Entenda o que é Secure Software Development Life Cycle

Entenda o que é Secure Software Development Life Cycle
Geovane Fedrecheski
Geovane Fedrecheski

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Introdução

Imagine que você teve uma ideia genial para um jogo de celular e começou desenvolver um aplicativo. Para isso, você desenhou as telas, pensou nos requisitos, e começou programar. Depois resolveu bugs, testou com usuários e finalmente publicou nas lojas de aplicativos relevantes.

Ah, antes de publicar, também conferiu algumas ferramentas para avaliar a segurança do app e parecia tudo bem. Porém, uma semana depois, você percebeu que os usuários encontraram uma forma de burlar a pontuação do seu jogo.

Após investigar, ficou claro que tratava-se de um bug de segurança introduzido lá no início, que poderia ter sido capturado por uma ferramenta adequada ou por um teste unitário. Como diria o desenho animado: se a pessoa desenvolvedora tivesse pensado sobre segurança em todas as etapas do desenvolvimento, nada disso teria acontecido!

Nesse artigo vamos aprender sobre o Secure Software Development Life Cycle, que apresenta justamente uma solução para embutir considerações sobre segurança em todas as etapas do desenvolvimento.

Imagem de um homem com um cigarro na mão, segurando uma folha de papel e olhando de lado. Há uma legenda que diz “Se o Picapau tivesse comunicado a polícia isso nunca teria acontecido".

Fonte: https://br.ifunny.co/picture/rNhrlDoN6

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Ciclo de Vida de Desenvolvimento de Software

O Ciclo de Vida de Desenvolvimento de Software (SDLC) é um processo estruturado que engloba diferentes etapas, desde a concepção da ideia até a manutenção do software após seu lançamento.

Cada etapa desse processo tem um objetivo específico e é essencial para garantir a qualidade e a funcionalidade do produto final. Ao longo do SDLC, pessoas desenvolvedoras, testadoras e outras profissionais envolvidas trabalham juntas para identificar e resolver problemas, otimizar o desempenho e garantir que o software atenda às expectativas de quem vai usar.

Vejamos um exemplo para ilustrar as etapas do SDLC. Suponha que uma empresa queira criar um aplicativo de gerenciamento de projetos para ajudar equipes a trabalharem de forma colaborativa. A primeira etapa do SDLC seria a análise de requisitos, na qual a equipe identifica as necessidades e funcionalidades do aplicativo.

Em seguida, passam para o projeto, em que a arquitetura do software e a interface do usuário são planejadas.

A etapa de implementação envolve a codificação do software, enquanto a fase de teste verifica se ele funciona corretamente e se atende aos requisitos iniciais. Após o teste, o aplicativo é implantado e disponibilizado aos usuários.

Por fim, a etapa de manutenção garante que o software continue funcionando conforme o esperado, com atualizações e correções de bugs conforme necessário.

Esse ciclo existe em qualquer ambiente de desenvolvimento de software. Agora vamos investigar onde é que o fator segurança vai se encaixar.

Não deixe a segurança pro final

Muitas vezes, a segurança é tratada como uma preocupação secundária durante o desenvolvimento de software e a deixamos para o final do processo. Isso, é claro, quando ela é considerada importante.

Essa abordagem pode levar a problemas significativos, uma vez que vulnerabilidades e falhas de segurança podem ser introduzidas em diferentes etapas do SDLC e, se não forem identificadas e corrigidas a tempo, podem resultar em consequências negativas para quem usa o software e para a reputação da empresa responsável por ele.

Retomando o exemplo do aplicativo de gerenciamento de projetos, suponha que a equipe de desenvolvimento não tenha levado em consideração as melhores práticas de segurança ao criar a funcionalidade de autenticação de usuários.

Isso poderia permitir que uma invasão comprometesse contas de usuário ou obtivesse acesso não-autorizado a informações confidenciais dos projetos. Além disso, se a segurança for deixada para o final, a equipe pode descobrir que algumas das funcionalidades implementadas no aplicativo não estão em conformidade com os padrões de segurança e precisam ser refeitas, gerando atrasos e custos adicionais.

