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Work-life balance: como promover equilíbrio real entre vida pessoal e trabalho

Francine Ribeiro

Francine Ribeiro


O mercado de trabalho é objeto de estudo há bastante tempo. Mas, segundo pesquisas, foi o número de mulheres ingressando nele, no final da década de 60, que fomentou o aumento nas discussões sobre um tema: “work-life balance”, que está ligado ao equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

Como homens e mulheres começaram a trabalhar fora de casa, houve uma crescente necessidade de conciliar as responsabilidades domésticas com as profissionais.

A conciliação da vida profissional e familiar está integrada na ODS1 8 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que visa promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável, além de defender a promoção de um emprego pleno e produtivo para todas as pessoas.

Dessa forma, o conceito de work-life balance tem evoluído constantemente, mas foi a pandemia da COVID-19 que acelerou essa transformação de forma drástica.

Com a popularização do trabalho remoto e híbrido, as linhas que antes separavam a vida pessoal da profissional ficaram ainda mais difusas.

A casa virou escritório e o escritório, por vezes, invadiu o lar. Essa nova realidade trouxe desafios, mas também oportunidades para repensar como integramos nossas vidas e trabalhos de forma mais saudável e produtiva.

O objetivo deste artigo é, portanto, conceituar e abordar os principais pontos sobre o work-life balance: tradução, conceito, qual o papel das empresas e como promover este equilíbrio. Continue a leitura para saber mais!

O que é work-life balance?

O termo em inglês, work-life balance (WLB), pode ser traduzido para o português como “equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, e refere-se à capacidade de gerenciar as demandas do trabalho e da vida pessoal de maneira que nenhuma delas seja sacrificada.

Sabemos que as pessoas desempenham múltiplos papéis sociais e que a esfera trabalho e a esfera vida pessoal são interdependentes. Dessa forma, o que ocorre em uma pode impactar o que acontece na outra, ou seja, trata-se de uma relação bidirecional.

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Alguns estudos a respeito do tema, definem três componentes essenciais de work-life balance:

  1. equilíbrio de tempo;
  2. equilíbrio de envolvimento;
  3. equilíbrio de satisfação.

Assim, podemos entendê-lo como a equidade entre múltiplos papéis. Este equilíbrio é fundamental para garantir o bem-estar físico e mental, aumentando a satisfação e produtividade no trabalho, enquanto se mantém uma vida pessoal saudável e gratificante.

Mas é importante entender que quando falamos em equilíbrio profissional e pessoal, não é como imaginar uma balança perfeitamente dividida: 50% para o trabalho e 50% para a vida fora dele.

A realidade é que esse conceito vai muito além de uma simples divisão matemática. Trata-se de integração e satisfação em todas as esferas da vida.

Não é sobre ter a mesma quantidade de tempo para tudo, mas sim sobre gerenciar as energias e prioridades, resultando em realização em todos os aspectos, sem que o trabalho sufoque a vida pessoal (e vice-versa).

Além disso, o mesmo estudo ainda aponta que a percepção do work-life balance é distinta entre homens e mulheres, para os estados civis, para as pessoas com e sem filhos(as), para as faixas etárias e para as diferentes modalidades de trabalho.

Por que o equilíbrio importa?

O balanço entre a vida social e profissional é essencial tanto para as pessoas profissionais, quanto para as empresas.

Para os(as) profissionais, priorizar o equilíbrio significa investir na saúde mental no trabalho, com uma notável redução de estresse, ansiedade e, principalmente, do burnout — esgotamento extremo que afeta corpo e mente.

Além disso, a saúde física também é beneficiada, com a melhora na qualidade do sono, e diminuição das dores e doenças crônicas.

O resultado é um aumento significativo na felicidade e satisfação geral, o que permite aproveitar mais os momentos da vida pessoal e se dedicar a atividades e hobbies.

Mas engana-se quem pensa que o work-life balance é benéfico somente para profissionais.

Empresas que promovem esse equilíbrio colhem frutos importantes, como o aumento na produtividade, já que pessoas colaboradoras descansadas e satisfeitas são mais eficientes.

Há também uma melhora na retenção de talentos, pois um ambiente que valoriza o bem-estar reduz a rotatividade. A redução do absenteísmo (faltas ao trabalho) é outra vantagem, assim como um melhor clima organizacional e um estímulo maior à inovação, já que mentes descansadas e motivadas são mais propensas a gerar novas ideias e soluções.

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Quais as consequências da falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional?

