Acessibilidade digital: compreenda a importância de criar conteúdos acessíveis e aprenda 7 dicas incríveis!

Acessibilidade digital: compreenda a importância de criar conteúdos acessíveis e aprenda 7 dicas incríveis!
Karen Shinoda
Karen Shinoda

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Você sabia que dependendo da forma como publicamos conteúdos na internet podemos criar barreiras que impossibilitam a compreensão dessas informações?

Quando criamos e divulgamos conteúdos, o nosso principal objetivo é que o maior número de pessoas acesse esse conteúdo e tenha contato com as informações que queremos transmitir: um texto para um blog, um artigo, divulgação de uma marca, promoção de um produto, envio de um email, enfim. Por isso é tão importante criarmos conteúdos acessíveis a todas as pessoase é sobre esse tema que vamos discutir. Vamos lá?

O que é acessibilidade digital?

Antes de falarmos sobre acessibilidade digital, vale a pena conceituarmos alguns termos que são essenciais para entendermos melhor o assunto:

Acessibilidade: oferecer possibilidades de transpor as barreiras que existem na sociedade, garantindo que todas as pessoas possam participar dos diversos âmbitos sociais. Dentre esses âmbitos estão informação e comunicação, inclusive, seus sistemas e tecnologias.

Barreira: segundo a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), barreira é qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa.

Deficiência: a LBI considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Inclusão: a inclusão defende que a sociedade deve ser modificada e se adaptar para incluir todas as pessoas.

Tecnologias assistivas: recursos e serviços que oferecem possibilidades de acesso, uso e participação às pessoas com deficiência, visando a sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.

Agora que os termos foram devidamente apresentados, devemos levar em consideração que, de acordo com a W3C (World Wide Web Consortium), a acessibilidade digital serve como auxílio para que sites, ferramentas e tecnologias sejam projetados e desenvolvidos para que pessoas com ou sem deficiência possam usar, navegar, interagir e entender o conteúdo com autonomia, ou seja, uma internet acessível para todo mundo.

Além disso, é importante ressaltar que qualquer pessoa pode encontrar barreiras ao acessar algum conteúdo digital, mas as que apresentam algum tipo de deficiência acabam sendo as mais prejudicadas. Sendo assim, a ideia é garantir que redes sociais, blogs, sites, aplicativos possam ser interpretados, por exemplo, por tecnologias assistivas.

Para que tenhamos noção da nossa realidade, trouxemos alguns dados:

Segundo o Censo Demográfico do IBGE de 2010 quase 24% da população brasileira, aproximadamente 45 milhões de pessoas, possui pelo menos um tipo de deficiência.

Em contrapartida, uma pesquisa realizada pela MWPT (Movimento Web para Todos) aponta que menos de 1% dos sites são acessíveis.

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E você sabia que acessibilidade é lei?

Sim, a acessibilidade está amparada pela legislação brasileira em documentos, como:

  • A Lei nº 10.098, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida;

  • O Decreto nº 5.296, que regulamenta a lei citada anteriormente;

  • O Decreto nº 6.949, que promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência;

  • A Lei nº 13.146, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

Por meio dessas informações, percebemos que existe uma grande parcela da população que está sendo privada do acesso ao meio digital por falta de recursos e acessibilidade, sendo que é um direito delas. Bora mudar esse cenário?

Antes das 7 dicas incríveis, vamos entender alguns benefícios de criarmos conteúdos acessíveis:

1- Reconhecimento positivo da marca

Quando nos preocupamos em desenvolver materiais digitais acessíveis a todas as pessoas, inclusive àquelas com deficiência, conquistamos reconhecimento positivo pela sociedade, já que estamos garantindo que o nosso público em geral tenha acesso àquela informação.

Isso também é vantajoso em termos de concorrência, pois saímos à frente de muitas marcas por aí.

2- Possibilidade de ampliar o seu nicho

Como a maior parte das marcas não explora esse público e devido à escassez de materiais digitais inclusivos, esse segmento pode ser um enorme potencial, já pensou nisso?

3- Melhora no ranqueamento no Google

Opa, alguém falou em atingir o topo da página nas pesquisas do Google? Sim, é exatamente isso! O grande objetivo do SEO (Otimização para Motores de Busca, na sigla em inglês) é o aumento do tráfego, e um site mais acessível é, consequentemente, mais acessado.

Outra questão que ajuda no ranqueamento é a experiência da pessoa usuária. Há vários fatores que influenciam na boa experiência, como a própria acessibilidade, e isso é considerado pelo Google na hora de definir quem deve aparecer nos primeiros resultados da pesquisa.

Você imaginava que existiam tantos benefícios ligados à acessibilidade digital? Se não sabia, agora não só já sabe, como vai aprender, na prática, a aplicar tudo o que abordamos até aqui… Bora pras dicas!

Dicas de como criar conteúdos acessíveis

Muito legais e importantes as informações transmitidas até aqui, certo? Mas vamos para a parte prática com dicas que deixarão o seu conteúdo mais acessível.

