dados diferente do SQLite, para configurar o Django na adoção do banco de dados de sua escolha, você pode atualizar as configurações no arquivo settings.py do projeto, adequando-o ao banco desejado.

O primeiro passo que você precisa fazer é garantir que o driver adequado esteja instalado no seu ambiente Python. Por exemplo, se você deseja usar o PostgreSQL, instale o pacote psycopg2:

pip install psycopg2

Concluída a instalação do driver desejado, o próximo passo é abrir o arquivo settings.py e procurar a configuração do banco de dados, que está definida na variável DATABASES. Por padrão, a configuração do SQLite é a seguinte:

   DATABASES = {
       'default': {
           'ENGINE': 'django.db.backends.sqlite3',
           'NAME': BASE_DIR / 'db.sqlite3',
       }
   }

Para alterar o banco de dados, substitua a configuração ENGINE pelo driver adequado e forneça as informações de conexão, como nome do banco de dados, usuário, senha, host e porta (se necessário). Por exemplo, para usar o PostgreSQL:

   DATABASES = {
       'default': {
           'ENGINE': 'django.db.backends.postgresql',
           'NAME': 'mydatabase',
           'USER': 'myuser',
           'PASSWORD': 'mypassword',
           'HOST': 'localhost',
           'PORT': '',
       }
   }

Após configurar o novo banco de dados, é necessário criar as migrações e aplicá-las para que as tabelas e esquemas do banco de dados sejam criados ou atualizados de acordo. Para isso, você pode utilizar os seguintes comandos em seu terminal:

python manage.py makemigrations
python manage.py migrate

Depois de realizar a configuração e as migrações, execute o servidor de desenvolvimento do Django e teste a conexão para garantir que tudo esteja funcionando corretamente. Lembre-se de que ao alterar o banco de dados padrão do Django, pode ser necessário que você instale e configure o servidor de banco de dados correspondente em sua máquina ou servidor de hospedagem.

Trabalhando com o Django Admin

Como falamos anteriormente, o Django possui um sistema de administração incorporado que facilita a criação de uma interface de administração para gerenciar os dados do seu aplicativo, sem a necessidade de escrever um código personalizado.

Para utilizar essa interface, o primeiro passo necessário é realizar o registro dos modelos que você deseja gerenciar no Admin. Você pode fazer isso acessando o arquivo admin.py do seu aplicativo e configurando, por exemplo, da seguinte forma:

from django.contrib import admin
from .models import <modelo>
admin.site.register(<modelo>)

Feito isso, antes de acessar a interface de administração, é necessário criar um superusuário. Você pode usar o seguinte comando para isso:

python manage.py createsuperuser

Siga as instruções para definir um nome de usuário ou usuária, endereço de e-mail e senha. Durante a digitação, por questões de segurança, sua senha não será exibida no visor do terminal. Portanto, tenha cuidado ao digitá-la. Além disso, há uma verificação de senha, então, é recomendado criar uma senha forte. Após essa etapa, você receberá a mensagem de “Superuser created successfully” (em português, “Superusuário criado com sucesso”), como mostrado na imagem a seguir:

A imagem é um print de um terminal com algumas informações de ambiente e o comando “python manage.py createsuperuser” escrito na primeira linha. As linhas seguintes são de Usuário, Endereço de email, password, e uma mensagem de alerta escrita em vermelho informando que a senha é muito parecida com o endereço de email e pedindo confirmação. Logo em seguida, a mensagem de “superuser created successfully”. .

Finalizado esse processo, você poderá executar o servidor do Django e acessar a interface de administração no navegador, normalmente em: http://localhost:8000/admin/. Ela terá o seguinte formato:

Print de uma tela de navegador do Google Chrome na cor branca. Temos uma tela de Login com uma caixa de título em azul escrito com Administração do Django escrito em letras brancas. Dois espaços de entrada referentes a Usuário e Senha e logo abaixo, um botão azul com a opção de acessar.

Faça o login com as credenciais do superusuário criado anteriormente e teste as funcionalidades de seu projeto. Para o projeto de Livros que apresentamos no tópico ‘Como funciona o Django’, teríamos a seguinte interface:

Print de uma tela de navegador do Google Chrome na cor branca. Temos uma tela de administrador com a parte superior azul escrito com “Administração do Django” escrito com letras brancas no canto superior esquerdo. No canto superior direito temos algumas informações de “Bem-vindo, Laís” e opções de “Ver Site”, “Alterar Senha" e “Encerrar Sessão”. Na tela temos um menu com informações de grupos, usuários e livros. A imagem apresenta um fundo verde-escuro e uma iluminação verde clara centralizada no meio da imagem. No canto superior direito temos a logo da Alura.

