Olá, este curso será ministrado pelo Roberto Sabino, instrutor na Alura e especialista em Agilidade, Engenharia de Software e Excel.
O Sabino vai apresentar um curso um pouco diferente: aqui entenderemos porque resistimos às mudanças. Você já ouviu falar de gestão de mudanças? E de transformação digital? Tudo isso nos gera um certo incômodo, mas por que será?
Neste curso, traremos uma abordagem comportamental da gestão de mudanças. Analisaremos a história do Deive Loper, que é desenvolvedor na ByteBank.
Ele integra uma equipe que faz a manutenção de sistemas de concessão de crédito e está passando por uma mudança de processo produtivo, saindo do framework Scrum e indo para o método Kanban. Isso está gerando uma certa angústia no Deive, que pede ajuda da Nina.
A Nina é amiga do Deive e trabalha como consultora de RH em uma multinacional do ramo financeiro. Ela é formada em psicologia com especialização em "Neurociência aplicada ao comportamento". A Nina trará algumas referências que nos ajudarão a entender por que nós e o Deive Loper nos incomodamos quando há uma mudança no nosso trabalho.
Traremos várias referências apoiadas em estudos e textos científicos. Alguns pontos que analisaremos durante o curso são:
Estudaremos brevemente a fisiologia cerebral e entenderemos um pouco melhor como o nosso cérebro funciona. A Nina explicará algumas coisas para o Deive e nós usaremos alguns livros de referência, dentre eles o "Rápido e Devagar: duas formas de pensar", do Daniel Kahneman (Editora Objetiva).
O "Rápido e Devagar" é um best-seller e traz uma ideia muito interessante: o nosso cérebro nem sempre funciona da mesma forma. Em vez disso, ele trabalha de duas maneiras, uma mais racional e outra mais intuitiva. Às vezes, usamos uma quando deveríamos usar a outra e vice-versa.
A seguir, veremos como melhorar a nossa dinâmica cerebral. Algumas dicas que abordaremos no curso são:
São dicas um tanto batidas, mas exploraremos o porquê de elas serem relevantes.
Você sabia que nem sempre tomamos nossas decisões de forma racional, mesmo quando pensamos que sim? Algumas vezes, a nossa emoção toma conta das nossas decisões. E se dissermos que a emoção guia 95% das nossas decisões? Assista ao curso todo para entender por quê.
Aquela história de perceber o lado positivo das coisas pode soar como um discurso de autoajuda. Falaremos disso ao longo da nossa jornada, mas este não é um curso de autoajuda: estamos nos baseando em ciência!
Também falaremos de estresse e ansiedade, ainda que sem nos aprofundarmos muito nestes temas. Tentaremos entender a diferença entre estresse e ansiedade, como controlar o estresse e quais situações do nosso trabalho podem ser gatilhos para estes fenômenos.
Algumas coisas que podemos fazer para diminuir o estresse são:
Próximo ao fim do curso, abordaremos a conformidade de grupo e o motivo de as pessoas tendem a seguir um coletivo, já que somos animais sociáveis. Usaremos o paradigma de Asch, uma série de estudos feitos há muito tempo, e trazem muitas informações sobre isso.
Como podemos nos comunicar melhor? Aqui, abordaremos brevemente assuntos relacionados a comunicação verbal e não verbal. Traremos algumas observações do biólogo peruano Miguel Figueroa sobre a comunicação não verbal.
Ao fim da nossa jornada, entenderemos como podemos trabalhar melhor com todas essas características do nosso cérebro. Este curso se baseia nos trabalhos de três cientistas:
"Sabino, tem algum pré-requisito para fazer este curso?". Não. As pessoas que fizeram o curso Kanban: análises para implementação, perceberão que a história analisada aqui é um trecho da mesma utilizada naquele curso, mas ele não é um requisito para o que falaremos aqui.
Só é necessário querer compreender como reagimos às mudanças, especialmente as do nosso ambiente de trabalho. Esperamos você na próxima aula. Um abraço!
Começaremos a nossa viagem pelo change management ou gestão de mudança, uma visão comportamental do assunto. Você pode estar se perguntando: "Sabino, mas que visão comportamental é essa? É tipo livro de autoajuda?". Não! Traremos alguns conceitos e estudos que analisam o comportamento das pessoas frente às mudanças.
Traremos as ideias de um biólogo comportamental, de uma psiquiatra que fala um pouco de neurociência e de duas neurocientistas. Esta será a base do conteúdo deste curso. Porém, para deixar tudo mais didático, analisaremos uma história.
Para começar, abordaremos por que resistimos às mudanças.
Atenção: conversaremos sobre os motivos pelos quais resistimos às mudanças e não se resistimos a elas ou não.
Para falar disso, precisamos contar a história do Deive Loper e da Nina. Estes personagens foram retirados de um treinamento que fizemos sobre o Kanban. O Deive é um desenvolvedor que se encontra em uma equipe que está trocando de Scrum para Kanban.
