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A estrutura organizacional é um fator crítico para o sucesso das empresas, influenciando diretamente a forma como as equipes colaboram, tomam decisões e alcançam resultados. Entre os diferentes modelos existentes, a estrutura matricial se destaca por sua capacidade de gerenciar projetos complexos, promover a integração entre áreas funcionais e otimizar recursos.
Segundo o artigo “Matrix Management Effectiveness: An Update for Research and Engineering Organizations”, a estrutura matricial é originada da indústria aeroespacial das décadas de 1950 e 1960, onde foi desenvolvida para lidar com desafios multidisciplinares e, rapidamente, ganhou espaço em outros setores. Hoje, essa abordagem é amplamente adotada por empresas que buscam maior flexibilidade, inovação e eficiência em suas operações.
Para entender melhor como esse tipo de modelo organizacional funciona, este artigo tem como objetivo desmistificar o que é estrutura matricial, explorar seus tipos e conceitos fundamentais, além de mostrar qual o papel da alta liderança na adoção dessa abordagem nas empresas.
Organização matricial: o que é?
A estrutura matricial é um modelo organizacional que combina diferentes linhas de autoridade, com objetivo de permitir que as pessoas colaboradoras de uma empresa respondam simultaneamente a mais de uma liderança.
Essa abordagem promove a colaboração entre departamentos e facilita a gestão de projetos sem a necessidade de realinhamento constante das equipes. Com isso, a empresa ganha flexibilidade para desenvolver novos produtos e serviços, além de aproveitar melhor os talentos internos e otimizar a comunicação entre diferentes áreas.
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Para que esse conceito fique mais claro, abaixo, preparamos um organograma, que mostra que os times A e B respondem às tarefas de diferentes lideranças e, muitas vezes, para projetos distintos dentro de uma empresa.

Tabela inspirada no artigo da Asana, produzida pelo autor
3 principais tipos de organização matricial
Apesar de existir uma definição do que é organização matricial, esse modelo abrange diferentes abordagens, todas compartilhando a premissa de múltiplos(as) líderes gerenciando as mesmas pessoas colaboradoras, mas com diferentes níveis de autoridade. Entenda melhor a seguir.
Organização matricial balanceada
Nesse modelo, tanto a pessoa líder de projeto quanto o(a) líder do setor têm igual autoridade. Isso significa que as decisões são tomadas em conjunto, o que garante equilíbrio entre as demandas dos projetos e as necessidades dos departamentos. Porém, dessa forma, o desafio é evitar conflitos de prioridade e manter uma comunicação eficiente para que tudo esteja alinhado.
Organização matricial forte
Aqui, a pessoa líder de projeto tem mais poder de decisão do que o(a) líder do setor. Isso faz com que os projetos sejam o foco principal e os departamentos atuem como suporte. Esse tipo de estrutura favorece a inovação e a entrega rápida de resultados, mas exige que as lideranças integrem especialistas das áreas e mantenham um fluxo de comunicação eficiente com todas as pessoas da equipe.
Organização matricial fraca
Na estrutura matricial fraca, a pessoa líder do setor tem mais controle do que a liderança de projeto. Ou seja, os departamentos têm maior influência nas decisões, e os projetos precisam se adaptar às suas diretrizes. Isso pode dificultar a priorização de iniciativas específicas, o que pode exigir que os(as) líderes de projeto usem estratégias de comunicação, persuasão e construção de bons relacionamentos para garantir que suas demandas sejam atendidas.
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Qual a diferença da liderança de setor e de projetos?
Na estrutura matricial, como foi possível perceber, o gerenciamento é compartilhado entre dois tipos de lideranças: líder de setor e líder de projeto. A principal diferença entre esses cargos está em suas responsabilidades, foco e poder de decisão dentro da organização. Saiba mais a seguir.
Líder de setor
A pessoa líder de setor é responsável pela administração de uma área específica da empresa, como marketing, finanças ou TI, por exemplo. Suas principais funções incluem algumas rotinas, conforme mencionaremos a seguir.
Gestão de recursos humanos: supervisiona e desenvolve as pessoas colaboradoras dentro de sua área de especialização.
Tomada de decisão técnica: define como as tarefas serão executadas, o que garante que os processos e padrões da área sejam seguidos.
Alocação de profissionais: decide quais profissionais estarão disponíveis para os projetos, considerando suas habilidades e carga de trabalho.
Avaliação de desempenho: conduz revisões de desempenho e influencia promoções ou movimentações dentro da empresa.
Gestão de longo prazo: foca no desenvolvimento da equipe e na manutenção da expertise técnica da organização.
Líder de projetos
A pessoa líder de projetos, por outro lado, é responsável pela entrega de um projeto específico, coordenando atividades que envolvem múltiplas áreas da empresa. Suas principais responsabilidades incluem as citadas abaixo.
