Você sabia que o primeiro código do mundo foi escrito por uma mulher?

Você sabia que o primeiro código do mundo foi escrito por uma mulher?
Beatriz Coelho
Beatriz Coelho

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Claro, você já sabe que o dia 8 de março é o “dia das mulheres”. Se você não lembrava, as cem empresas que têm seu e-mail já enviaram um lembrete para sua caixa de entrada.

O que talvez você ainda não saiba é a história que existe por trás desse dia. E, para ser sincera, essa é a melhor parte.

Se você investigar mais profundamente, 8 de março não é apenas uma data no calendário. Mas um símbolo poderoso que tem suas raízes nas vozes incansáveis de mulheres trabalhadoras do século passado.

Hoje em dia, ele ressoa como um chamado global pela igualdade de gênero e pelos direitos fundamentais das mulheres.

E, como não poderia ser diferente, essa luta por direitos básicos também chegou ao mercado: diferença de salários, maternidade, acúmulo de funções, trabalho de cuidado e todos os outros assuntos que permeiam esse assunto.

Pensando nisso, esse artigo tem o objetivo de contar um pouco dessa história e te apresentar algumas mulheres na tecnologia para inspirar sua trajetória :)

História do dia 8 de março: menos celebração, mais conscientização

É provável que você já saiba que algumas datas comemorativas foram criadas a partir de interesses comerciais. É o caso, por exemplo, do dia dos namorados.

Não por menos, essas datas movimentam alguns milhares de reais em vários setores da economia.

Por isso, é natural que as pessoas imaginem que o dia das mulheres tem uma origem parecida. Ou, quando menos, que as pessoas não investiguem a história por trás dessa data.

Mas não foi assim que aconteceu. O “dia das mulheres” existe desde o início do século XX na Europa e nos Estados Unidos.

Muito antes, inclusive, da oficialização da data pela Organização das Nações Unidas — que só aconteceu em 1975.

Existem muitos caminhos diferentes para contar a origem dessa data. Ao que parece, todas essas histórias são, na verdade, movimentos e avanços simultâneos que aconteceram em lugares diferentes, mas que chegam no mesmo lugar.

A história mais popular é sobre o incêndio em Nova York. De fato, em 1911 aconteceu um incêndio na fábrica têxtil em Nova York, que matou mais de 100 mulheres. Muito além de um acidente, o incêndio escancarou a realidade de más condições de trabalho — ainda piores para mulheres.

Mas as raízes dessa data são ainda mais profundas. Na verdade, o dia oito de março trata da história de mulheres reunidas para lutar por direitos básicos.

Tudo começou com diferentes grupos de mulheres operárias que passaram a reivindicar por melhores condições de trabalho. A história é antiga, mas também bastante atual, não é?

Um desses movimentos aconteceu na Rússia. Mais precisamente, em 23 de fevereiro de 1917, quando um grupo de operárias russas saiu em protestos pelas ruas de São Petersburgo contra a fome e em oposição à Primeira Guerra Mundial.

Esse movimento ficou conhecido como “Pão e Paz”. Inclusive, uma das consequências dessa manifestação foi a Revolução Russa.

E o Dia das Mulheres, em 8 de março, parte daí. De 23 de fevereiro até 8 de março contam-se 13 dias, exatamente a diferença entre os calendários juliano (que a Rússia usava na época) e gregoriano (que a maioria dos países usa até hoje).

Assim, a data foi instituída como uma homenagem às mulheres heróicas e trabalhadoras da época.

A primeira pessoa programadora do mundo foi uma mulher

Agora, me conta, você sabia que o primeiro código do mundo foi escrito por uma mulher: Ada Lovelance?

Ada nasceu em 1815 na Inglaterra, filha de uma matemática brilhante, Anne Isabella Byron, e um poeta, Lord Byron.

Sua trajetória de vida é bastante similar à história de muitas mulheres da sua época: foi abandonada pelo pai quando ele descobriu que teria uma filha, não um filho.

Nesse contexto, foi criada exclusivamente por sua mãe e educada nas ciências exatas. E foi nessa área que se dedicou.

Na foto é possível ver a imagem de uma mulher branca com estética e roupas que remetem ao século passado

Mais tarde, trabalhou com o cientista Charles Baggage, “o pai do computador”, e mergulhou nos estudos sobre invenção.

A partir disso, entendeu que as máquinas teriam capacidade de processar informações através de sequências numéricas e… escreveu o primeiro algoritmo da história.

<> https://github.com/caelum/cosmos/blob/master/alura/artigos/assets/dia-da-mulher-origem-oito-marco-primeira-programadora-historia-spoilers-novo-projeto/primeiro-algoritmo-historia.png)

Tudo isso em um contexto que desconsiderava mulheres no mundo intelectual. Augustus de Morgan chegou a escrever para Anne Isabelle que, “apesar das habilidades da jovem, as mulheres não eram capazes de aprender, por não terem a mesma força dos homens” .

Como muitas mulheres pioneiras, Ada só teve seu trabalho reconhecido depois da sua morte. Mais precisamente, quase um século depois.

Ela morreu em 1852, vítima de um câncer de útero, aos 36 anos. Suas notas foram publicadas em 1953, quando a máquina analítica foi aceita como o primeiro modelo de um computador.

Foi ela quem previu que os computadores fariam mais do que simples cálculos matemáticos e criou o primeiro algoritmo processado por uma máquina.

