Monorepo: como usá-lo para desenvolver e integrar grandes projetos

Monorepo: como usá-lo para desenvolver e integrar grandes projetos
Camila Pessôa
Camila Pessôa

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Não sei se isso já aconteceu com você, mas sabe quando você começa a conhecer um assunto e sua energia para aprender a respeito disso vai lá em cima?

Então, desde que comecei a estudar sobre Monorepos. fiquei bastante empolgada (muito mesmo) com as possibilidades dessa prática de desenvolvimento.

A imagem em loop mostra uma animação de garotinha com roupas tradicionais mexicanas. É a personagem Agnes, do filme “meu Malvado favorito”. Um chapéu grande que se chama sombrero. Ela grita animada “Arriba!”.

Fonte: tenor.com

No entanto, a primeira coisa que nos deparamos é com a enxurrada de material sobre o assunto e isso pode nos deixar meio confusos sobre a principal ideia por trás do uso de Monorepos - ou mesmo sobre o que são monorepos!

Apesar do que se pode imaginar, a prática de desenvolvimento com Monorepos não é algo novo. Recentemente a estratégia voltou como tendência e ganhou notoriedade com cases de sucesso como da Google e Uber.

A imagem em loop mostra um homem caucasiano com óculos, moletom e uma blusa de cor escura. Atrás dele há um prédio e ele move os braços como se estivesse nadando e vai se aproximando da câmera. Há uma pequena afirmação no canto inferior da imagem com os dizeres: “EU VOLTEI!”.

Fonte: tenor.com

O que são monorepos?

Monorepo, como o nome sugere, vem de mono (monolithic) repositório (repository), ou seja, é um único repositório para vários projetos ou dependências (é diferente de uma aplicação monolítica).

Em outras palavras, é uma prática de desenvolvimento de software que mantém um projeto maior com todo o código e vários pequenos projetos em seu interior.

Não entendeu? Posso te explicar melhor...

Vamos olhar um pouco mais de perto com uma representação de um Monorepo. Logo abaixo podemos observar um exemplo de várias aplicações em uma única organização, um único repositório, essa estrutura configura o que entendemos como um Monorepo:

A imagem apresenta um organograma. Há um retângulo com o nome “Org1”. Abaixo do retângulo “Org1” há vários retângulos ligados a ele por linhas retas. Eles têm os nomes: “App 1”,  “Lib 1“, “App 2”, “Lib 3”, “Lib 2”.

Fonte: monorepo.tools

As aplicações e bibliotecas estão vinculadas a um único repositório. Essa prática centraliza os processos e garante a visibilidade de todos os projetos por todas as equipes envolvidas. Nesse sentido, é preciso ficar atento às mudanças, pois uma alteração em um projeto pode comprometer o comportamento de outros. Algo que é bem diferente no sistema de Poly-repo ou Multi-repo.

Mas você deve estar se perguntando: Poly-repo? Multirepo? como assim? Como isso funciona? Para facilitar a visualização, vamos observar o que seria um Poly-repo ou Multi-repo:

A imagem apresenta um organograma. Há um círculo no meio com a frase “library repo”. Círculos menores orbitam ao seu redor e uma seta indica que diferentes aplicações com os nomes “app 1 repo”, “app 2 repo”, “app 3 repo”, “app 4 repo” estão conectadas a “library repo”.

Fonte: monorepo.tools

A figura acima representa o conhecido Multi-repo (multiple repository) ou Poly-repo. Em sua estrutura, observamos que há vários repositórios contendo diferentes aplicações e eles se relacionam com uma Library Repo, uma espécie de base de dados para dependências. Dessa forma temos maior independência entre os projetos e consequentemente, uma descentralização entre times.

Outra forma de entendermos é com o uso de casos. Vamos lá?

Imagine que seu cliente solicita um e-commerce com mobile, front-end e um sistema desktop. O seu tech lead, ou seja, o líder técnico de sua equipe, sugere que cada time trabalhe com um projeto e um repositório distinto para sua aplicação.