Naquele treinamento, o Deive dizia estar se sentindo bem com a mudança, mas isso não era de todo verdade. Em vez disso, ele nos fala sobre as suas sensações durante essa mudança, pois estava acostumado a trabalhar com o framework Scrum e precisou mudar para outro método que ele não conhecia muito bem, o Kanban.
O curso de Kanban também é muito bacana. Então, fica a recomendação caso você ainda não tenha feito esse treinamento.
Analisaremos um trecho desta história, que corresponde à conversa do Deive Loper com a Nina. Ele começa perguntando para a Nina por que essa mudança no trabalho o incomoda tanto:
"Nina, será que você consegue me ajudar a entender por que estou tão incomodado com uma mudança no meu trabalho?".
Antes, algumas informações sobre o Deive:
Mas quem é a Nina?
Perceba que a Nina não trabalha na Bytebank e, portanto, não é colega de trabalho do Deive Loper.
Quando o Deive pergunta para a Nina por que ele se sente estranho frente a essa mudança, ela diz o seguinte:
"Deive, existem vários conceitos envolvidos nesta pergunta, mas, de maneira geral, o nosso cérebro é 'programado' para evitar mudanças...".
Já temos uma primeira controvérsia ao dizermos que o cérebro é "programado" para evitar mudanças. Continue prestando atenção às informações que traremos a seguir.
O Deive ainda está com dúvida e indaga:
"Mesmo quando essas mudanças parecem boas?".
Aqui, começaremos a introduzir alguns conceitos cujas fontes estão especificadas em outras partes do curso (em "Para saber mais" e nas atividades).
O nosso primeiro ponto de parada é a fisiologia cerebral. Abordaremos isso com mais detalhes ao longo do curso, mas, de forma geral, o nosso cérebro consome muita energia.
Por isso, ele precisa de mecanismos para que este consumo não seja excessivo. Pensemos que mudar e aprender coisas novas são atividades que demandam um grande gasto de energia. Quando falamos de fisiologia, estamos nos referindo ao funcionamento do cérebro.
O segundo ponto é que normalmente temos medo do desconhecido. Assim, quando temos um modelo de trabalho que já conhecemos e passamos para outro, sentimos medo e tentamos evitar a mudança. Esse comportamento nem sempre é consciente.
Às vezes, o ambiente em que estamos é hostil à experimentação: a chefia é muito controladora, a empresa é muito hierarquizada ou trabalhamos com colegas difíceis de lidar.
Nos casos em que o ambiente é hostil à experimentação, as mudanças serão mais traumáticas. Se, por outro lado, o ambiente for aberto à experimentação, estas mudanças acontecerão de maneira mais tranquila.
Em outros casos, evitamos mudanças porque não sentimos o apoio de um grupo. É comum que as mudanças em empresas médias e grandes deixem as pessoas agitadas. Nessa situação, o apoio se torna difícil porque o medo da mudança se generalizou (é difícil apoiar outra pessoa quando estamos com medo).
Aqui, o Deive Loper está lidando com uma mudança específica do tipo de trabalho que ele faz. Porém, sabemos que o mundo passa por mudanças constantes na tecnologia, nos modelos de negócio, nas formas de trabalhar e nos novos conhecimentos que surgem. Tudo isso gera um estresse continuado, que abordaremos em detalhe mais adiante.
Outra razão é a baixa maturidade corporativa. Por exemplo, se acabamos de chegar a uma empresa e não conhecemos bem a sua cultura ou se esta não está bem estabelecida, tudo isso dificulta mudanças.
Outros itens serão tratados ao longo deste curso. Em resumo, temos bastante coisa para trabalhar! Trataremos de conceitos importantes provenientes de estudos sérios. Estamos usando referências mundiais nestes temas como fontes para o nosso curso. Então, teremos muitas coisas para estudar. A seguir, veremos como o Deive Loper se comporta frente à mudança no seu trabalho.
Quando dissemos que a fisiologia do nosso cérebro dificulta a mudança, isso provavelmente gerou um certo incômodo. "Como assim, o funcionamento do meu cérebro vai contra a mudança?". Analisaremos isso em mais detalhes.
A Nina disse o seguinte para o Deive:
"Você já percebeu que, às vezes, temos vontade de 'continuar fazendo as coisas da mesma maneira de sempre'?".
Sabe quando bate aquela preguicinha de fazer alguma coisa diferente? Quando vamos sempre ao mesmo restaurante, pedimos sempre o mesmo prato ou fazemos as coisas sempre da mesma forma? Por que isso acontece?
Isso acontece porque o nosso cérebro é programado para "poupar energia".
Esse mecanismo foi importante por muito tempo. Além disso, aprender uma nova habilidade altera o nosso cérebro. "Mas como assim?".
