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A aprendizagem e o ensino passaram por mudanças significativas nos últimos anos. Muito disso é resultado da transformação digital, que exigiu que o mundo se tornasse conectado, o que ofereceu diversas oportunidades para a inovação dos processos de ensino e aprendizagem.
Entre esses novos conceitos, se destaca a aprendizagem autodirigida, definida em estudos como “um processo de conhecimento no qual a própria pessoa assume o protagonismo de sua evolução”.
Ou seja, trata-se de um modelo que transforma a pessoa estudante em protagonista do seu aprendizado, de forma independente e automotivada.
Alguns autores, citados no estudo anterior, entendem a aprendizagem autodirigida como um conceito semelhante ao autodidatismo, que define pessoas capazes de aprender de forma independente, sem a orientação de uma mentoria.
Com o objetivo de explorar o assunto, este artigo abordará os principais pontos a respeito da aprendizagem autodirigida: como funciona, as diferenças para os métodos tradicionais, os principais desafios e, principalmente, como desenvolver uma cultura de autoaprendizagem nas empresas. Acompanhe!
O que é aprendizagem autodirigida?
Aprendizagem autodirigida (AAD), também conhecida pelo termo em inglês “self learning”, é um método no qual a pessoa, por iniciativa pessoal, assume a responsabilidade por seu próprio processo de aprendizagem, definindo suas necessidades e objetivos, além de escolher seus recursos e avaliar seu progresso.
Trata-se, fundamentalmente, de um processo no qual o(a) estudante se apropria da responsabilidade pela sua formação, tanto inicial quanto continuada, visando conquistar progressivamente sua autonomia intelectual.
Diferente dos métodos tradicionais, onde o professor ou a professora guia o conteúdo e ritmo, na aprendizagem autodirigida a pessoa estudante se torna protagonista.
Abaixo, listamos as principais características dessa metodologia.
- Autonomia e protagonismo: essas são as características que mais se destacam na AAD. O aluno ou aluna não somente desenvolve a capacidade de aprender de forma independente e contínua, mas também se reconhece como principal agente e responsável pelo seu próprio desenvolvimento. Ou seja, decide o que aprender e como.
- Motivação intrínseca: a curiosidade e interesses pessoais impulsionam o aprendizado. Por isso, ao longo do processo, é fundamental avaliar a própria motivação em relação ao tema, ajustando o planejamento quando necessário.
- Flexibilidade: não há um currículo rígido, ou seja, as pessoas estudantes podem adaptar seu estudo às suas necessidades, sem a pressão por prazos preestabelecidos por outras pessoas ou por exames formais padronizados.
- Autoavaliação: reflexão contínua sobre o progresso após a execução das atividades de aprendizagem. Nesta etapa, o(a) estudante analisa seu desempenho, os resultados obtidos em relação às metas estabelecidas e as estratégias empregadas. É igualmente importante avaliar também as reações emocionais ao longo do processo, para um entendimento mais profundo da própria motivação.
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Diferenças da aprendizagem autodirigida para os métodos tradicionais
Os métodos tradicionais de aprendizagem se caracterizam pela centralidade de um professor ou professora como transmissores de um currículo predefinido, com a pessoa estudante em um papel mais passivo e a avaliação focada na reprodução do conhecimento.
Dessa forma, eles apresentam pouca margem para personalização, além de que a motivação é frequentemente externa e a estrutura é mais rígida.
Por outro lado, a aprendizagem autodirigida posiciona o aluno ou aluna como protagonista do seu próprio aprendizado, definindo seus objetivos, escolhendo seus caminhos e avaliando seu progresso.
Nessa abordagem, o professor ou professora atuam como facilitadores, ao apoiar, orientar, provocar reflexões e disponibilizar recursos, mas sem ditar o percurso do aprendizado. Além disso, a motivação é interna, a flexibilidade é alta (permitindo a personalização da experiência de aprendizagem) e a avaliação é formativa e contínua.
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Aprendizagem autodirigida na EAD: como funciona?
A aprendizagem autodirigida na Educação a Distância (EAD), especialmente no cenário corporativo, funciona colocando a pessoa colaboradora como o principal agente do seu desenvolvimento profissional, utilizando a flexibilidade e os recursos da tecnologia para impulsionar o aprendizado. Entenda melhor a seguir.
Iniciativa e protagonismo da pessoa colaboradora
O(a) profissional identifica suas necessidades de desenvolvimento, define metas de aprendizado, escolhe como e quando estudar, e avalia seus próprios resultados.
A empresa pode fornecer “o porquê” o conhecimento é necessário, mas é o colaborador ou colaboradora quem assume a responsabilidade pelo seu processo e trilha de aprendizagem.
Uso de tecnologia e recursos online
A opção de ensino EAD é uma facilitadora chave da aprendizagem autodirigida no ambiente corporativo.