Repare que o admin.py foi configurado de modo a identificar os dados do modelo da seguinte maneira:

from django.contrib import admin
from .models import Livro
class LivroAdmin(admin.ModelAdmin):
    lista = ('nome', 'preco', 'descricao')  # Define os campos a serem exibidos na lista
admin.site.register(Livro, LivroAdmin)

Criando URLs

Para criar URLs em um projeto Django, você precisa definir as rotas (URLs) que correspondem às funções de visualização (views) em seu aplicativo. As rotas são definidas em um arquivo chamado urls.py em cada aplicativo, e também podem ser configuradas no arquivo urls.py do projeto principal.

No arquivo urls.py em seu aplicativo, você deve importar os módulos necessários para criação das rotas. Se ainda não tiver um, crie um arquivo urls.py dentro da pasta do aplicativo. O código ficará no seguinte formato:

from django.urls import path
from . import views
urlpatterns = [
    path('', views.<nome_da_funcao_de_visualizacao>, name='<nome_da_url>'),
    # Outras URLs podem ser definidas aqui
]

Analisando o seu funcionamento, o sinal '' no primeiro atributo da função path(), corresponde à URL raiz do aplicativo. Você pode alterá-lo para um caminho específico se desejar que a visualização seja acessada em uma URL específica.

Além disso, substitua <nome_da_funcao_de_visualizacao> pelo nome da função de visualização que você deseja chamar quando a URL for acessada, e também o <'nome_da_url'> para atribuir um nome à URL, o que é útil para referenciá-la em modelos e em outras partes do código Django.

Para o exemplo do projeto de Livros, teríamos:

from django.urls import path
from . import views
urlpatterns = [
    path('lista_de_livros/', views.lista_de_livros, name='lista_de_livros'),
]

Ou seja, quando a URL de rota http://127.0.0.1:8000/lista_de_livros for acessada, a função de visualização lista_de_livros será chamada em seu código. Adiante, você pode incluir as URLs do aplicativo no arquivo urls.py do projeto principal. Para fazer isso, adicione um caminho que inclua o nome do aplicativo:

from django.contrib import admin
from django.urls import path, include
urlpatterns = [
    path('admin/', admin.site.urls),
    path('<nome_do_aplicativo>/', include('<nome_do_aplicativo>.urls')),
]

Neste exemplo, todas as URLs definidas em <nome_do_aplicativo>.urls serão acessíveis através do caminho http://seusite.com/<nome_do_aplicativo>/. Para o exemplo de Livros, você teria o seguinte código:

from django.contrib import admin
from django.urls import path, include
urlpatterns = [
    path('admin/', admin.site.urls),
    path('', include('loja.urls')),
]

Observe que o nome do aplicativo é loja. Depois de definir suas URLs, você pode acessá-las em seu navegador ou em seu código, usando o nome atribuído à URL (por exemplo, {% url 'nome_da_url' %} em um template). Certifique-se de ajustar os nomes dos aplicativos, funções de visualização e URLs de acordo com a estrutura do seu projeto.

Como fazer deploy

Para realizar o deploy de uma aplicação em Django, ou seja, colocar seu projeto em um ambiente de produção para que ele esteja disponível na internet e acessível aos usuários e usuárias, você precisa realizar uma escolha baseada em duas condições: conhecimentos e recursos disponíveis.

Existem várias opções para realizar o deploy, como indicamos a seguir:

  • AWS: a Amazon Web Services, em especial a AWS Elastic Beanstalk, oferece um plano gratuito limitado a 12 meses para uso de suas funcionalidades. Depois desse período, os custos variam de acordo com os recursos a serem utilizados e o tráfego. Acesse a documentação para aprender a fazer o deploy;

  • PythonAnywhere: oferece planos gratuitos e pagos para hospedar aplicações Django. O plano gratuito tem algumas restrições, como uso limitado de recursos e domínios personalizados. Os planos pagos oferecem mais recursos e funcionalidades adicionais. Acesse a documentação para aprender a fazer o deploy;

  • Microsoft Azure App Service: a Microsoft fornece um plano gratuito com recursos limitados. Você pode consultar os planos pagos para obter mais recursos de acordo com sua necessidade. Acesse a documentação para aprender a fazer o deploy;

  • Render: o Render é uma plataforma de serviço em nuvem para fazer o deploy e executar suas aplicações de forma gratuita. Acesse a documentação para aprender a fazer o deploy.

Claro, a lista apresentada aqui inclui apenas algumas opções que você pode utilizar para fazer o deploy de suas aplicações. Existem diversas outras plataformas, como a Fly.io, Heroku, Railway, Google App Engine, entre outros provedores de serviços privados.

É muito importante lembrar que os planos gratuitos geralmente possuem limitações de recursos, tais como largura de banda, capacidade de armazenamento, horas de atividade e suporte técnico. Para projetos maiores ou com necessidades específicas, pode ser necessário investir em um plano pago para obter melhor desempenho e recursos mais robustos.

Antes de escolher um provedor de hospedagem, é importante revisar seus recursos, valores e suporte para garantir que atendam às necessidades do seu projeto em termos de escala, desempenho e suporte técnico. Além disso, lembre-se que as opções e preços podem mudar com o tempo, então, sempre verifique os sites oficiais dos provedores para obter as informações mais atualizadas.