A escolha de Multi-repos para esse projeto gera, então, no mínimo 3 pull-requests e reviews diferentes, 3 deploys, maior quantidade de dependências ou até sua duplicação e às vezes o lançamento de uma feature em um projeto antes do outro.

Algo interessante é que a arquitetura Multi-repo proporciona maior autonomia aos times, pois podem realizar modificações em seus repositórios sem necessariamente comprometer os outros projetos. Porém, é comum o multi-gerenciamento gerar algumas dores de cabeça.

Por outro lado, a arquitetura de Monorepo permite maior transparência e centraliza os processos. O que isso quer dizer? Com a prática de versionamento unificado, o gerenciamento de dependências também se torna mais simples.

Além disso, esse compartilhamento de código favorece a prática das chamadas alterações atômicas (atomic commit), que são operações visando a implementação de apenas uma feature ou correção de um único erro. Em teoria, isso facilita a refatoração em larga escala e mantém a consistência do código.

Um exemplo clássico para fazer essa diferenciação é a estruturação de uma aplicação monolítica em Poly-repo ou Multi-repo em Monorepo, olha só:

Da esquerda para a direita, temos uma coluna com a palavra “Monolith” no topo e um retângulo com a palavra “Project” e o nome “Git” abaixo. Há uma seta apontando para outra coluna à direita, com a palavra “Multi-repo” no topo. Abaixo dela vemos quatro retângulos, nos quais está escrito “Project 1”, “Project 2”, “Project 3” e “Project 4”, com uma palavra “Git” correspondendo a cada um. Outra seta aponta para outra coluna à direita, onde está escrito “Mono-repo” no topo e há quatro retângulos, nos quais está escrito “Project 1”, “Project 2”, “Project 3” e “Project 4”. Nesse caso, há apenas uma palavra “Git” abaixo de todos os projects.

Fonte: medium.com

Primeiro temos uma aplicação monolítica que divide seus quatro projetos em quatro repositórios, os Multi-repo. Já o monorepo utiliza apenas um repositório para englobar os quatro projetos.

Que tal experimentarmos um Monorepo na prática? Confira o tutorial no Github e como é a carinha de um Monorepo com uma estrutura simplificada, olha só: Tutorial Monorepo JavaScript.

Bacana, não é?

A curta animação em repetição imagem apresenta um desenho de uma garota de pele clara, cabelos ondulados e na cor castanho claro, e olhos claros. O foco está no rosto da personagem e o dedo indicador levantado. Ela sorri para a tela e pisca com o olho esquerdo.

Fonte: wifflegif.com

Desafios no uso de Monorepos

Ah, mas se os Monorepos são uma solução tão boa, por que então não é usado por todo mundo?

Diante de todos os benefícios que essa arquitetura proporciona, alguns desafios também surgem. Afinal, quando o assunto é a escolha de uma técnica ou ferramentas, sempre vamos cair no limbo do “depende”.

Nesse sentido, vamos conhecer também alguns desafios na implementação de Monorepos:

  1. Velocidade: os desenvolvedores precisam criar estratégias de automatização que entendam a base de código. Além disso, em um primeiro momento, pode demorar um pouco para a pessoa desenvolvedora entender como sua contribuição pode impactar todos os projetos;
  2. Orquestração de processos: como todos os projetos estão em apenas um repositório, qualquer pequena alteração pode comprometer diferentes aplicações. Dessa forma, realizar automação, gerenciamento e coordenação de processos é uma tarefa complexa;
  3. Complexidade: Monorepos não são tão simples assim, há muito para gerenciar e também um commit pode quebrar mais de um projeto. Mapear o que é funcional em um package, ou em vários packages e aplicações, é uma tarefa complexa e nem sempre está bem documentada. Dessa maneira a automatização de scripts deve ser precisa e muito bem feita para funcionar corretamente;
  4. Segurança: a estrutura permite o acesso de todas as pessoas desenvolvedoras em todos os projetos. Embora esse ponto não devesse ser um problema, visto que toda a equipe deveria zelar pela segurança das informações, já há ferramentas específicas para a manutenção da segurança de informações sensíveis em Monorepos.

