Aplicando IA na educação, trazendo as IAs para o seu contexto, avanços em pesquisas científicas – Hipsters: Fora de Controle #11

Aplicando IA na educação, trazendo as IAs para o seu contexto, avanços em pesquisas científicas – Hipsters: Fora de Controle #11

Introdução

Deseja se manter atualizado sobre as mais recentes inovações e direções na área de Inteligência Artificial? Então esteja pronto para o nosso novo episódio imperdível do Hipsters.tech!

Com Paulo Silveira, nosso animado apresentador, liderando uma discussão empolgante e atualizada, você terá a oportunidade de participar de um debate imperdível. Juntamente com ele, teremos Sérgio Lopes, CTO da Alura; Guilherme Silveira, CINO da Alura; Tiago Maluta, Gerente de Inovação na Fundação Lemann; Mário Souto, também conhecido como "Dev Soutinho", Desenvolvedor no Nubank; e Marcus Mendes, apresentador do Bolha Dev Podcast.

Neste episódio, abordaremos as iniciativas que estão aplicando IA na educação, as oportunidades (e desafios) que o uso de IAs traz para pesquisas científicas e como a integração de inteligências artificiais em seu contexto diário pode ser vantajosa.

Aproveite esta oportunidade única de explorar conosco esse novo mundo que estamos começando a desbravar. Mantenha-se atualizado com as últimas tendências e mergulhe na transcrição completa deste episódio abaixo. Prepare-se para expandir seus conhecimentos e se encantar com o fascinante universo da Inteligência Artificial!

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Aplicando IA na educação, trazendo as IAs para o seu contexto, avanços em pesquisas científicas – Episódio 11

Paulo Silveira

Oi, você está no Hipsters Fora de Controle, o podcast spin-off que finalmente foca em apenas uma única modinha, inteligência artificial e suas aplicações.

Olá, ouvinte! Seja bem-vindo a este episódio especial do Hipsters Fora de Controle que sempre fala e traz para você sobre inteligência artificial. Vamos discutir o que está acontecendo no mercado e como você pode utilizá-la hoje.

E olhem, esta é uma semana muito legal, porque na Alura estamos estreando a nossa nova escola de inteligência artificial. Se você entrar “em alura.com.br, poderá ver que ela está no início, mas já possui uma dezena de cursos disponíveis. Também estamos lançando a nossa própria inteligência artificial, chamada Luri, powered by ChatGPT. Ela utiliza a API da OpenAI e foi treinada no contexto dos cursos que temos para os alunos Pro. Depois, deixo o Sérgio fazer um jabá no final.

Estamos muito animados, pois, desde que o Fora de Controle nasceu, temos dado passos em direção ao uso da inteligência artificial, trabalhando com ela e educando as pessoas sobre esse assunto, que também faz parte do nosso podcast.

Hoje, estou aqui com o Mário Souto, o Devin Soutinho, o Guilherme Silveira da Alura, o Sérgio Lopes, nosso CTO, e também com o Marcus Mendes, que sempre nos acompanha nos podcasts. Além disso, temos a participação especial do Tiago Maluta. Tiago, trabalha na Fundação Estudar e é do Lemann. Dê um oi para o pessoal.

Tiago Maluta

Oi Paulo, bom dia! Bom dia pessoal. Eu sou o Tiago Maluta e atualmente trabalho como gerente de inovação na Fundação Lemann. Meu trabalho envolve muito a intersecção entre educação e lideranças públicas. Agora, vou contar um pouco sobre o que estamos fazendo com IA no nosso trabalho.

Paulo Silveira

Legal, Tiago. Então, nesta primeira parte do podcast, vamos falar sobre as ferramentas interessantes que estão surgindo. Queremos saber quais ferramentas vocês estão usando e pensando: "Nossa, agora eu consigo fazer isso".

Por exemplo, alguém me mandou um "face swap". Acho que você já conhecia. É quando você coloca o seu vídeo e, em tempo real, troca o seu rosto pelo rosto de outra pessoa. Dá para fazer uma chamada no Zoom com o rosto de outra pessoa, embora nem sempre funcione tão bem quanto a maioria das ferramentas que apresentamos aqui.

No entanto, existem várias outras ferramentas, e preciso encontrar o link, porque talvez não seja exatamente esse o nome, mas esse é apenas um exemplo. Então, gostaríamos de provocar você, nosso ouvinte. Se você viu alguma ferramenta interessante esta semana, que está usando e que te surpreendeu, queremos ouvir sua opinião.