Escolhendo uma IDE

Para tirar o máximo proveito do processo de desenvolvimento e torná-lo mais produtivo e eficiente, é altamente recomendável utilizar uma IDE (Integrated Development Environment).

Uma IDE oferece um ambiente mais robusto, completo e otimizado para desenvolvimento de software. Ela conta com recursos avançados de edição, depuração, gerenciamento de projetos, integração com sistemas de controle de versão entre outras diversas vantagens, que facilitam e aprimoram o processo de criação de aplicações em Django.

Dessa forma, é importante escolher qual IDE você utilizará no desenvolvimento de seus projetos, a depender de suas necessidades e escolhas pessoais. Existem diversas IDEs que você pode optar para desenvolver um aplicativo utilizando esse framework, como mostrado a seguir:

  1. Visual Studio Code (VSCode ou VSC): é uma IDE gratuita e altamente extensível desenvolvida pela Microsoft. O VSCode possui uma extensa comunidade e suporte para várias extensões que facilitam o desenvolvimento com Django. Você pode fazer o download gratuito na página oficial desse editor.

  2. Visual Studio: é uma IDE também desenvolvida pela Microsoft que oferece suporte ao desenvolvimento de aplicativos Python e Django, com recursos avançados de depuração e edição. Você pode fazer o download na página oficial em que você pode optar pelo plano gratuito Community, que já oferece recursos satisfatórios para desenvolvimento, ou utilizar os planos pagos profissionais como o Professional e o Enterprise que apresentam recursos adicionais.

  3. PyCharm: trata-se de uma IDE focada para o desenvolvimento em Python criada pela JetBrains. Ela oferece muitos recursos avançados específicos para o Django, como suporte a modelos, autocompletar, navegação entre arquivos e muito mais. Você pode fazer o download na página oficial, optando pelo plano gratuito PyCharm Community Edition, que já oferece recursos satisfatórios para desenvolvimento, ou selecionando o plano pago PyCharm Professional, que disponibiliza recursos adicionais.

  4. Sublime Text: é um editor de texto que pode ser estendido para desempenhar o papel de uma IDE Python com plugins e pacotes de extensão específicos. Você pode fazer o download gratuito do Sublime Text na página oficial desse editor.

É claro que há diversas outras opções que não foram citadas, pois priorizamos as mais conhecidas e utilizadas. A escolha da IDE depende das suas preferências pessoais, dos recursos que você precisa e de sua familiaridade com a interface da IDE.

Todas as opções mencionadas acima, são ótimas escolhas e bem conceituadas pela comunidade de pessoas desenvolvedoras em Python. Experimente algumas delas para selecionar aquela que melhor atende às suas necessidades e fluxo de trabalho.

Suporte Django: documentação, repositório e comunidade

O Django, assim como o Python, possui um suporte sólido e ativo, o que proporciona às pessoas desenvolvedoras uma variedade de recursos para obter ajuda, suporte técnico e uma documentação bem estruturada.

Você pode acessar diretamente o Repositório do Django ou acessar sua documentação oficial para acessar tutoriais, guias, referências, exemplos e informações gerais.

Além disso, a comunidade Django é acolhedora e bastante ativa. Você pode se unir à Comunidade do Django no Discord ou no Fórum do Django, para compartilhar suas dúvidas, fazer questionamentos, e buscar ajuda para resolver possíveis problemas.

Onde posso aprender mais sobre Django

Caso você queira mergulhar nessa tecnologia, mas não saiba por onde começar a estudar, não deixe de acessar o Tech Guide Python - Django. Nele, você vai ter acesso aos materiais necessários para te guiar nessa jornada com o Django com estudos indo do iniciante ao avançado.

Confira também o episódio da série Guia de Carreiras do #HipstersPontoTube sobre o Python e aprenda mais sobre essa tecnologia, suas vantagens e o que é necessário para iniciar sua profissão nesta área de desenvolvimento de software.

Em específico, inicie o vídeo na minutagem 19:23 para aprender um pouco mais sobre o Django e também comparar com o Flask, um microframework do Python:

Aprenda mais sobre Django gratuitamente

Acesse gratuitamente as primeiras aulas dos cursos feitos pela Escola de Programação da Alura e continue aprendendo sobre temas como:

Conclusão

Python é uma linguagem de programação muito popular, e com o Django, você pode aproveitar plenamente o poder do Python no desenvolvimento de aplicativos web e em muitas outras funcionalidades do lado do servidor.

Que tal dar um mergulho ainda mais profundo? Deixamos aqui algumas referências que serão de grande ajuda nos seus estudos de Django:

Laís Urano
Laís Urano

Laís é monitora da Escola de Programação e Graduanda em Engenharia Elétrica na UFPI. Ama aprender mais sobre tecnologias e atua no fórum na categoria de Python. Adora assistir séries, ver filmes, ler livros e quadrinhos e jogar RPG.

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