Gerenciamento do escopo, prazo e orçamento: define o que precisa ser feito, quando deve ser concluído e o motivo de ser necessário.
Integração interdepartamental: garante a colaboração entre diferentes áreas e resolve possíveis conflitos entre prioridades funcionais e do projeto.
Supervisão de execução: acompanha o progresso do projeto, além de tomar decisões estratégicas para garantir a entrega dentro dos parâmetros estabelecidos.
Gestão de riscos: antecipa e mitiga possíveis problemas que possam comprometer a entrega do projeto.
Foco de curto e médio prazo: enquanto a liderança de setor foca no desenvolvimento da equipe, o(a) líder de projeto está voltado para o cumprimento dos objetivos somente do projeto.
A partir dessa breve explicação, e de acordo com um artigo publicado pelo Project Management Institute, por mais que muitas pessoas perguntem qual é a maior liderança dentro desse modelo organizacional, não há um único líder absoluto. Isso porque ambas as funções possuem objetivos e metas distintas que, dentro de uma empresa que preza pela inovação e competitividade, são igualmente importantes.
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Benefícios da estrutura matricial
De forma geral, a estrutura matricial oferece diversas vantagens que tornam sua adoção atrativa para muitas empresas que necessitam de diferentes especialistas em projetos em comum. Entre os principais benefícios, destacam-se os listados abaixo.
1. Maior flexibilidade
A estrutura matricial permite que as empresas reajam rapidamente às mudanças do mercado e às novas demandas dos projetos. Isso porque, com as equipes que podem ser realocadas conforme necessário, a organização se mantém ágil e competitiva.
2. Uso eficiente de recursos e especialistas
Profissionais especialistas de diferentes áreas podem atuar simultaneamente em vários projetos, o que, por consequência, aproveita melhor suas habilidades sem necessidade de reestruturações ou novas contratações. Isso reduz custos operacionais e acelera a conclusão dos projetos, além de garantir que as equipes tenham pessoas capacitadas a todo momento.
3. Compartilhamento de conhecimento
Ao integrar profissionais de diferentes departamentos, a estrutura matricial estimula a inovação e facilita a troca de ideias. Assim, essa troca de experiências promove soluções mais criativas e melhora a compreensão dos objetivos organizacionais.
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4. Desenvolvimento profissional
As pessoas colaboradoras têm a oportunidade de atuar em diversas iniciativas e interagir com profissionais de diferentes nichos, o que amplia suas habilidades e experiências em seus respectivos cargos. Além desta iniciativa contribuir para o crescimento profissional, ela também aumenta a versatilidade da equipe.
5. Tomada de decisão mais ágil
A comunicação direta entre as lideranças e as equipes ajuda a reduzir atrasos burocráticos e a acelerar a entrega dos projetos. Com processos mais fluidos, as decisões são tomadas de maneira mais eficiente pela alta gestão também.
Desafios da estrutura matricial
Além das vantagens desse tipo de modelo organizacional, há também os desafios que a implementação de um novo sistema de autoridade pode trazer. Confira os principais abaixo.
1. Desentendimento entre as lideranças
Sem a definição do tipo de estrutura matricial que a empresa deve adotar, é possível ocorrer competitividade entre as lideranças de setor e de projetos. Isso se deve ao fato de que cada profissional possui suas metas e objetivos, os quais nem sempre são prioridades para os demais.
Infelizmente, esse cenário pode impactar negativamente a tomada de decisões do negócio, aumentar o nível de estresse das pessoas colaboradoras e, como consequência, prejudicar o trabalho em equipe.
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2. Desafios de comunicação
Como as equipes especializadas se reportam a diferentes líderes, uma comunicação clara e transparente é essencial para evitar erros e mal-entendidos, que podem levar a atrasos nas entregas, por exemplo.
Nesse cenário, uma solução eficaz seria a utilização de softwares de gestão de equipes, nos quais todas as informações estariam centralizadas, mas separadas por setor e projeto, permitindo, assim, que as pessoas colaboradoras consultem sempre que necessário.
3. Esgotamento dos membros da equipe
Com vários(as) líderes e tarefas distintas, é crucial que as lideranças colaborem para definir as prioridades do momento, para evitar a sobrecarga e o estresse da equipe.
Além do mal-estar entre as pessoas colaboradoras, a falta de alinhamento pode gerar atrasos nas entregas, prejudicar o clima organizacional e intensificar conflitos internos. Por isso, é preciso que as lideranças estejam bem alinhadas e sejam transparentes com o time.
Organização matricial: exemplo, na prática
Para entender melhor como a organização matricial pode funcionar na prática, trouxemos um dos exemplos mais notáveis do mercado: a Nike. A marca adotou esse modelo organizacional para otimizar suas operações e garantir a inovação constante.