Para facilitar e reduzir alguns desses desafios, há diversas ferramentas, como: Yarn Workspaces, Lerna, Expo Monorepos, NPM Workspaces.

Ok, agora a confusão aumentou… então, quando parece uma boa ideia utilizar Monorepos com minha equipe?

Quando usar Monorepo?

Uma das principais características dos Monorepos é a visibilidade e colaboração!

Dessa maneira, quando houver necessidade de maior compartilhamento e reutilização de código, podemos considerar isso um indicativo de que possivelmente sua empresa precisa repensar a prática de versionamento.

Pensando nisso, trouxe aqui uma lista com algumas circunstâncias a serem consideradas na hora de escolher um único repositório para gerenciar seus projetos:

  • Deseja maior colaboração entre os times;
  • Necessidade de ter uma única fonte de verdade;
  • Deseja compartilhar e reutilizar o código facilmente;
  • Maior visibilidade no momento de gerenciar dependências (quando você realizar uma mudança, todo o resto do código será impactado?);
  • Deseja realizar uma operação para várias mudanças em múltiplos projetos: atomic changes (alterações atômicas);
  • Deseja realizar mudanças e refatoração em larga escala.

Nunca é demais lembrar que não existe fórmula mágica! É necessário avaliar cada caso e verificar se os custos de implementação de Monorepos são viáveis e fazem sentido no contexto dos seus projetos.

Por fim, vou deixar nossa colinha com algumas das principais vantagens no uso de Monorepos:

Diagrama com a palavra “Monorepo” ao centro. Algumas expressões estão ligadas a “Monorepos” por setas. São elas:  Múltiplas linguagens e frameworks, compartilhamento extensível de código, alterações atômicas, refatoração em larga escala, colaboração entre times, visibilidade, consistência.

Fonte: elaboração própria

Conclusão

É interessante observar a “volta” de estratégias que pareciam obsoletas e que eram utilizadas em outro contexto, não é?

O caso desse “retorno” do uso de Monorepos por grandes empresas agora é bastante representativo nesse sentido, pois a prática era comumente pensada para projetos pequenos e que possuíam uma equipe pequena também.

No entanto, sua aplicação em projetos gigantes que atuam com múltiplos times e milhares de dados se tornou uma solução viável ao problema de gerenciamento.

Sabemos que no início sempre há aquele trabalho de implementação. É um processo parecido com uma obra em prédios ou em nossa casa, fica aquela poeira e várias paredes quebradas, mas no fim tudo fica em ordem e bem melhor do que era anteriormente.

A situação de fato é compreender a necessidade da estratégia e se realmente irá trazer ganhos ao processo de desenvolvimento do projeto.

Vamos explorar o poder do Monorepo?

A pequena animação em repetição mostra três garotas, uma embaixo da outra. Todas têm a pele clara. A primeira possui olhos e cabelos curtos azuis e veste uma roupa de marinheiro, o fundo é verde escuro e um tom mais claro. A segunda tem olhos azuis e longos cabelos loiros, o fundo varia entre azul e rosa. A terceira tem olhos escuros e cabelos longos negros e traja uma blusa de cor clara com um macacao cor de rosa. O fundo varia em tons de preto e vermelho. Elas estão desalinhadas, a primeira está para a esquerda, a segunda para a direita e a terceira para a esquerda. Elas então gesticulam com os braços e nesse momento ficam alinhadas no centro. Ao final do vídeo há um destaque nos olhos das personagens.

Fonte: images6.fanpop.com

E você, utiliza Monorepo ou Multi-repo? Quais os desafios e vantagens que encontrou? Compartilha sua opinião em suas redes sociais e marque a gente!

E então, vamos aprender mais?

Camila Pessôa
Camila Pessôa

Olá, sou a Camila ! Tenho 33 anos, sou mãe e ingressei na área de tecnologia por meio da robótica educacional. Participei do Bootcamp { Reprograma } com foco em Back-End /Node.js e curso Sistemas de Informação.Atualmente faço parte do Scuba-Team e tenho grande paixão por educação e tecnologia, pois acredito que essa combinação é transformadora!

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