Segundo pesquisas realizadas com diversos(as) profissionais, as consequências percebidas em relação ao conflito entre trabalho e vida pessoal, são divididas em três principais tipos, conforme mencionados abaixo.

  • Efeitos físicos e psicológicos: depressão, ansiedade, consumo de bebidas alcoólicas, abuso de substâncias, transtornos de humor e estresse.
  • Impactos no trabalho: menor satisfação com o trabalho e a carreira, maior intenção de rotatividade, menor percepção de sucesso na carreira e menor nível de comprometimento organizacional.
  • Impactos na vida pessoal: menor satisfação com a família.

Em ordem de incidência, no gráfico abaixo podemos ver as principais consequências desse conflito.

[Fonte: Work-life balance — um estudo exploratório sobre a percepção de trabalhadores de escritório | 2025]

Qual o papel das empresas na promoção do work-life balance?

Para promover e incentivar um melhor nível de work-life balance percebido pelas pessoas colaboradoras, as empresas vêm criando políticas e adotando práticas específicas que visam incentivar essas experiências.

Embora, segundo o estudo citado anteriormente, não haja uma definição padrão do que constitui uma prática de work-life balance, ela geralmente inclui práticas de trabalho flexíveis chamadas de “employee friendly”, como:

  • horários flexíveis;
  • jornadas de trabalho parciais;
  • “job-sharing” (compartilhamento de trabalho);
  • semanas de trabalho comprimidas (semana de 4 dias);
  • troca de turnos;
  • escalas de horários próprias de trabalho;
  • folga com substituição;
  • períodos sabáticos;
  • pausas na carreira, entre outras.

A adoção dessas políticas e práticas organizacionais é cada vez mais comum, visando diminuir as consequências negativas do trabalho na esfera pessoal e familiar.

Para que esse equilíbrio seja uma realidade, é fundamental que as organizações atuem em diversas frentes, começando pela sua própria cultura e estendendo-se a políticas, benefícios e programas de apoio. Entenda melhor a seguir.

Cultura organizacional

Uma cultura organizacional forte e voltada para a satisfação das pessoas colaboradoras é o alicerce para um ambiente de trabalho saudável. Com isso, as empresas devem colocar foco em alguns pontos, conforme listamos abaixo.

  • Liderança pelo exemplo: gerentes e líderes são espelhos para suas equipes. Quando a liderança pratica o work-life balance — respeitando seus horários de descanso, tirando férias e incentivando a desconexão —, enviam uma mensagem clara de que essa é uma prioridade na empresa, inspirando e validando essa prática para as demais pessoas da equipe.
  • Valorização do bem-estar: é essencial reconhecer e recompensar a produtividade e os resultados alcançados pela equipe, e não somente as horas trabalhadas. Uma cultura que preza pela entrega de valor, em vez da simples presença física por longas jornadas, estimula a eficiência e desestimula o excesso de trabalho. Isso inclui celebrar conquistas, oferecer feedback construtivo e criar um ambiente onde o esforço saudável é valorizado.

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Políticas e benefícios

Além da cultura, as empresas podem implementar políticas e oferecer benefícios tangíveis que apoiem o equilíbrio. Abaixo, os principais.

  • Horários flexíveis e trabalho remoto/híbrido: oferecer opções de horário flexível e modelos de trabalho remoto ou híbrido proporciona às pessoas colaboradoras maior autonomia e controle sobre sua rotina. Isso permite conciliar compromissos pessoais, otimizar o tempo de deslocamento e trabalhar nos períodos em que são mais produtivas, resultando em maior satisfação e engajamento.
  • Licenças estendidas: políticas de licenças estendidas, como licença-maternidade e paternidade ampliadas, e até mesmo licenças sabáticas, demonstram o compromisso da empresa com as diversas fases da vida de seus funcionários e funcionárias. Esses períodos são essenciais para o descanso, a recuperação e o cuidado com a família, contribuindo significativamente para a satisfação a longo prazo.
  • Programas de bem-estar: investir em programas que promovam a saúde física e mental é um diferencial. Isso pode incluir desde acesso subsidiado a academias até o oferecimento de apoio psicológico e sessões de terapia. Workshops sobre gestão do estresse, resiliência e técnicas de relaxamento também são ferramentas valiosas que capacitam as pessoas colaboradoras a cuidarem da sua saúde integral.

Educação e treinamento

Por fim, mas não menos importante, a educação corporativa é a chave para a transformação.

As empresas devem investir em treinamento tanto para a liderança quanto para as equipes sobre a importância do work-life balance e as ferramentas para alcançá-lo.

