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O mercado de trabalho não está mudando somente por causa da tecnologia. O que impulsiona a transformação hoje são, sobretudo, as novas prioridades das pessoas.
As jornadas rígidas, os modelos engessados e a exigência da presença constante nas empresas, em muitas situações, já não fazem sentido em um cenário onde equilíbrio, propósito e bem-estar se tornaram valores centrais.
Em 2025, segundo dados da Flexa, os benefícios mais valorizados pelas pessoas profissionais entrevistadas revelam essa busca por autonomia e qualidade de vida.
Contratos de meio período (28,4%) e licença parental (16,5%) estão entre os favoritos em toda a força de trabalho, evidenciando o quanto as pessoas desejam ter maior controle sobre seu tempo para equilibrar as responsabilidades profissionais com as demandas familiares.
Nesse contexto, metodologias e modelos flexíveis de trabalho não são mais vistos como vantagens opcionais, mas como uma estratégia de work-life balance para manter as equipes engajadas e produtivas.
E um dos formatos que ganha força nesse movimento é o job-sharing, ou compartilhamento de trabalho.
Para entender melhor o significado de job-sharing, como essa abordagem funciona, seus benefícios e desafios, além de conferir dicas de como integrá-lo no dia a dia da sua empresa, continue a leitura deste artigo.
O que é job-sharing?
O compartilhamento de trabalho, significado de “job-sharing” ou “job 50–50”, é um modelo no qual duas pessoas dividem a responsabilidade por um mesmo cargo, compartilhando tarefas, carga horária e objetivos.
Ou seja, em vez de uma única pessoa ocupar uma posição em tempo integral, duas profissionais assumem de forma complementar e coordenada, com jornadas parciais e responsabilidades bem definidas.
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Entretanto, mais do que somente dividir horas de trabalho, o job-sharing representa uma abordagem colaborativa, onde a entrega é conjunta, e os resultados são construídos a partir da soma de competências, experiências e perspectivas.
Nesse sentido, esta estrutura matricial tem ganhado força em um cenário onde a flexibilidade, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e a inclusão se tornaram prioridades no ambiente corporativo.
Isso porque ele atende às demandas de profissionais que não podem ou não desejam cumprir uma carga horária integral, mas que ainda assim querem contribuir com qualidade e alto desempenho.
Vale destacar que o compartilhamento de trabalho pode ser aplicado a diferentes níveis organizacionais, inclusive em posições de liderança, e traz vantagens tanto para empresas — que ampliam seu acesso a talentos e fortalecem a continuidade das operações —, quanto para profissionais, pois conquistam mais autonomia, bem-estar e propósito no trabalho.
Por que o job-sharing pode ser uma boa abordagem para sua empresa?
O compartilhamento de cargos é uma resposta moderna e eficaz aos desafios atuais do mundo corporativo. Mas, além disso, ele traz diferentes benefícios para as empresas. Abaixo, confira os principais motivos para adotar esse modelo.
1. Atração e retenção de talentos diversos
Embora não seja rotulado como tal, o job-sharing funciona como um poderoso acelerador de iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI).
Profissionais com diferentes perfis (como pais e mães, pessoas com condições de saúde específicas, profissionais de diferentes idades e etnias, por exemplo) encontram no compartilhamento de trabalho a possibilidade de contribuir com qualidade, sem abrir mão de suas necessidades pessoais.
2. Aumento da produtividade e engajamento
Pessoas que trabalham menos horas tendem a manter o foco, a energia e a motivação por mais tempo.
O resultado é um desempenho mais consistente e saudável, com menos desgaste e mais presença no que realmente importa.
3. Garantia de continuidade em cargos estratégicos
Com duas pessoas ocupando a mesma função, a ausência de uma delas não paralisa a operação, quando necessário.
Assim, o modelo assegura cobertura constante e reduz riscos em posições críticas, como de líderes e profissionais C-Level.
4. Fortalecimento da cultura de colaboração
O compartilhamento de trabalho exige diálogo, alinhamento e confiança entre as duplas parceiras de cargo.
Isso estimula uma cultura mais colaborativa, baseada em troca de experiências, empatia e corresponsabilidade.