Segundo informações publicadas pela Advergize, a estrutura divisional da Nike, integrada à matriz, permite que a empresa atenda às demandas específicas de cada mercado. Suas divisões regionais — como América do Norte, Europa Ocidental e China — têm autonomia para tomar decisões estratégicas alinhadas às preferências culturais e econômicas de seus consumidores e consumidoras.
Isso possibilita a personalização dos produtos e das campanhas de marketing, o que deixa a marca mais próxima do público local.
As operações internas da marca também adotam esse modelo, com o uso da organização matricial balanceada, especialistas de diferentes setores, como marketing, finanças, recursos humanos e produtos trabalham em conjunto para promover a inovação constante e assegurar que cada setor tenha expertise aprofundada em sua função — não é por coincidência que a Nike é referência em seu setor.
Apesar das vantagens, a estrutura matricial da Nike também apresenta desafios, como potenciais conflitos entre líderes de setores e gerentes de projeto, além da necessidade de uma comunicação eficaz para evitar duplicação de esforços. Entretanto, a Nike tem conseguido equilibrar esses aspectos ao implementar um forte controle corporativo global, o que garante a eles alinhamento estratégico em todas as suas operações.
Em conclusão, podemos declarar que a Nike é um exemplo de sucesso quando o assunto é estrutura matricial. Sua capacidade de combinar divisões regionais, especialização funcional e coordenação global permite que a empresa se mantenha competitiva e continue liderando o mercado esportivo mundial — além de servir como inspiração para outras empresas.
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Como líderes podem contribuir para o sucesso da estrutura matricial em uma empresa?
É fato que líderes desempenham um papel fundamental na eficácia da estrutura matricial. Mas para que essa organização funcione de maneira eficiente, as lideranças devem adotar práticas que promovam clareza organizacional, comunicação eficaz e colaboração entre equipes. Porém, como promover esses fatores nas empresas?
A seguir, você confere algumas das principais habilidades de lideranças eficazes para a adoção da estrutura matricial nas organizações.
1ª habilidade: comunicação
Em uma organização matricial, líderes devem garantir que as expectativas, responsabilidades e objetivos estejam bem definidos e comunicados com clareza a todas as pessoas envolvidas, para haver redução de ambiguidades e conflitos desnecessários. Além disso, promover canais abertos de diálogo e comunidades entre as equipes ajuda a alinhar esforços e compartilhar informações de forma mais fluida.
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2ª habilidade: negociação e influência
Dado que as lideranças em uma estrutura matricial nem sempre possuem autoridade hierárquica direta sobre todas as pessoas com quem interagem, a capacidade de persuadir, influenciar e construir consenso é fundamental. Assim, quem ocupa esse tipo de cargo deve trabalhar para alinhar interesses distintos, para garantir que todas as áreas funcionais contribuam para os objetivos organizacionais sem criar desalinhamentos.
3ª habilidade: gestão de conflitos
Como vimos, o modelo matricial pode gerar prioridades concorrentes e disputas por recursos, o que exige das pessoas líderes a habilidade de gerenciar conflitos de forma produtiva. Em vez de permitir que as disputas afetem a produtividade, as lideranças devem atuar como mediadoras, com o objetivo de promover soluções equilibradas e garantir que as decisões sejam tomadas com base nos melhores interesses da empresa como um todo.
4ª habilidade: trabalho em equipe
A estrutura matricial depende da cooperação entre diferentes equipes e departamentos. Por isso, as lideranças precisam criar um ambiente que incentive o trabalho colaborativo, onde as pessoas colaboradoras sintam-se motivadas a compartilhar conhecimentos, experiências e recursos.
Desse modo, líderes C-Levels devem mostrar suas habilidades de empatia, comunicação e capacidade de resolução de conflitos, para manter o ambiente colaborativo e ser exemplo para as demais pessoas membros da equipe.
5ª habilidade: inteligência cultural
Em organizações globais, a diversidade cultural pode gerar desafios na comunicação e na tomada de decisões. Nestes cenários, líderes devem demonstrar empatia, habilidades DEI e inteligência cultural, para compreender diferentes perspectivas e respeitar normas culturais diversas. Isso ajuda a criar relações mais fortes e evitar possíveis conflitos que possam surgir.
Por fim, vale ressaltar que, mesmo que você ou sua empresa tenham lideranças que não possuem essas principais habilidades, saiba que é possível desenvolvê-las com treinamentos e cursos especializados, como os oferecidos pela Alura + FIAP Para Empresas.
Com nosso ecossistema, sua empresa, que já possui ou pretende adotar a estrutura matricial, pode desenvolver suas lideranças com as soft skills necessárias e de acordo coma estratégia do seu negócio. Entre em contato com nossa equipe de especialistas e saiba mais!
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