Isso inclui workshops sobre gestão de tempo, definição de limites, comunicação assertiva e reconhecimento de sinais de burnout.

Ao capacitar as pessoas colaboradoras com conhecimento e habilidades, a empresa os empodera a tomar decisões mais saudáveis para sua vida profissional e pessoal.

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E para as pessoas autônomas?

Ainda que as empresas tenham um papel importante no work-life balance, ele também é um processo contínuo e pessoal.

Isso porque o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra.

Por isso, é importante se atentar às suas próprias necessidades e ajustar suas práticas conforme necessário para encontrar o equilíbrio.

Confira a seguir, algumas dicas práticas para implementar o work-life balance no seu dia a dia.

1. Defina prioridades e estabeleça limites claros

Tanto na vida profissional quanto na pessoal, saiba o que realmente importa para você. Isso pode incluir metas de carreira, tempo com a família, hobbies, saúde e bem-estar. Ter clareza sobre suas prioridades ajuda a direcionar seu tempo e energia.

Estabeleça horários específicos para começar e terminar o expediente, e tente segui-los. Se possível, evite responder e-mails ou mensagens de trabalho fora do expediente.

Não se sobrecarregue com compromissos desnecessários, seja no trabalho ou na vida pessoal. Reconheça seus limites e não hesite em recusar tarefas que possam comprometer seu equilíbrio.

2. Gerencie seu tempo de forma eficaz

Usar técnicas de produtividade, como Técnica Pomodoro (trabalhar por períodos focados de 25 minutos com pausas curtas) ou listas de tarefas podem otimizar seu tempo e garantir que você complete suas responsabilidades sem se sentir sobrecarregado.

Evite o multitasking, uma vez que focar em uma tarefa por vez aumenta a qualidade do seu trabalho e reduz o estresse.

Além disso, organize sua agenda com antecedência, incluindo tanto as atividades de trabalho quanto as pessoais. Isso te ajuda a visualizar seu tempo e garantir que haja espaço para tudo.

Se possível, no trabalho, aprenda a delegar para não acumular responsabilidades. Em casa, divida as tarefas com a família para aliviar a carga.

3. Cuide da sua saúde física e mental

Durante o expediente, levante-se, alongue-se e beba água. Pequenas pausas ativas podem aumentar o rendimento e a criatividade.

Reserve tempo para atividades que promovam seu bem-estar, como praticar exercícios físicos, meditar, ler um livro ou simplesmente relaxar. O autocuidado é essencial para recarregar as energias.

Incentive-se a desligar dispositivos eletrônicos relacionados ao trabalho durante seu tempo livre, especialmente à noite. A desconexão digital é importante para conseguir relaxar e ter um sono de qualidade.

Por fim, durma horas suficientes para se sentir bem, uma vez que a privação do sono afeta diretamente a saúde e a produtividade.

4. Crie rotinas de transição

Ao final do dia de trabalho, crie um pequeno ritual para sinalizar o fim do expediente, como fechar o notebook, arrumar a mesa ou dar uma breve caminhada. Isso ajuda a separar o tempo de trabalho da vida pessoal.

Como promover o work-life balance na sua empresa?

Como vimos, promover um equilíbrio genuíno e sustentável entre a vida pessoal e o trabalho não é uma tarefa simples. Mas é, sem dúvida, uma das mais recompensadoras para profissionais e organizações.

Não se trata de uma solução única, mas de uma jornada contínua que exige comprometimento, flexibilidade e, acima de tudo, uma cultura que valorize o bem-estar integral.

Para que essa visão se concretize, um dos pilares fundamentais é o desenvolvimento de lideranças, que influenciam diretamente a rotina de suas equipes.

Líderes conscientes da importância do work-life balance não só dão o exemplo, como também são capazes de implementar as políticas de flexibilidade, capacitando seus times a gerenciar melhor o tempo, estabelecer limites saudáveis e buscar atividades que recarreguem suas energias.

Nesse cenário, conte com a parceria com a Alura + FIAP Para Empresas para oferecer treinamentos personalizados que capacitem líderes e equipes, e ajude a promover o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

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Francine Ribeiro
Francine Ribeiro

Analista de Conteúdo da Alura +FIAP Para Empresas. Jornalista de formação, com MBA em Comunicação Corporativa pela Universidade Tuiutí do Paraná (UTP) e MBA em Business Strategy e Transformation pela FIAP. Atua com produção de conteúdo para empresas desde 2009 e com marketing digital desde 2016.