5. Desenvolvimento de talentos
A parceria entre profissionais pode se tornar uma via prática de mentoria, onde as pessoas colaboradoras mais experientes ajudam na formação de colegas mais jovens, garantindo continuidade e crescimento interno.
6. Mais maturidade e inovação organizacional
Empresas que adotam esse tipo de estrutura matricial demonstram sensibilidade às transformações do mercado e comprometimento com formas de trabalho mais humanas e inteligentes, o que deixa as equipes engajadas e com vontade de participar das novas iniciativas.
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Case de sucesso com o job-sharing
Para ficar mais claro como o job-sharing funciona, na prática, e como essa abordagem traz benefícios reais, conheça um pouco sobre a Environmental Justice Australia (EJA), empresa que adota esse modelo de trabalho desde 2020.
Na EJA, o modelo de co-CEOs em regime de job‑sharing conta com Nicola Rivers e Elizabeth McKinnon, dividindo integralmente o cargo de liderança e trabalhando em jornada parcial.
As profissionais trazem formações, experiências e perspectivas distintas que se complementam: uma com ampla atuação em litígio ambiental e reformas legais, já a outra com foco em advocacia comunitária e política pública.
Isso combina dois repertórios, e amplia a capacidade estratégica da organização, cujo foco é conduzir casos judiciais ambientalistas.
Além disso, a dupla destaca que, neste modelo, as decisões são mais ponderadas e estratégicas, com maior clareza e diversidade de ideias.
Isso porque o modelo aumenta o foco e o pensamento no impacto institucional, algo que uma liderança única dificilmente conseguiria manter.
Ambas trabalham três dias por semana, com um dia de sobreposição para alinhamento (geralmente nas quartas-feiras).
Esse formato permite que mantenham o cargo de alta responsabilidade sem abrir mão da qualidade de vida, da parentalidade ou de outras demandas pessoais
Vantagens e desafios do trabalho compartilhado entre lideranças
Como vimos no tópico anterior, o job-sharing se aplica também em cargos de liderança. Isso quebra um antigo paradigma de que posições de gestão precisam, obrigatoriamente, ser ocupadas por uma única pessoa em tempo integral.
Mas, como todo modelo, o job-sharing entre líderes tem seus benefícios e desafios específicos, que exigem atenção e planejamento. Vamos entender mais a seguir.
Vantagens
- Habilidades complementares: duas lideranças com perfis diferentes podem se integrar, trazendo mais riqueza de visão, diversidade de pensamento e abordagens mais completas para a tomada de decisão.
- Continuidade nas entregas: se um(a) líder precisa se ausentar por qualquer motivo, a outra pessoa mantém o andamento dos projetos, garantindo estabilidade na equipe e redução de riscos.
- Melhoria na qualidade da gestão: com a carga de trabalho dividida, as lideranças conseguem ter mais tempo para refletir, tomar decisões estratégicas e dar atenção individual à equipe. Isso fortalece a cultura de cuidado e proximidade.
- Acesso a talentos de alto nível com disponibilidade reduzida: muitas pessoas altamente qualificadas (especialmente mulheres) abrem mão de cargos de liderança por não conseguirem conciliar a função com outras responsabilidades. O job-sharing permite que elas permaneçam em posições estratégicas, enriquecendo o quadro de liderança da organização.
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Desafios
- Alinhamento constante: para garantir fluidez nas decisões e coerência na gestão, as pessoas líderes precisam manter um nível alto de comunicação corporativa e sincronia, o que exige tempo, planejamento e ferramentas adequadas.
- Clareza de responsabilidades: é fundamental que a equipe e os demais stakeholders entendam como a liderança é compartilhada, quem responde por quais temas e como as decisões são tomadas.
- Gestão da percepção interna e externa: ainda há barreiras culturais em torno do job-sharing, especialmente em posições de poder. Por isso, pode haver resistência inicial por parte de outras áreas ou lideranças que desconhecem os benefícios do modelo.
- Processos e agendas mais estruturados: a divisão da função requer processos bem definidos, documentação frequente das decisões e reuniões de transição, para não haver perda de informação entre os turnos ou dias de trabalho.