Twitte para nós ou deixe um comentário!

Tiago Maluta

Talvez eu possa começar trazendo um recorte da educação, porque acredito que estamos acompanhando várias edtechs desde o anúncio da OpenAI sobre o ChatGPT.

Muitas edtechs começaram a adaptar e utilizar a IA generativa para gerar valor para os usuários. Vou mencionar uma delas, o Aprendizap, que é um bot no WhatsApp focado em professores. Recentemente, eles lançaram algumas funcionalidades para geração de questões e sumarização de planos de aula.

O produto é gratuito e você pode acessar o site deles. Podemos deixar o link aqui posteriormente. Seria interessante experimentar e testar, especialmente para aqueles que trabalham com educação. A equipe está ansiosa por feedback.

Portanto, fica essa dica.

Marcus Mendes

Tem sido interessante acompanhar como muitas ferramentas estão surgindo, voltadas para mercados específicos que lidam com análise ou documentos, ou permitem interagir com documentos, além de auxiliar no planejamento das aulas, coletar feedbacks e seguir com a sequência. Já dei uma olhada neste site e vou deixar o link na descrição do episódio para quem quiser conferir como ele funciona.

É bacana observar que, de um lado, temos empresas como a OpenAI, que se destacou como a principal fornecedora de tecnologia para todos, cada vez mais apoiando essas microaplicações. Por outro lado, temos empresas construindo negócios em cima disso, com ideias interessantes.

Lembro, por exemplo, do evento da Microsoft, o Microsoft Build, que ocorreu cerca de um mês atrás. A mensagem deles foi: "Pessoal, estamos oferecendo a estrutura. Vocês precisam ter um produto bom, uma ideia legal para se apoiarem em nós e criarem, porque a tecnologia não é o produto. Vocês são o produto. Nós forneceremos a base e as ferramentas para vocês colocarem isso em prática e as pessoas se beneficiarem."

É empolgante ver que essa promessa está sendo cumprida nos dois lados dessa relação. Estão surgindo ferramentas interessantes direcionadas para esses casos específicos, e é ainda mais incrível quando são voltadas para aprendizado e oportunidades para escolas públicas. Então, essa ferramenta é realmente bacana.

Mário Souto

E Marcus, nessas minhas últimas empreitadas, tenho tentado aplicar em diferentes contextos o que faço e encontrar maneiras de encaixar tudo isso. Cheguei até a ultrapassar todos os limites possíveis da API do ChatGPT, como o limite de texto, entre outras coisas.

Mas algo interessante que aconteceu foi que, por exemplo, na semana passada, precisei renovar meu contrato com o Grammarly. Aí pensei: e se eu tentasse criar algo parecido com o Grammarly, mas de forma mais rudimentar, utilizando apenas a API da OpenAI com o ChatGPT e tudo mais? E tem sido um sucesso, pelo menos estou gostando. Não renovei com o Grammarly e agora consigo definir o contexto, o que antes ele só fazia para o inglês. Antes, eu sempre ia ao ChatGPT e copiava alguns textos. Agora, estou tentando evitar ter que abrir o ChatGPT para realizar essas tarefas.

Eu sei que parece estranho, porque todo mundo pensa: "Mas o ChatGPT é incrível!". Mas, para mim, a interface de texto não é a parte mais interessante de tudo isso. Ir para o chat é válido para começar, mas cada vez mais tenho utilizado outros aplicativos que já possuem algumas interações, como o M-Lab, que uso bastante para agendar postagens em redes sociais. Atualmente, o M-Lab já tem algumas funcionalidades com as quais é possível interagir. Alguns provedores de visualização de e-mails também possuem algum suporte. Estou tentando seguir essa linha. Até agora, meu substituto alternativo do Grammarly está funcionando bem.

Marcus Mendes

Isso é interessante porque, nesta semana - hoje é sexta-feira, quando este episódio é publicado - vai ao ar o último estágio, o último capítulo, o último vídeo da imersão da Alura sobre inteligência artificial, que ocorreu ao longo desta semana inteira.

O Paulo, o Sérgio Lopes e o Guilherme Silveira podem falar mais sobre isso, mas houve um grande foco nisso, não é mesmo? Não se trata apenas de ter a base para usar o GPT, mas sim de como aplicar isso em uma planilha, no seu próprio contexto, para começar a utilizar.