Isso porque as pessoas colaboradoras utilizam plataformas de aprendizagem (AVA — Ambientes Virtuais de Aprendizagem), cursos online, artigos, vídeos, tutoriais, palestras e outras soluções de ensino à distância para adquirir novas competências.
Dessa forma, as empresas podem oferecer universidades corporativas digitais, como MBA in company, e plataformas como a Alura + FIAP Para Empresas, com trilhas de conteúdo para estimular o aprendizado autodirigido no dia a dia de profissionais de diversos setores.
Além disso, para quem busca ainda mais autonomia, também pode contar com a Inteligência Artificial como aliada nos estudos. Isso porque ela pode auxiliar na criação de um planejamento, no esclarecimento de dúvidas, na formulação de perguntas, na solicitação de explicações sobre conceitos difíceis, entre diversas outras funções.
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Flexibilidade e autonomia
A aprendizagem autodirigida na EAD permite que o aprendizado se encaixe na rotina do(a) profissional, que muitas vezes precisa conciliar estudos com o trabalho.
Não há, necessariamente, a pressão de prazos preestabelecidos ou exames formais, com o foco na satisfação do conhecimento adquirido e sua aplicação prática.
Desenvolvimento de hard e soft skills
Os colaboradores e colaboradoras podem buscar tanto o desenvolvimento de competências técnicas específicas (hard skills) por meio de cursos e formações online, quanto o aprimoramento de habilidades interpessoais (soft skills), como comunicação e resolução de problemas, essenciais para a carreira.
Foco na aplicação prática
A aprendizagem é frequentemente orientada para a utilidade prática e a resolução de problemas reais do ambiente de trabalho. O conhecimento adquirido é direcionado para necessidades e desafios concretos da empresa ou da função da pessoa colaboradora.
Motivação intrínseca
A AAD no contexto corporativo é impulsionada pela motivação interna do(a) profissional em se desenvolver, dominar novas áreas e encontrar propósito no seu crescimento, alinhando-se com os pilares da Motivação 3.0 (autonomia, domínio e propósito).
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Como desenvolver uma cultura de autoaprendizagem nas empresas?
Para desenvolver uma cultura de autoaprendizagem (ou aprendizagem autodirigida) nas empresas é necessário um esforço conjunto que envolve desde a liderança até a disponibilização de ferramentas e a criação de um ambiente propício. Confira algumas estratégias que você pode aplicar na sua empresa.
1. Promova a comunicação e o propósito
- Comunique a importância: realize campanhas de comunicação para destacar o valor da aprendizagem autodirigida para o desenvolvimento individual e para os objetivos da empresa. É fundamental que as pessoas colaboradoras entendam por que determinado conhecimento é necessário.
- Crie uma identidade para o aprendizado: desenvolver uma identidade visual, um lema e valores claros associados aos programas de aprendizagem pode inspirar as pessoas a encararem o aprendizado de forma diferente.
2. Liderança como exemplo e suporte
- Explique o raciocínio: em vez de somente impor demandas, a liderança deve explicar o raciocínio por trás dos objetivos de aprendizagem.
- Defina expectativas claras (sem impor): as lideranças podem deixar claras suas expectativas em relação ao desenvolvimento de novas habilidades, mas sem impedir a autonomia do colaborador ou colaboradora no processo.
- Atue como mentor(a) e facilitador(a): líderes e especialistas podem atuar como mentores ou mentoras, facilitando o processo de desenvolvimento, mas mantendo a pessoa colaboradora como protagonista. Convidar especialistas para explicar temas pode despertar a curiosidade.
3. Forneça recursos e ferramentas adequadas
- Disponibilize plataformas e conteúdos diversificados: ofereça acesso a universidades corporativas, plataformas de aprendizagem online, artigos, vídeos, tutoriais, cursos à distância e outras soluções de ensino.
- Tecnologia como suporte: utilize a tecnologia para oferecer soluções de ensino à distância e suporte para pesquisas.
4. Crie um ambiente propício
- Incentive a iniciativa e a curiosidade: fomente um ambiente onde a curiosidade e a iniciativa pessoal para buscar conhecimento sejam valorizadas.
- Conceda autonomia e flexibilidade: permita que os colaboradores e colaboradoras escolham o que, como e quando aprender, focando na satisfação do conhecimento adquirido e sua aplicação prática.
- Estabeleça rituais de aprendizagem: incentive as equipes a dedicarem um tempo específico para o aprendizado, como reservar 30 minutos diários para aprimorar uma habilidade ou aprender algo novo.
- Ofereça espaços de troca e aplicação: crie oportunidades para escuta ativa, troca de ideias e compartilhamento de descobertas entre colegas e mentores(as). É fundamental oferecer espaços onde as pessoas possam aplicar concretamente o que aprenderam.