Deixar a segurança para o final do SDLC pode ser uma decisão arriscada, pois a detecção e correção de problemas se torna mais difícil e cara conforme o projeto avança. Incorporar a segurança em todas as etapas do processo de desenvolvimento garante que as vulnerabilidades sejam identificadas e tratadas com mais antecedência, reduzindo o risco de falhas de segurança e protegendo pessoas usuárias e a empresa de possíveis problemas e prejuízos.

Colocando segurança em todas as etapas do SDLC

A adoção do Secure Software Development Life Cycle (SSDLC) permite a integração da segurança em todas as etapas do processo de desenvolvimento, garantindo que as práticas de segurança sejam levadas em consideração desde o início e ao longo de todo o ciclo de vida do software.

Isso inclui atividades como análise de requisitos de segurança, design seguro, programação segura, testes de segurança e gerenciamento de vulnerabilidades.

Uma seta, da esquerda para a direita, passa por alguns retângulos. No primeiro deles, mais à esquerda, está escrito “Requisitos”, no seguinte, está escrito “Design”, no próximo, “Implementação”. Na sequência, o retângulo traz escrito “Testes”. Depois, “Deploy”. No último, à direita, “Manutenção e Monitoramento”. Abaixo de cada retângulo há uma seta circular, que sai dele, passa pela palavra “Segurança” e depois retorna para ele.

Uma outra abordagem, conhecida como "shift left", está intrinsecamente ligada ao SSDLC, pois consiste em levar a segurança em conta o mais cedo possível no processo de desenvolvimento, minimizando os riscos e os custos associados à correção de problemas nesse sentido encontrados em etapas posteriores.

No exemplo do aplicativo de gerenciamento de projetos, aplicar o SSDLC significa que a equipe de desenvolvimento considerará a segurança desde a análise de requisitos, garantindo que as funções de autenticação e autorização sejam projetadas de acordo com as melhores práticas.

Durante a implementação, a equipe aplicará técnicas de programação segura, evitando erros comuns que podem levar a fragilidades. Testes de segurança, como análise estática de código e testes de penetração, serão realizados em paralelo com o desenvolvimento, identificando e corrigindo problemas antes da implantação.

Além disso, um processo de gerenciamento de possíveis falhas será estabelecido para monitorar e corrigir problemas de segurança que possam surgir após a implantação do aplicativo.

As vantagens do SSDLC e da abordagem de shift left incluem a redução da superfície de ataque, a detecção precoce de ameaças, a minimização de custos de correção de problemas de segurança e a melhoria da conformidade com regulamentações e padrões.

Ao integrar a segurança em todas as etapas do processo de desenvolvimento, a equipe cria um aplicativo mais seguro e robusto, protegendo os usuários e a empresa contra possíveis riscos e prejuízos associados a falhas nesse aspecto.

Conclusão

Como vimos, o Secure Software Development Life Cycle (SSDLC) é uma abordagem essencial para a criação de software seguro, implementando práticas de segurança em todas as etapas do processo de desenvolvimento.

Ao adotar a mentalidade de shift left e garantir que a segurança seja considerada desde o início e ao longo de todo o ciclo, é possível reduzir a superfície de ataque, detectar vulnerabilidades precocemente, minimizando custos de correção e melhorando a conformidade com regulamentações e padrões.

O SSDLC não só protege os usuários e a empresa contra riscos e prejuízos relacionados a falhas de segurança, como também contribui para a construção de uma base sólida de confiança entre quem desenvolve e quem por fim utilizará o software, garantindo a qualidade e a integridade do produto.

Geovane Fedrecheski
Geovane Fedrecheski

Geovane pesquisa e desenvolve soluções e protocolos, com foco em segurança pra Internet das Coisas. Bacharel em Ciência da Computação e Doutor em Engenharia Elétrica, já trabalhou com Android quando a LG ainda fazia smartphones, já fez uns backend aqui e uns frontend acolá, e hoje seu foco é em software embarcado (IoT). Colabora com a Alura desde 2022, além de também ser engenheiro pesquisador no Instituto Nacional de Pesquisa em Computação e Automação (Inria), na França.

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