Mulheres em tech

E a lista de mulheres pioneiras e inspiradoras na tecnologia não para por aí. Junto com Ada Lovelace, outras mulheres quebraram barreiras e pavimentaram o caminho para as gerações futuras:

Mary Kenneth

Mary Kenneth Keller foi a primeira mulher a obter um doutorado em Ciências da Computação. Ela desempenhou um papel significativo na criação da linguagem de programação BASIC.

Sua visão pioneira sobre o papel dos computadores na educação e suas ideias sobre inteligência artificial destacam-se em sua biografia

Grace Hopper

A maior contribuição de Hopper sem dúvida foi durante sua atuação como analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos, nas décadas de 1940 e 1950.

Ela ficou conhecida como “vovó do COBOL” por ter desenvolvido a base para a Common Business Oriented Language, usada até a atualidade no processamento de bancos de dados comerciais.

Carol Shaw

A primeira mulher a desbravar o universo dos games, na década de 70. Quando trabalhava na Atari, ela lançou comercialmente o primeiro jogo criado por uma mulher, o 3-D Tic-Tac-Toe, que tinha como base o tradicional jogo da velha.

Depois, na Activision, ela programou seu jogo de maior repercussão: o River Raid, um clássico que ficou entre os mais populares de sua época.

Hedy Lamar

Junto com o compositor e inventor George Antheil, Hedy Lamarr criou um dispositivo de interferência em rádio para enganar os radares nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Embora inicialmente não tenha sido adotado pelo Departamento de Guerra dos EUA, o aparelho foi eventualmente utilizado por tropas em Cuba em 1962.

Sua invenção, reconhecida apenas em 1997 pela Electronic Frontier Foundation, serviu de base para o desenvolvimento das tecnologias Wi-Fi e CDMA nos anos seguintes.

Influenciadoras na tecnologia

Mesmo com tantas iniciativas para termos cada vez mais mulheres na área de tecnologia e alcançar a igualdade de gênero neste mercado, a gente sabe que ainda há muito espaço para conquistar.

Que tal buscar inspiração e aprendizado a partir do trabalho de mulheres que já ganharam notoriedade e que se destacam como influenciadoras digitais?

Michelli Brito

Ela é palestrante, instrutora de treinamentos corporativos e criadora do Decoder Project: uma formação de especialistas em Microservices Java com Spring.

Em seu canal do Youtube, ela apresenta conteúdos de programação, arquitetura de software e carreira em TI.

Loiane Groner

Além dos conteúdos nas redes, essa mulher inspiradora conta com livros publicados e já falou em conferências sobre Java, JavaScript, Sencha, Ionic, Angular e desenvolvimento moderno.

Kizzy Terra

A Kizzy Terra é cientista de dados e engenheira de computação. Ela produz conteúdo junto com o Hallison Paz no canal Programação Dinâmica, do YouTube, que já conta com 125 mil inscritos. Parceiros na vida e nos negócios, a dupla ajuda mais pessoas a terem acesso à educação de qualidade.

Andreza Rocha

Andreza Rocha é CEO e fundadora do Afroya Tech Hub, um espaço afrofuturista para desenvolvimento de projetos colaborativos que promovem e apoiam a inserção e o pertencimento de pessoas negras no ecossistema de tecnologia e inovação.

Rafa Ballerini

Apaixonada por programação e produção de conteúdo, Rafa Ballerini ajuda milhares de pessoas a se tornarem devs.

Em seu canal do youtube, conversa com mais de 180 mil inscritos, abordando especialmente tecnologias front-end, dicas de carreira e curiosidades do universo tech.

Como se tornar uma pessoa aliada à promoção da igualdade no ambiente de trabalho?

O papel dos homens é fundamental na promoção da igualdade, no combate ao sexismo e na construção de um ambiente em que todas as pessoas possam florescer livremente.

Nesse contexto, aqui estão 5 ações práticas para se tornar uma pessoa aliada em 2024:

  • Busque entender as questões de gênero e como elas afetam as mulheres. Esteja aberto para aprender e ouvir experiências diferentes das suas.

  • Esteja disponível para ouvir as experiências e perspectivas das mulheres, dando-lhes espaço para compartilhar suas histórias e desafios.

  • Intervenha se testemunhar assédio ou comportamento violento contra as mulheres. Apoie e acredite nas vítimas e denuncie casos de violência de gênero.

  • Apoie políticas de igualdade salarial, programas de diversidade e inclusão, e a promoção de mulheres em cargos de liderança.

  • Assuma responsabilidades igualmente em casa, compartilhando tarefas domésticas e cuidados com os filhos de forma justa.

O “Dia das Mulheres” aqui na Alura é uma data significativa para refletir as conquistas das mulheres ao longo da história e repensar os desafios que ainda enfrentamos.

Mas, mais do que isso: é um compromisso que firmamos muito além do dia 8 de março. A diversidade e a inclusão são valores muito importantes enquanto grupo.

Nossos dados apontam para o caminho que queremos trilhar: dentre as 534 pessoas colaboradoras da empresa, 326 são mulheres — ou seja 61%. Dentre essas mulheres, 54 estão em posição de liderança.

Mas esse é só o começo. Nós queremos criar um ambiente de trabalho cada vez mais inclusivo, que ouve, respeita e valoriza todas as vozes.

Beatriz Coelho
Beatriz Coelho

Beatriz é Bacharela e Mestra em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. É responsável pela estratégia e gestão de conteúdo do blog da Alura. Escreve para blogs desde 2020. Acredita que conhecimento bom é conhecimento compartilhado e construído por todas as pessoas.

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