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Os últimos anos mudaram a realidade do mercado de trabalho. Os acontecimentos globais aceleraram processos, de modo que as empresas precisaram revisitar alguns conceitos como Employer Branding, Employee Experience e EVP (Employee Value Proposition) para também se adequar a esse contexto.
Segundo dados publicados pela McKinsey & Company:
“O que estamos vendo é um descompasso fundamental entre a demanda de talentos das empresas e o número de trabalhadores dispostos a fornecê-lo. Os empregadores continuam a contar com alavancas tradicionais para atrair e reter pessoas, incluindo remuneração, títulos e oportunidades de avanço. Esses fatores são importantes, principalmente para um grande reservatório de trabalhadores que chamamos de “tradicionalistas”. No entanto, a pandemia do COVID-19 levou mais e mais pessoas a reavaliar o que querem de um trabalho – e da vida – o que está criando um grande grupo de trabalhadores ativos e potenciais que estão evitando o caminho tradicionalista.”
Por essa razão, analisamos, neste artigo, o conceito de EVP, como fazer e medir, bem como os impactos para as empresas, como a retenção e atração de talentos.
EVP (Employee Value Proposition) é a proposta de valor ao empregado, ou seja, o conjunto de benefícios (tangíveis e intangíveis) que a empresa oferece às pessoas colaboradoras. Isto pode significar bons salários, benefícios corporativos, Employee Experience e clima organizacional positivos.
O EVP pode ser, então, uma vantagem competitiva para as empresas, principalmente se pensarmos em um mercado de talentos altamente concorrido. Quando o Employee Value Proposition é mais atrativo, pessoas mais qualificadas possuem maior interesse em trabalhar para a empresa.
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Portanto, o EVP é estratégico no combate ao turnover.
A especialista Josh Bersin escreve:
“O mercado de trabalho é um “mercado” e os funcionários não virão trabalhar para você se sua EVP geral (proposta de valor ao empregado) não for forte o suficiente.
Sabemos pela nossa pesquisa que os salários não são a única razão pela qual alguém aceita um emprego. Na verdade, o crescimento, a cultura e o ajuste da equipe são fatores muito maiores para a satisfação no trabalho. Mas hoje, em um mercado onde as pessoas estão preocupadas com a inflação, você simplesmente tem que se adaptar. Portanto, não tenha medo de fazer ajustes.”
O primeiro passo é reconhecer que toda empresa possui um EVP, seja ele positivo ou não. Então, é preciso identificar o atual EVP. Como fazer isso?
As pesquisas de clima organizacional, por exemplo, podem conter questões sobre a percepção das pessoas sobre o valor que a empresa oferece.
Algumas perguntas sobre EVP que podem ser feitas:
A partir dos dados coletados, é hora de repensar o EVP. As perguntas com indicadores negativos apontam os focos de melhoria. Já as sugestões podem oferecer ideias de como inovar para trazer maior valor à relação de trabalho e à gestão de pessoas.
O importante é entender o que as pessoas da sua empresa entendem por valor. Afinal, o valor pode mudar de lugar para lugar, de pessoa para pessoa.
Além das pesquisas de clima rotineiras, você pode contar com canais de feedback. Assim, as pessoas se sentirão ouvidas em todos os momentos.
Contudo, é importante prestar atenção ao retorno sobre essas avaliações às pessoas. É responsabilidade da empresa não apenas ouvir as demandas e entender as necessidades, mas dar uma resposta ao que foi endereçado. Ou seja, revise o EVP, planeje e promova mudanças, ainda que pequenas.
Comunique, enfim, as pessoas sobre como a opinião delas faz diferença para as propostas e pergunte o que elas acham da mudança.
Além das pesquisas de clima, há outras formas de medir o EVP. Veja, então, algumas ferramentas:
Análises como a da McKinsey & Company e a de Josh Bersin indicam um movimento multifacetado no mercado de trabalho. Dessa movimento, três tendências se destacam:
Como o EVP se conecta, então, a esse cenário?
Os valores estão mudando. A percepção sobre o que se deseja de um emprego está diferente. Talvez as pessoas não queiram os mesmos benefícios de antes. Talvez elas queiram um trabalho remoto ou, pelo menos, híbrido, para que possam ter mais tempo para si. Talvez elas queiram mudar de carreira, e estão em busca de uma empresa que apoie esse movimento.
Tudo isso pode fazer parte do Employee Value Proposition.
E a resposta das empresas a essas tendências reflete em seu Employer Branding. Consequentemente, reflete em seu clima organizacional, em suas taxas de turnover e retenção de talentos e, principalmente, na capacidade de atrair talentos.
Ter um EVP bem definido, em primeiro lugar, impactam o clima organizacional.
Quando a empresa avalia a percepção das pessoas sobre o dia-a-dia e o valor da organização, ela consegue promover mudanças que refletem direta ou indiretamente no exercício das pessoas.
Segundo artigo da Culture Amp sobre um estudo da Columbia University, a probabilidade de turnover é de 48,4% em empresas onde as pessoas não estão satisfeitas com a cultura organizacional, contra 13,9% em empresas onde a satisfação é mais alta.
Com uma entrega de valor mais adequada às aspirações das pessoas e uma cultura organizacional que as satisfaça, a probabilidade de deixarem a empresa, como visto, é menor.
Em um mercado competitivo como o de tecnologia, estes números fazem diferença. Isto porque, perder pessoas é custoso para qualquer empresa. Entretanto, quanto mais a dificuldade e o tempo em preencher uma vaga, maiores os custos também.
Por essa razão, focar em ter - e mostrar - um bom EVP pode fazer a diferença na retenção de talentos.
E não apenas isso: o Employee Value Proposition contribui para fidelizar e motivar as pessoas. Pessoas motivadas são mais produtivas e compartilham do sentimento de crescimento que tantas empresas querem despertar.
Por fim, o EVP não é atrativo somente para quem está dentro da empresa, mas também para quem está fora. Oferecer valor às pessoas, desse modo, é uma forma de investir em Employer Branding e na atração de novos talentos.
Como aborda a pesquisa da McKinsey & Company citada no início deste artigo:
“[...] nenhuma solução vai atrair pessoas suficientes para preencher todas as vagas de emprego e reter uma força de trabalho produtiva. Em vez disso, os empregadores podem adotar uma abordagem multifacetada para alcançar diferentes grupos de talentos. Isso não significa que as organizações precisam mudar sua missão, valores ou propósito. Em vez disso, eles podem mostrar diferentes facetas de sua proposta de valor de funcionário para um número maior de funcionários e ser mais criativos em suas ofertas para funcionários atuais e potenciais.”
Os modelos tradicionais estão mudando. As necessidades, tanto individuais quanto corporativas, também estão.
Por isso, é preciso revisitar o EVP. É preciso entender como adequá-lo ao contexto e aos diferentes objetivos. Mas também é necessário comunicá-lo, tornar visível o que a empresa oferece. Assim, as empresas poderão ver os benefícios que o investimento em pessoas pode trazer.
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