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Presenteísmo: o que é e como evitar esse comportamento

Francine Ribeiro

Francine Ribeiro


Nos últimos anos, a jornada de trabalho sofreu várias mudanças, principalmente relacionadas a novas rotinas, uso de tecnologias emergentes e implementação de metodologias específicas para organização de tarefas.

A partir desse cenário, algumas lideranças começaram a notar a presença improdutiva dentro do ambiente de trabalho, que tem impactos significativos na saúde e nos resultados organizacionais.

Esse tipo de comportamento é chamado de presenteísmo e ele pode afetar negativamente uma série de processos e a qualidade das entregas feitas por um time.

Para saber mais sobre o presenteísmo: significado, como ele se diferencia do absenteísmo e o que as lideranças podem fazer para evitar esse comportamento, continue a leitura desse artigo.

Presenteísmo: o que é?

Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, presenteísmo é a “prática que consiste em estar presente no local de trabalho, por vezes mais horas do que o necessário ou do que o que está contratualizado, mas sem produtividade correspondente”.

Ou seja, o presenteísmo no trabalho é um fenômeno no qual a pessoa está no local de trabalho apenas fisicamente, mas não consegue desempenhar suas funções de maneira eficaz devido a problemas de saúde física, emocional, falta de engajamento ou sobrecarga.

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Tipos de presenteísmo

Agora que sabemos o que é presenteísmo, é importante ressaltar que apesar de estar conectado com a produtividade e o bem-estar, ele pode acontecer por razões diferentes e é classificado de duas distintas, conforme abaixo.

  • Presenteísmo involuntário: acontece quando a pessoa colaboradora deseja desempenhar suas atividades, mas enfrenta dificuldades para isso. Nesse caso, ainda que a pessoa esteja presente, ela não consegue atuar no maior potencial. Alguns motivos podem ser o excesso de demandas e a falta de suporte da liderança.
  • Presenteísmo voluntário: já o presenteísmo voluntário é quando a pessoa funcionária está no local de trabalho, mas escolhe não se engajar com as atividades. Isso pode ocorrer por diferentes motivos, como desmotivação, insatisfação com a empresa, ausência de desafios, entre outras situações.

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Impactos do presenteísmo no dia a dia

O presenteísmo no trabalho pode passar despercebido, já que não envolve a ausência física do funcionário ou funcionária, porém seus impactos podem ser bastante prejudiciais. Pessoas colaboradoras que praticam o presenteísmo tendem a cometer mais erros, apresentar queda de motivação e, a longo prazo, desenvolver problemas de saúde mais sérios.

Além disso, é importante diferenciar presenteísmo e absenteísmo: enquanto o absenteísmo se refere à ausência injustificada, no presenteísmo a pessoa está fisicamente presente, mas sem condições plenas — seja física ou psicologicamente — para desempenhar suas funções.

Segundo o estudo “Why Employees Work While Sick—and How Leaders Can Stop It” publicada pela Harvard Business Review, o presenteísmo custa às empresas dos EUA mais de US$ 225 bilhões por ano. Esse custo elevado está relacionado a fatores como:

  • cultura de alta performance que valoriza o “estar sempre presente”;
  • falta de políticas claras sobre saúde mental e licença médica;
  • medo de represálias ou de perder oportunidades na carreira por alguma licença de saúde.

Ainda segundo o mesmo relatório, os gastos do presenteísmo vão além do desconforto e dos problemas individuais, pois, de forma silenciosa, esse custo é quase 10 vezes mais do que os casos de absenteísmo.

Ou seja, ambos os comportamentos podem gerar despesas elevadas para as organizações, no entanto, a longo prazo, o presenteísmo no trabalho tem um impacto mais severo no clima organizacional.

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Causas do presenteísmo no trabalho

Agora que ficou mais claro o que significa presenteísmo, fica mais fácil entender que ele pode acontecer por diversos motivos. Abaixo, elencamos algumas das possíveis causas desse quadro.

1. Alta quantidade de demanda

Quando a carga de trabalho é excessiva e constante, as pessoas funcionárias tendem a lidar com uma pressão mais intensa para permanecerem ativas, mesmo em condições de saúde inadequadas. Esse comportamento gera desgaste físico e mental, reduz a eficiência e aumenta o risco de erros.

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2. Insatisfação com as funções exercidas

A falta de identificação com as atividades realizadas no dia a dia também pode levar muitas pessoas a comparecer ao trabalho apenas por obrigação, sem engajamento real. Esse tipo de comportamento gera presenteísmo silencioso, evidenciando que a presença física não é sinônimo de produtividade.

3. Clima organizacional insatisfatório

Ambientes de trabalho marcados por falta de cooperação, competitividade excessiva ou relações conflituosas aumentam a probabilidade de presenteísmo. A pessoa colaboradora pode até estar presente, mas se sente desmotivada e com baixa disposição para contribuir com a equipe.

4. Falta de feedbacks e reconhecimento

Sem o devido reconhecimento ou retorno sobre suas entregas, a motivação é perdida pouco a pouco, com uma presença sem engajamento, onde a rotina passa a ser apenas uma formalidade, prejudicando o desempenho individual e coletivo.

