Artigo

Como a vulnerabilidade na liderança pode fortalecer equipes

Athena Bastos

Athena Bastos


Em muitas empresas, a imagem de uma liderança forte era associada à ausência de falhas, emoções ou dúvidas, sendo sinônimo de autoridade inabalável e controle total.

No entanto, o cenário organizacional atual, marcado por mudanças constantes, alta complexidade e equipes cada vez mais diversas, se faz necessário um novo tipo de liderança: a liderança vulnerável. Essa vulnerabilidade na liderança emerge como um diferencial estratégico, desafiando antigas noções de autoridade.

Apesar da palavra vulnerável ser associada a fraqueza, uma liderança vulnerável tem um conceito diferente. No contexto corporativo, ela significa ter coragem de reconhecer incertezas, pedir ajuda quando necessário, demonstrar empatia e se conectar de forma genuína com as pessoas da equipe.

Dessa forma, a importância da vulnerabilidade na liderança é cada vez mais reconhecida nas organizações modernas. Ao adotarem uma postura aberta, líderes demonstram coragem e humanidade, promovendo um local de trabalho onde as pessoas se sentem seguras para expressar suas ideias e preocupações sem medo de julgamentos.

Continue a leitura desse artigo para entender melhor o que significa a palavra “vulnerabilidade” na liderança e como essa habilidade pode impulsionar a confiança e o engajamento dentro das organizações.

O que é vulnerabilidade?

A palavra “vulnerabilidade” vem do latim vulnerabilis, que significa “aquele(a) que pode ser ferido(a)”. No contexto organizacional, a vulnerabilidade não está ligada à fraqueza de uma pessoa, mas à sua disposição em se mostrar como realmente é, com forças e limitações.

Ser vulnerável implica em se expor com autenticidade — um ato que exige coragem, criando espaço para uma comunicação mais verdadeira e relações mais fortes.

Portanto, ao questionar o que são vulnerabilidades, podemos resumir este conceito em um ato de coragem e uma das competências socioemocionais mais importantes para lideranças modernas, mostrando que todas as pessoas, independentemente do cargo, são humanas e imperfeitas.

VEJA TAMBÉM:

O que é vulnerabilidade na liderança?

A vulnerabilidade na liderança, como mencionamos, é a capacidade de se abrir, admitir erros, pedir ajuda e mostrar autenticidade, mesmo quando se está em posições de autoridade.

Ela envolve reconhecer que nem sempre é possível ter todas as respostas e que compartilhar dúvidas ou desafios com a equipe não diminui a liderança, mas fortalece as relações dentro da equipe.

Segundo Brené Brown, cientista social e uma das principais referências mundiais na pesquisa sobre vulnerabilidade e liderança, no seu livro “A Coragem de ser Imperfeito”, a vulnerabilidade é “a base da inovação, da criatividade e da mudança”. Isso significa que líderes que demonstram vulnerabilidade criam ambientes mais abertos, colaborativos e seguros psicologicamente, onde as pessoas se sentem à vontade para propor mudanças, experimentar e até errar.

Ou seja, em vez de ser uma postura de um(a) líder inseguro(a), a liderança vulnerável é uma prática de coragem e autoconhecimento, capaz de conectar a gestão à equipe de forma mais humana, eliminando barreiras hierárquicas e estimulando a confiança mútua.

Leia também: O que é a abordagem empowerment e como adotá-la em empresas?

Existe confiança na liderança vulnerável?

Segundo o Panorama Gestão de Pessoas, da Sólides, 76% das lideranças acreditam que seus times confiam nelas e 54% das pessoas colaboradoras afirmam confiar em suas lideranças.

Nesse contexto, a vulnerabilidade cria espaço para a troca genuína, a escuta ativa e a sensação de pertencimento, favorecendo um clima psicológico seguro. Por isso, ela se torna tão importante para o dia a dia e o desenvolvimento de talentos.

Quando uma pessoa em posição de liderança consegue reconhecer suas limitações, pedir ajuda e demonstrar transparência diante da equipe, ela transmite autenticidade e humanidade, que são pilares fundamentais para a construção de confiança nas organizações. Em outras palavras, a vulnerabilidade é o que transforma a confiança de algo imposto em algo construído em conjunto.

Portanto, a liderança vulnerável é um exercício de coragem e conexão, com a capacidade de equilibrar firmeza e sensibilidade, autoridade e empatia, clareza e escuta. E, ao contrário de quem tenta parecer inabalável, essa característica inspira mais pessoas justamente por demonstrar que o verdadeiro poder da liderança está em criar relações baseadas na confiança mútua.

Leia também: Como se tornar uma liderança inspiradora no mercado de tecnologia?

Como desenvolver uma liderança corajosa com a vulnerabilidade?