1- Conhecer as tecnologias assistivas

É importante que você conheça as tecnologias assistivas para que possa adaptar o seu conteúdo a diversas deficiências. Uma pessoa surda, por exemplo, faz uso de dispositivos de interpretação para LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), já uma pessoa cega, usa softwares de leitura de tela.

2- Utilizar linguagem simples

O uso de uma linguagem simples é importante na hora que estamos desenvolvendo conteúdos. Existem outros recursos que podemos utilizar até mesmo para aumentarmos o impacto da mensagem que queremos passar, como o copywriting. copywriting. Mas sabe quando falamos anteriormente que qualquer pessoa pode encontrar barreiras no meio digital? Isso se encaixa perfeitamente aqui.

Utilizar linguagem acessível significa recorrer a termos simples que não exijam muito esforço para compreendê-los. Afinal, você não quer que as pessoas deixem de consumir seus conteúdos por falta de entendimento da sua comunicação.

Estabelecer empatia, usar palavras conhecidas, evitar jargões e termos técnicos, são algumas dicas para desenvolver uma linguagem simples.

Claro que aqui vale ressaltar que tudo dependerá do seu público, ter isso bem definido ajudará a estabelecer uma comunicação clara e objetiva.

3- Praticar a descrição de imagens

Os alts (do inglês alternative text), são descrições que acompanham as imagens utilizadas em páginas da web, e-books e outros documentos eletrônicos.

O principal objetivo dos alts é possibilitar que pessoas cegas ou com baixa visão acessem a conteúdos com imagens, melhorando sua experiência de navegação.

Mas que imagens descrever?

Em teoria, todas as imagens em um texto devem ser descritas, exceto aquelas meramente decorativas, como as que compõem o layout de uma página.

Como fazer uma boa descrição?

Pergunta de milhões! Aqui na Alura temos um manual interno, criado pela equipe que faz a transcrição dos cursos, e nele a orientação é que uma boa descrição deve ser correta, clara, concisa e específica.

Ela deve ser correta, pois precisamos usar termos apropriados para descrever os elementos de uma imagem. O exemplo do manual é ótimo: se a imagem é de um cachorro, seria errado descrevermos “fotografia de um gato”, e não seria errado, mas pouco interessante, descrevermos “fotografia de um animal”, a informação fica muito vaga, não fica?

Clara, pois devemos evitar ambiguidades e mal-entendidos.

Concisa, devemos usar frases curtas e objetivas.

E específica, pois devemos entender que cada imagem tem um contexto que demanda um tipo diferente de descrição.

Passo a passo para descrever uma imagem

Procure descrever os elementos que compõem a imagem seguindo a seguinte estrutura:

Formato > Sujeito > Paisagem > Ação

Formato: é sempre interessante começar a descrição esclarecendo do que ela se trata - fotografia, ilustração, gráfico, captura de tela etc. - Importante: para não repetir a informação, não comece descrições com “imagem de”, já que leitores de tela informam automaticamente que o elemento é uma imagem.

Sujeito: nome da pessoa, um animal, uma criança, nome do objeto.

Paisagem: na rua, na sala, no escritório, cor em destaque, clima.

Ação: está sorrindo, está sentada, está pulando.

Que tal fazermos um exercício? Observe a imagem a seguir, como você a descreveria?

Foto de um homem negro carregando uma criança negra nas costas, ambos com os braços abertos, sorriem com os lábios entreabertos. Ele veste uma camisa aberta vermelha escura e uma camiseta branca por baixo, a criança está com uma blusa cinza clara de moletom. Estão ao ar livre iluminados pela luz do sol, ao fundo árvores desfocadas com galhos altos e folhas verdes.

Legenda: pai carregando a filha nas costas

Como nós faríamos: foto de um homem negro carregando uma criança negra nas costas, ambos com os braços abertos, sorriem com os lábios entreabertos. Ele veste uma camisa aberta vermelha escura e uma camiseta branca por baixo, a criança está com uma blusa cinza clara de moletom. Estão ao ar livre iluminados pela luz do sol, ao fundo árvores desfocadas com galhos altos e folhas verdes.

O que não fazer ao descrever uma imagem?

  • Não descreva emoções: nunca use expressões, como: está feliz, está com raiva, está com medo, pois são subjetivas. Descreva apenas as características: está sorrindo, boca entreaberta, posição das mãos. Evite, também, fazer analogias, como sorriso maroto, olhar sedutor.

  • Não use adjetivos: cada pessoa tem seus gostos e conceitos de beleza, dessa forma, o que pode ser bonito para mim, pode não ser para você. Portanto, não utilize “ela está linda, maravilhosa”. Caso você queira passar essa ideia, descreva o que está deixando a pessoa linda, como roupas, maquiagem, acessórios que ajudem a compor esse conceito.

  • Não repita o texto da legenda no texto alternativo: os leitores de tela lerão as duas informações, sendo que apenas uma já é suficiente. O texto alternativo deve ser utilizado para descrever detalhes adicionais da imagem, que não foram citados na legenda.