5. Fomente o compartilhamento e a colaboração
- Crie comunidades de conhecimento: incentive a formação de grupos ou “squads” em torno de temas de interesse, direcionando a energia para aprendizados relevantes para o dia a dia.
- Estimule o compartilhamento: encoraje as pessoas colaboradoras a compartilharem seus aprendizados e experiências com a equipe, pois isso reforça o conhecimento e o torna mais duradouro.
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6. Reconhecer e valorizar o processo
- Valorize o esforço e o processo: é imprescindível valorizar e reconhecer o talento não somente pelo resultado final da aprendizagem, mas também (e sobretudo) pelo processo vivido pelo colaborador ou colaboradora.
- Dê visibilidade às iniciativas: quando um(a) profissional ou equipe adota a aprendizagem autodirigida, dar visibilidade a essas iniciativas estimula a conversa sobre o tema e expande a prática como um hábito na empresa.
7. Alinhar com a motivação intrínseca
- Conecte com autonomia, domínio e propósito: a aprendizagem autodirigida atende aos pilares da Motivação 3.0 (autonomia, domínio e propósito), o que naturalmente engaja os colaboradores e colaboradoras. Ao permitir que aprendam em seu ritmo, dominem temas importantes e sintam que contribuem para a evolução da empresa, a motivação aumenta.
Ao implementar essas estratégias, as empresas podem construir gradualmente uma cultura onde a busca proativa pelo conhecimento se torna parte integrante do dia a dia, capacitando os profissionais a se adaptarem às constantes mudanças do mercado e a impulsionarem a inovação.
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Desafios da aprendizagem autodirigida e como as empresas podem driblá-los
Como vimos até aqui, a aprendizagem autodirigida no ambiente corporativo oferece muitos benefícios, mas também apresenta alguns desafios. Destacamos os principais a seguir.
Necessidade de autodisciplina, organização e foco
A AAD exige um alto grau de comprometimento individual para evitar a procrastinação e a falta de atenção, especialmente em ambientes digitais.
Para minimizar isso, a empresa pode oferecer acesso a plataformas de aprendizagem com interfaces amigáveis e criar oportunidades de aplicação do que foi aprendido.
Falta de orientação e direcionamento claro
Sem a estrutura de um curso formal, algumas pessoas podem ter dificuldade em definir o que aprender, por onde começar ou identificar fontes confiáveis.
Por isso, disponibilize materiais e ferramentas de IA e aprendizagem alinhados às necessidades da empresa, e promova mentorias e grupos de estudo.
Dificuldade na autoavaliação objetiva
Sem um feedback externo regular ou critérios claros, pode ser difícil avaliar o progresso e a eficácia das estratégias pessoais de estudo.
Para auxiliar, crie uma cultura de feedback entre pares e com a liderança, além de pessoas mentoras para auxiliar na reflexão sobre o progresso e na identificação de pontos de melhoria.
Gestão do tempo
A falta de tempo costuma ser uma barreira para se dedicar ao aprendizado contínuo, especialmente ao conciliar com as demandas do trabalho. Incentivar a dedicação de tempo para o desenvolvimento como parte da rotina de trabalho, estipulando um tempo diário na jornada, pode ser uma solução.
Valorização do conhecimento formal como única opção
Pode haver uma tendência social ou corporativa de valorizar somente as certificações formais, desmotivando caminhos de aprendizagem autodirigidos, mesmo que relevantes.
Por isso, dê visibilidade e valorize as competências adquiridas por meio da AAD, focando na aplicação prática e no impacto gerado. É importante ficar claro que ambas as formas de aprendizagem são relevantes e uma não invalida a outra.
Necessidade de habilidades metacognitivas
A aprendizagem autodirigida demanda que os(as) profissionais saibam planejar, monitorar e avaliar seu próprio processo de aprendizagem, habilidades que nem todas as pessoas possuem.
Cabe às empresas oferecerem orientação, por meio de mentorias ou workshops, sobre como planejar, monitorar e avaliar o próprio aprendizado de forma eficaz, além de disponibilizar ferramentas que auxiliem na organização dos estudos e no acompanhamento do progresso.
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Sabemos que implementar uma cultura de aprendizagem em uma empresa pode ser um grande desafio.
No entanto, com uma estratégia de ensino personalizada, é possível estimular o aprendizado contínuo, além de reforçar a busca pelo conhecimento como parte da cultura organizacional.
Para te ajudar a implementar essas mudanças, conte com o ecossistema Alura + FIAP Para Empresas. Com cursos online, treinamentos imersivos e MBAs in Company, além do suporte de especialistas, podemos apoiar você e seu time na construção de uma estratégia de aprendizado efetiva e com foco em resultados.
Entre em contato conosco e saiba mais!
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