O nosso cérebro é feito de ligações neuronais, ou seja, neurônios que se conectam. Quando aprendemos alguma coisa nova, criamos novas conexões entre os neurônios.
Isso quer dizer que o nosso cérebro está mudando fisicamente e, para essa mudança acontecer, gastamos energia. O esforço desprendido para criar essas novas ligações é entendido como um gasto energético: só faremos isso se realmente for necessário.
Por isso, às vezes, é cansativo passar um tempo estudando. Depois de concluir a nossa atividade, podemos ter uma sensação prazerosa, mas ela não é tão prazerosa durante a sua execução.
Abaixo temos uma citação de uma reportagem publicada na editoria de Ciência do El País:
"Em estado basal, o cérebro pode consumir 350 calorias em 24 horas, isto é, 20% do que costumamos gastar por dia". - Ignacio Morón, professor da Universidade de Granada e pesquisador do Centro de Pesquisa Mente, Cérebro e Comportamento.
Então, perceba o seguinte: só o nosso cérebro pode consumir 20% de toda a energia que gastamos em um dia. O professor Ignacio Morón afirma que o cérebro não é como as demais partes do nosso organismo, que gastam mais energia durante o dia e reduzem a perda energética à noite.
O cérebro tem um gasto energético quase constante, independentemente do que estamos fazendo: dormindo ou fazendo uma prova.
Isso faz com que, quando dormimos, o cérebro gaste mais energia se comparado às outras partes do nosso corpo. Por gastar muita energia, ele adota mecanismos para poupar o gasto calórico. Lembre-se: estamos falando de um órgão vital que não deve gastar mais energia do que aquela que está disponível.
Imagine as pessoas que viviam na pré-história e precisavam caçar seu próprio alimento. Nesse contexto, gastar energia era considerado um risco, porque a próxima refeição era sempre incerta. Essa é uma explicação da Biologia na qual podemos acreditar ou não, mas o fato é que o nosso corpo evoluiu de modo a poupar energia sempre que possível.
Com esse histórico, o nosso cérebro desenvolveu mecanismos e gatilhos de economia de energia. É óbvio que temos muito mais tempo de desenvolvimento do nosso corpo com um estilo de vida anterior à Era Moderna, com sua fartura de alimentos e refeições com grande carga calórica, como os fast-foods.
Hoje, vivemos o problema contrário: países como os Estados Unidos enfrentam a obesidade como um problema de saúde pública porque existe um excesso de calorias na alimentação das pessoas.
Algumas das informações que trouxemos para este curso estão no livro "Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar", do Daniel Kahneman. Essa obra traz um conhecimento muito interessante: o autor nos mostra que o nosso cérebro tem dois "sistemas", dois modos de trabalho diferentes.
É como se o nosso cérebro tivesse duas formas distintas de trabalhar. Ele chamou essas duas formas de Sistema 1 e Sistema 2, para não dedicar muito tempo do livro contextualizando os nomes.
Por outro lado, devemos pensar que esse tópico pode ser difícil de conceituar porque, afinal, ainda sabemos pouco sobre o nosso cérebro do ponto de vista fisiológico.
Falaremos de neurociência mais adiante, mas ainda existem muitas lacunas no nosso conhecimento sobre o funcionamento do cérebro, que é um tanto difícil de explicar.
O Sistema 1 é mais ligado à nossa intuição, funciona mais rápido e é pouco criterioso. Imagine, por exemplo, que você precisa decidir se vai ou não tomar um sorvete. Você decide: "Eu vou". Se alguém te perguntar: "mas por quê?" e você provavelmente responderá "não sei, me deu vontade".
É uma forma rápida de tomar uma decisão. Você não avaliou se o clima está quente ou não, se deveria ingerir essas calorias agora, etc. Você simplesmente decidiu de maneira intuitiva.
Já o Sistema 2 é mais lento, criterioso e gasta mais energia. Por exemplo: a decisão sobre se devemos ou não comprar um carro. Esse processo decisório difere daquele usado para o sorvete.
Precisamos decidir como faremos o pagamento (se à vista ou em prestações), se a compra vale a pena ou não, se o carro é bom e atende às nossas necessidades, se temos dinheiro para adquirir essa dívida agora, quanto tempo levaremos para quitá-la e assim por diante. Assim, gastamos muito mais energia para avaliar todos esses pontos do que no primeiro exemplo.
Por isso, alternamos as nossas tomadas de decisão entre o Sistema 1 e o Sistema 2. A dúvida que fica é: será que temos o controle sobre quando usar um ou outro? Descobriremos como isso funciona a seguir.
O curso Gestão de mudanças: uma visão comportamental possui 133 minutos de vídeos, em um total de 37 atividades. Gostou? Conheça nossos outros cursos de Administração e Gestão em Inovação & Gestão, ou leia nossos artigos de Inovação & Gestão.
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