4- Atenção à formatação dos textos

Disponibilizar os textos de forma organizada e acessível às tecnologias assistivas é essencial e por isso, precisamos nos atentar a alguns fatores:

4.1 - Hierarquia de cabeçalhos

Provavelmente, antes de iniciar a leitura deste texto, você percorreu pelos títulos e subtítulos para saber quais seriam os temas a serem discutidos. Fazemos isso para verificar se a leitura será interessante, se trará conteúdos relevantes para o nosso aprendizado.

Imagine que uma pessoa cega queira fazer a mesma coisa, mas não existe uma organização, os textos são corridos sem indicação dos assuntos. Difícil, não é mesmo? Por isso, é essencial aplicarmos a hierarquia de cabeçalhos indicados pelas tags <h1>, <h2>, <h3>..., que nada mais são do que títulos e subtítulos, para que leitores de telas possam transmitir as informações corretas e de forma organizada.

4.2 - Alinhamento do texto

Manter o texto alinhado à esquerda, por exemplo, facilita a leitura de pessoas com deficiência intelectual, porque garante a fluidez da leitura já que as quebras das linhas ficam mais perceptíveis.

O espaçamento adequado entre letras, palavras, linhas e parágrafos também tornam o texto mais escaneável. Por isso, aposte em uma leve separação entre os blocos, deixando-os bem nítidos.

4.3 - Contraste de cores

É importante criar conteúdos que apresentem uma boa relação de contraste entre o plano de fundo e a fonte. A percepção de pessoas com baixa visão ou com daltonismo pode ser bastante prejudicada por um contraste ruim.

Segundo as Diretrizes de Acessibilidade ao Conteúdo da Web (WCAG) a recomendação é que a taxa de contraste seja no mínimo 4.5:1 para texto normal.

4.4 - Seleção da fonte

Assim como o contraste, o tamanho e estilo da fonte importam muito para pessoas com baixa visão.

Por isso, é recomendado utilizar fontes sem serifa e simples, pois são mais fáceis de ler.

Fontes mais utilizadas: Arial, Calibri, Tahoma, Verdana.

Evite: Book Antiqua, Cambria, Courier New, Times New Roman, fonte cursiva, TEXTO TODO EM MAIÚSCULO ou texto todo em itálico.

4.5 - Links acessíveis

Os links são muito utilizados, pois direcionam leitores à páginas relacionadas com o assunto, como fizemos em diversos trechos deste texto. Para você acessar esses links pode não ser tão complicado, mas para pessoas que dependem de leitores de tela ou navegam pelo teclado não é tão simples assim.

Por isso, o link deve fazer sentido mesmo quando lido fora do contexto da página, como feito anteriormente ao indicar uma recomendação sobre contraste, neste caso utilizamos o nome do documento:

Segundo as Diretrizes de Acessibilidade ao Conteúdo da Web (WCAG)...

4.6 - Hashtags

Esse recurso é bastante utilizado nas redes sociais e nas estratégias de marketing. Mas será que pessoas que utilizam leitores de tela entendem essa marcação? Sim, se cada palavra estiver com letra maiúscula, como em #AluraEducação.

4.7 - Emojis

Sempre que recorrer a este recurso, utilize como imagem 🙂 em vez de usar caracteres :). Isso porque leitores de tela não entendem os caracteres, mas o emoji “smile”, por exemplo, sim. Essa prática facilitará o entendimento das pessoas.

5 - Vídeos com legenda

Sobre este tópico vale ressaltar que legendar vídeos não beneficia apenas as pessoas com deficiência auditiva, mas também àquelas que assistem vídeos sem áudio.

Uma pesquisa revela que 85% dos vídeos do Facebook são assistidos sem som.

Outra dica importante que torna seus conteúdos em vídeo mais acessíveis é apostar em uma boa transcrição, pessoas com ou sem deficiência utilizam muito esse recurso para compreender melhor o assunto abordado.

6- Conteúdo em diversos formatos

Aposte em criar conteúdos em formatos diferentes: texto, vídeo, podcast, infográfico. Isso porque cada pessoa tem um jeito próprio de aprender. Portanto, investir nessa estratégia permite que mais pessoas usuárias tenham acesso à mensagem que pretende transmitir.

7- Pesquise e esteja sempre por dentro das novidades

Aplicar as dicas que disponibilizamos neste artigo é o primeiro passo para tornar seus conteúdos acessíveis, mas não para por aqui.

É imprescindível que você esteja sempre se atualizando, estudando, pesquisando e o mais importante, se preocupando em levar o seu conteúdo a todas as pessoas, tornando o ambiente digital cada vez mais inclusivo e livre de qualquer barreira que possa limitar ou invalidar o direito das pessoas de viverem com autonomia.

Caso queira saber um pouco mais sobre o assunto ouça o podcast Acessibilidade Web do Hispsters ponto tech em que o Paulo Silveira e seus convidados discutem, de maneira descontraída, alguns pontos que melhoram a experiência das pessoas usuárias ao navegarem na web.

Esperamos que tenha curtido as dicas e até a próxima!

Karen Shinoda
Karen Shinoda

Pedagoga e letróloga, trabalha como Designer de Aprendizagem no time de Didática, aqui na Alura. Apaixonada por educação, atua na área há mais de 10 anos. Curte assuntos relacionados à experiência de aprendizagem, acessibilidade e tudo que envolve educação a distância.

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