Em resumo, o trabalho compartilhado entre lideranças é mais do que viável: é uma resposta moderna e funcional aos desafios da alta gestão em tempos de transformações rápidas, demandas humanas mais complexas e necessidade de diversidade na gestão.
Quando bem estruturado, o modelo transforma a liderança em algo mais colaborativo, adaptável e alinhado aos valores do futuro do trabalho. É um passo importante para empresas que desejam não apenas inovar, mas também inspirar.
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Como adotar o job-sharing nas empresas: passo a passo
Implementar o job-sharing de forma eficaz exige mais do que boa intenção, requer planejamento, comunicação clara e uma cultura organizacional que valorize a colaboração e a flexibilidade.
Se você se interessou por este modelo de trabalho, confira a seguir, boas práticas de como adotar o job-sharing na sua empresa.
1° passo: avalie a cultura e o momento da organização
Antes de mais nada, é importante entender se a cultura da empresa está aberta para adotar jornadas de trabalho flexíveis. Isso inclui avaliar o grau de autonomia das equipes, o nível de maturidade da liderança e a disposição para mudanças estruturais.
A dica é começar com projetos-piloto em áreas mais receptivas ou com lideranças engajadas na inovação.
2° passo: identifique cargos adequados ao modelo
Nem toda função se adapta facilmente ao job-sharing. O ideal é começar com cargos que tenham atividades claras, metas definidas e que possam ser divididas com facilidade entre duas pessoas.
Por exemplo, funções de liderança, gestão de projetos, atendimento ou áreas criativas tendem a funcionar bem com o job-sharing. Além disso, considere áreas com boa capacidade de documentação, necessidade de continuidade de projetos e a possibilidade de atuação em turnos alternados ou dias diferentes.
3° passo: faça a divisão de responsabilidades
Após escolher a função, defina como o trabalho será dividido entre a dupla: dias da semana, turnos, áreas de responsabilidade e pontos de sobreposição. Também é essencial alinhar como será feita a comunicação entre essas pessoas profissionais e com o restante da equipe.
4° passo: encontre a dupla ideal
O sucesso do trabalho compartilhado depende muito da parceria entre as pessoas profissionais escolhidas. Compatibilidade de valores, estilos de trabalho e comunicação clara são tão importantes quanto as competências técnicas.
Nessa etapa, o setor de RH pode atuar na identificação, no alinhamento de expectativas e no suporte ao relacionamento da dupla.
5° passo: formalize acordos e políticas internas
Garanta que a estrutura jurídica, contratual e operacional esteja clara para todas as pessoas envolvidas. Isso inclui: contratos de trabalho compatíveis com o modelo, política de férias, avaliação de desempenho conjunta e regras de substituição em ausências. Tudo deve estar documentado.
Essa transparência é essencial para que as lideranças e a equipe compreendam como o modelo funciona e como os resultados serão mensurados.
6° passo: acompanhe, avalie e ajuste
O job-sharing exige acompanhamento contínuo. Avalie indicadores de performance, satisfação da equipe e fluidez da comunicação entre a dupla de profissionais. Reforce boas práticas, escute as pessoas envolvidas e dê abertura para ajustes.
Vale dizer que essa flexibilidade também vale para o modelo em si. O compartilhamento de trabalho pode evoluir com o tempo e se adaptar às necessidades da equipe e da empresa. Mas, para isso, o acompanhamento é essencial.
Por fim, podemos concluir que adotar o job-sharing não é somente implementar uma nova forma de jornada. É repensar a maneira como as pessoas trabalham, se relacionam e colaboram.
Com um plano estruturado, comunicação clara e suporte organizacional, sua empresa pode transformar esse modelo em uma vantagem real para todas as partes envolvidas: negócio, lideranças e pessoas colaboradoras.
E para que esse processo seja sustentável e benéfico, é fundamental investir no desenvolvimento de competências de gestão, inovação e colaboração nos setores.
É aqui que entra a parceria estratégica da Alura + FIAP Para Empresas, um ecossistema completo que prepara lideranças e equipes para os novos desafios e modelos de trabalho, com diferentes formações e treinamentos em Hard e Soft Skills.
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