5. Condições de trabalho impróprias

Falta de ergonomia, ambiente físico inadequado, recursos insuficientes ou falta de apoio da liderança, são fatores que também contribuem para o presenteísmo.

6. Questões pessoais

Problemas externos ao trabalho, como dificuldades familiares, financeiras ou de saúde mental, ou física, também afetam diretamente o rendimento. Segundo o HBR, pessoas que trabalham doentes perdem o foco, cometem mais erros e comprometem o desempenho das equipes.

Presenteísmo no trabalho: até quando é responsabilidade da empresa?

Ainda que o presenteísmo seja um comportamento da pessoa funcionária, a responsabilidade desse tipo de comportamento também recai sobre a empresa. Segundo a legislação brasileira e o Ministério do Trabalho, a Norma Regulamentadora n.º 1, a NR-1, estabelece diretrizes para o gerenciamento de riscos ocupacionais, incluindo os psicossociais.

Outro detalhe importante é que mesmo que a sua equipe trabalhe de forma remota ou híbrida, o presenteísmo ainda pode acontecer.

Conforme o estudo Why Employees Work While Sick—and How Leaders Can Stop It”, uma das tendências observadas é o aumento do presenteísmo em trabalhos híbridos e remotos, pois as pessoas colaboradoras sentem que podem dar conta de suas demandas mesmo doentes.

É importante agir com mudanças efetivas para que equipes presenciais, híbridas ou remotas possam ter uma relação saudável com a empresa e o exercício de suas atividades, evitando o presenteísmo de forma sustentável.

Desse modo, é papel da empresa mapear fatores como sobrecarga de trabalho, pressões excessivas e clima organizacional, que estão diretamente ligados ao presenteísmo.

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Como evitar o presenteísmo no trabalho

Prevenir e reduzir o presenteísmo exige ações estratégicas voltadas ao cuidado das pessoas colaboradoras e à melhoria da gestão. Confira abaixo, algumas recomendações que podem trazer grandes benefícios.

1. Tenha uma comunicação aberta com a equipe

A comunicação clara e transparente é uma das principais ferramentas para reduzir o presenteísmo. Quando as pessoas colaboradoras se sentem à vontade para expor dificuldades, inseguranças ou questões pessoais, a liderança consegue agir de forma preventiva.

Por exemplo, ter canais de diálogo, sejam reuniões individuais, feedbacks estruturados ou pesquisas internas são ótimas contribuições para a construção de confiança, em que ninguém precisa esconder problemas de saúde ou de desempenho.

2. Cultive um ambiente de trabalho saudável

Um clima organizacional positivo e respeitoso ajuda a promover a saúde e engajamento dos times, que pode envolver desde condições físicas adequadas até relações interpessoais saudáveis.

3. Construa um plano de carreira

A ausência de perspectivas de crescimento pode levar a uma série de insatisfações, incluindo a falta de vontade de estar presente de forma completa. Ao oferecer planos de carreira, a empresa demonstra que valoriza o futuro de seus talentos e de suas funções.

Esse investimento estimula a motivação e o comprometimento, fazendo com que as pessoas estejam presentes de fato.

4. Ofereça capacitação e treinamentos

A capacitação contínua é fundamental para manter as equipes engajadas e produtivas. Programas de treinamento e desenvolvimento não apenas aprimoram habilidades técnicas, mas também fortalecem competências comportamentais, como resiliência e autonomia.

Ao investir no crescimento de funcionários e funcionárias, a empresa cria um ciclo positivo de pessoas colaboradoras mais preparadas, motivadas e menos propensas ao presenteísmo.

Estratégia educacional como aliada da saúde organizacional

Promover o aprendizado contínuo não é apenas uma forma de desenvolver habilidades técnicas, mas uma estratégia poderosa para fortalecer a cultura organizacional. Quando as lideranças são preparadas para incentivar o desenvolvimento e reconhecer os esforços de suas equipes, é possível preservar um ambiente de segurança psicológica e pertencimento.

Com esse incentivo a educação, seus resultados se tornam ainda mais expressivos e, dentro do propósito de oferecer uma jornada de aprendizado completo, a Alura + FIAP Para Empresas apoia organizações que buscam construir equipes mais capacitadas, conscientes e preparadas para crescer de forma sustentável.

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Pessoas colaboradoras que recebem treinamentos e são incentivadas a aprender, se sentem mais valorizadas e preparadas para suas funções. Por consequencia, isso diminui o estresse e a insegurança, abrindo caminhos para o crescimento profissional, alinhando os objetivos do colaborador ou colaboradora com os da empresa e fortalecendo o vínculo e a dedicação.

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Francine Ribeiro
Francine Ribeiro

Analista de Conteúdo da Alura +FIAP Para Empresas. Jornalista de formação, com MBA em Comunicação Corporativa pela Universidade Tuiutí do Paraná (UTP) e MBA em Business Strategy e Transformation pela FIAP. Atua com produção de conteúdo para empresas desde 2009 e com marketing digital desde 2016.