O que é Governança de Dados?

O que é Governança de Dados?
Pedro Henrique Campagna Moura da Silva
Pedro Henrique Campagna Moura da Silva

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O desenvolvimento das tecnologias da informação mudaram não só o dia a dia das pessoas, mas também o sistema de organização das empresas. Essas tecnologias passaram de um meio que dava suporte às outras áreas para se tornarem também cruciais nas decisões estratégicas empresariais.

Nesse sentido, todas as decisões que permeiam a área ganham importância. Dentre elas, lidar com os dados tem se mostrado um dos maiores desafios, fazendo com que a Governança de Dados tenha um papel decisivo em empresas de diversos tamanhos.

Para que serve governança de dados

Imagine a Amazônia: verde, densa, cheia de rios. Essa mesma! Sabemos que a Amazônia é muito importante para todo o mundo e que é a partir da evapotranspiração de seus rios e da flora que saem parte da chuva que cai em outras regiões do Brasil. Dessa perspectiva, a Amazônia é o que consideramos um bem público global.

Um bem público global é algo palpável ou não e que, só de existir (ou continuar existindo), produz benefícios para diversos países e para a humanidade, em geral. De maneira semelhante, as empresas são beneficiadas por ter um sistema de governança de dados bem estabelecido.

Assim como a floresta tropical, a governança de dados produz benefícios ativos e passivos para a organização. Estes vão da capacidade de usar os dados para melhorar processos internos, do aumento da competitividade, da transparência e eficiência das ações da empresa até o cumprimento de legislações, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Marco Civil da internet.

Saber para que serve não é o bastante. É preciso entender melhor o que é a governança de dados.

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O que é governança

Quando comecei meus estudos nessa área, sempre surgia uma dúvida: mas o que é governança mesmo? E essa, na verdade, é uma boa pergunta para começar. Existem algumas definições de governança, mas a que vamos utilizar aqui é mais ampla. A governança é o conjunto de decisões e responsabilidades explícitas e implícitas de uma instituição para com seus clientes, parceiros e a sociedade.

Em outras palavras, é o pensar em como as decisões tomadas por uma organização (e suas consequências) se relacionam com seus objetivos e as partes envolvidas. Em um primeiro momento, essa definição pode ser muito ampla, dificultando pensar em algo mais concreto. Então, vamos a um exemplo.

Consideremos uma pessoa dona de uma empresa de produtos de cuidados pessoais. Ela sabe que uma das preocupações de sua clientela é se a empresa faz testagem em animais, por questões éticas (responsabilidades implícitas). Para as pessoas parceiras – fornecedoras e investidoras – também não é interessante se associar a uma empresa que conduz essas práticas.

A decisão de não realizar testes em animais, além de ética, é melhor quando pensamos tanto no fim (a clientela) quanto nas parcerias. Quando, no processo decisório, consideramos todas pessoas envolvidas e interessadas na questão, estamos praticando a governança.

A importância de dados nos processos de gestão

Uma das maiores revoluções envolvendo os dados aconteceu quando as empresas começaram a olhar e se embasar neles para tomar decisões. Isso pode ter se tornado comum, mas representou uma grande mudança no modelo de negócio das empresas.

Antes, boa parte de decisões eram tomadas a partir da visão individual ou coletiva de um determinado grupo de pessoas – gestoras – baseadas em suas experiências de vida e crenças pessoais. Esse modelo de tomada de decisão tem algumas características:

  • Ele falha quando as pessoas gestoras estão erradas.
  • A responsabilidade da falha é concentrada na gestão.

Por outro lado, quando olhamos para os dados para tomar as decisões, ocorre uma mudança no processo, pois elas são baseadas numa percepção mais exata da realidade e tendem a acertar mais a longo prazo. Decisões baseadas em dados têm menos vieses que a experiência das pessoas, além de serem melhor embasadas.

Podemos ver exemplos dessa metodologia em grandes empresas como Google, Facebook e Apple que têm mostrado resultados de alto impacto. Entretanto, ela também traz a necessidade de tomar diversas medidas para assegurar que os dados estão de acordo com a realidade e são completos, seguros e disponíveis.

Para garantir esse tripé, há a necessidade de gerir e refletir diversas questões, tais como:

  • Quem tem acesso aos dados?
  • Quais as medidas de proteção em relação aos dados?
  • Quais dados devem ser armazenados e quais devem ser deletados?
  • Quais as consequências de ter dados armazenados?
  • Quais os usos desses dados na empresa?
  • Quais os riscos que envolvem esses dados?

É justamente para responder essas questões que surgiu a área de Governança de Dados.

Ela pode ser definida como o processo que gera acesso, gestão, armazenamento e proteção dos dados de uma organização, tendo em vista todas as partes interessadas, para garantir a completude, disponibilidade e segurança dos dados.

E qual o papel da legislação nisso?

Se a Governança de Dados tem como preocupação pensar nas partes interessadas no processo decisório, uma das instituições incluídas em todo e qualquer desses processos são os países. É interesse deles garantir, juridicamente, que as proteções legais e de direitos também sejam preservadas quando falamos no meio digital e no uso dos dados de usuários(as).

A partir disso, alguns já apresentam legislações específicas voltadas para essa área. Uma das mais importantes internacionalmente, nesse sentido, é a Regulação Geral de Proteção de Dados (ou General Data Protection Regulation, GDPR) – da União Europeia, na qual se baseou a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) brasileira. Ambas buscam proteger os dados de usuários(as) contra o uso indiscriminado por qualquer agente.

Um ponto em comum e bastante progressista dessas legislações é que nelas, a propriedade dos dados não é de quem os coleta ou os usa, e sim da pessoa que gerou os dados. Essa propriedade implica que ela agora tem mais poder sobre os dados, sendo possível, por exemplo, saber exatamente quais dados as empresas detêm.

Além disso, o Brasil conta com uma outra legislação sobre a internet que tem a ver com o assunto: o Marco Civil da Internet que também versa sobre a proteção de dados pessoais na internet. Essa lei tem um propósito mais geral de organizar, juridicamente, o uso da internet e produz sobre os dados diferentes responsabilidades tanto de usuários(as) quanto das operadoras de telefonia e comunicação que disponibilizam o acesso à internet.

Conclusão

Neste artigo você aprendeu sobre a Governança de Dados, para que serve, o que é e quais as vantagens que isso traz à uma organização. Nesse momento, o ponto principal é entender como essa questão da governança impacta o trabalho de profissionais que trabalham direta e indiretamente com esses dados.

E é exatamente esse o desafio que muitas organizações enfrentam. Não é fácil alinhar a área de dados e também a gestão no sentido de desenvolver uma cultura organizacional em volta dos dados. Mas os benefícios de se fazer isso são grandes e há uma pressão jurídica para atender a legislação.

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Pedro Henrique Campagna Moura da Silva
Pedro Henrique Campagna Moura da Silva

Técnico em Informática e Analista de Relações Internacionais, trabalhou com desenvolvimento de software e ciência de dados voltados para pesquisa. Atualmente estuda governança de dados e tenta sempre construir pontes entre a tecnologia e o internacional.

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