Para o desenvolvimento de uma liderança que consegue equilibrar e se conectar a equipe pela vulnerabilidade, é importante desenvolver algumas habilidades, como:

  • Autoconhecimento: lideranças autênticas investem no autoconhecimento para entender mais sobre suas emoções, valores, limitações, entre outros sentimentos, para saber como reagir diante de algum conflito ou situação mais delicada.
  • Transparência: ao criar um canal de comunicação honesta e aberta com a equipe, é possível fortalecer os relacionamentos e a troca de informações. Isso facilita o compartilhamento da sua visão como liderança e cria um propósito em comum com o próprio time.
  • Empatia: lideranças vulneráveis demonstram empatia e compreensão em relação à equipe, validando as necessidades e preocupações das pessoas que estão ao seu lado no dia a dia.

Leia também: Liderança e Saúde Mental — como equilibrar resultados e bem-estar?

Benefícios de equilibrar vulnerabilidade, confiança e liderança nas organizações

Equilibrar o cargo de liderança e uma postura mais vulnerável é uma das habilidades mais estratégicas para quem busca construir equipes engajadas, colaborativas e resilientes.

A estabilidade entre esses dois universos permite uma liderança firme em suas decisões, mas também profissionais com mais abertura para o diálogo, à escuta e o aprendizado, independente do nível hierárquico no organograma.

Abaixo, confira alguns dos principais benefícios.

1. Aumento da confiança entre liderança e pessoas lideradas

Quando a liderança demonstra vulnerabilidade, seja no processo de reconhecer erros, pedindo apoio ou compartilhando desafios, cria-se uma atmosfera de segurança psicológica.

Essa confiança mútua fortalece o engajamento, estimula a inovação e reduz o medo de errar, o que é fundamental para a aprendizagem e a evolução de cada pessoa dentro do time.

Leia também: Como manter uma boa relação entre os líderes e liderados na organização

2. Melhoria da comunicação e da empatia entre a equipe

Lideranças corajosas que equilibram vulnerabilidade e autoridade tendem a se conectar melhor com as pessoas, compreender seus desafios e reconhecer suas contribuições. Essa abordagem totalmente humanizada favorece relacionamentos mais saudáveis e cria um cenário de trabalho em que todas as pessoas se sentem valorizadas, reduzindo conflitos e aumentando a coesão, troca e crescimento da equipe.

Leia também: Job-sharing — o que é e como aplicar o modelo de trabalho compartilhado

3. Ambiente mais receptivo à inovação e mudanças

Em empresas onde a vulnerabilidade é vista como uma força, há mais espaço para experimentação e aprendizado com erros. Pessoas que lideram pelo exemplo, como ao compartilharem suas próprias incertezas, inspiram suas equipes a pensar de forma criativa e a assumir riscos calculados, impulsionando a inovação e a evolução dos negócios.

Nesse caso, ainda que haja algum erro, há também uma maior disposição para corrigir os problemas enfrentados de forma coletiva.

Liderança e vulnerabilidade: uma nova visão sobre o trabalho

Segundo uma pesquisa da Gartner, algumas das tendências que definirão o futuro do trabalho são o foco em inclusão e o pertencimento das pessoas colaboradoras, já que a solidão é um verdadeiro risco para os negócios.

Dessa forma, equilibrar vulnerabilidade e liderança também fortalece a autenticidade e o propósito no ambiente corporativo, quando pessoas colaboradoras tendem a se inspirar em líderes que agem com coerência entre discurso e prática.

Trabalhar a vulnerabilidade na liderança exige a adoção de algumas ações que ajudam nesse processo. Abaixo, alguns exemplos.

  • 1. Pratique a escuta ativa, dando espaço para as pessoas falarem e realmente sentirem que estão sendo ouvidas.
  • 2. Admita seus erros, pois um exemplo positivo incentiva uma cultura de aprendizado.
  • 3. Peça feedbacks regularmente sobre a sua forma de liderar, mostrando abertura para crescer com as percepções da equipe.
  • 4. Compartilhe desafios, mostrando que você também enfrenta dificuldades e use essa oportunidade para se aproximar das pessoas.
  • 5. Promova diálogos transparentes, já que quanto mais clara a comunicação, maior a confiança construída.

Nesse contexto, a vulnerabilidade se conecta diretamente com a learnability, termo que se refere à habilidade de aprender sempre e, quando somado com a inteligência emocional, compõem fatores fundamentais para o sucesso na liderança.

Por isso, investir no desenvolvimento das habilidades, é também investir no futuro das organizações e nas pessoas colaboradoras. E para te ajudar a superar os desafios dos cargos de liderança e conseguir unir ainda mais o seu time, conte com as soluções do ecossistema Alura + FIAP Para Empresas.

Com capacitações para diferentes áreas, mais de 1.500 cursos de hard skills e soft skills, programas personalizados e formações continuadas, nossa parceria pode fortalecer a sua liderança e o engajamento das pessoas colaboradoras, com foco nos objetivos do seu negócio.

Converse com nosso time de especialistas e acelere a sua estratégia de aprendizado!

Leia também: Liderança de não-humanos — como liderar pessoas e ferramentas?

Athena Bastos
Athena Bastos

Coordenadora de Comunicação da Alura + FIAP Para Empresas. Bacharela e Mestra em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Pós-graduanda em Digital Data Marketing pela FIAP. Escreve para blogs desde 2008 e atua com marketing digital desde 2018.