Do outro lado dessa relação, por exemplo, o Grammarly, que mencionamos anteriormente. O Paulo comentou nos primeiros episódios: "Caramba, vou parar de usar o Grammarly, porque existem outras ferramentas disponíveis e o Grammarly está um pouco atrasado nisso. Precisamos nos atualizar e começar a usar outras alternativas".

E é exatamente isso, dentro do contexto em que você está, não é mais necessário buscar a IA para realizar as tarefas.

Tiago Maluta

Talvez possamos aproveitar o que o Marcus mencionou sobre imersão.

Acredito que seja relevante trazer esse tema aqui, pois temos uma audiência bastante técnica. No entanto, também há interesse na imersão por parte do público não técnico, que deseja aprender como fazer. Isso se encaixa perfeitamente no público da Fundação Lemann, onde trabalho. Apesar de não sermos um time de desenvolvedores ou especialistas em tecnologia, temos o interesse em aprender e aprimorar nossas habilidades.

Quando lançamos a imersão, realizamos alguns treinamentos internos para mostrar como utilizar prompts e outras ferramentas. Divulguei a imersão para muitas pessoas da equipe, e temos membros da Fundação participando e acompanhando. Acredito que a imersão aborde exatamente o que procuramos: como tornar nosso dia a dia e trabalho mais eficientes ao aprender a utilizar essas ferramentas.

Estou vendo muito valor nesse processo e acompanhando de perto os resultados. Além disso, fico feliz em saber que membros da equipe que não têm experiência no mundo da tecnologia também estão gostando e validando a imersão.

Sérgio Lopes

Essa semana foi interessante porque parece que o Bing está começando a disponibilizar o GPT-4 multimodal para uso das pessoas. Isso muda tudo, não é mesmo? O multimodal significa que, além de inserir texto, você pode inserir imagens como entrada. Assim, o modelo começa a entender imagens. Ainda não está disponível para todo mundo, na verdade, acredito que seja para pouquíssimas pessoas, mas já começaram a surgir várias discussões no Twitter de pessoas que estão recebendo acesso, e é impressionante, é claro.

Você coloca uma imagem lá, e ele explica o que está acontecendo na imagem, ele age com base nisso. Por exemplo, você pode tirar uma foto da geladeira e perguntar o que pode cozinhar com os ingredientes disponíveis. Ele não só entende o que está na imagem, como também entende que você quer uma receita e cria uma receita com aqueles ingredientes, e assim por diante. Vi uma análise em que a pessoa dizia que eles não estão liberando para todos porque o GPT-4 com imagens resolveria facilmente todos os captchas do mundo, e eles têm um pouco de receio em relação à segurança. Não que não existam ferramentas para resolver captchas de imagem, é claro, mas ele resolveria até mesmo aqueles com textos distorcidos.

Enfim, é interessante ver essas evoluções e possibilidades.

Mário Souto

Inclusive contratar alguém pra olhar a imagem e resolver pra você. Isso é importante também.

Sérgio Lopes

Pois é, já existia, mas acredito que a questão seja o acesso, sabe? Uma coisa é ter uma ferramenta meio "dark web", obviamente não é dark web, mas algo mais restrito, tipo "Ah, aqui está o negócio que resolve captchas". Outra coisa é você ter isso disponível no Bing, entende? Assim qualquer pessoa no mundo pode acessar, então parece que eles estão um pouco receosos. No entanto, achei impressionante. Já começaram a surgir aquelas combinações tipo "Ah, eu gero algo no Mid Journey, jogo de volta no Bing, e o Bing interpreta e me diz o que fazer e assim por diante... interessante".

Também me surpreendeu que o primeiro movimento do GPT-4 com imagens tenha sido feito publicamente através do Bing, e não do ChatGPT ou da OpenAI, não é curioso? Mas talvez os 10 bilhões da Microsoft estejam fazendo algum efeito nessa ordem de prioridade.

Mário Souto

Não só isso, teve outra notícia que saiu esses dias, o pessoal da OpenAI comentou que estavam com medo. Aparentemente, quando a Microsoft lançou a integração com o ChatGPT, ainda não estava totalmente pronta.

E teve esse cara que disse: "Não, se lançarem algo ruim, as pessoas não vão gostar". Mas houve uma pressão forte para lançar, e até no evento recente em que participei na Microsoft, acho que houve uma mudança de cultura, sabe? Tipo, o pessoal está cada vez mais falando "Agora você pesquisa no Bing".

Então acredito que internamente as pessoas devem estar muito empolgadas também. Porque, realmente, pela primeira vez na história, estamos vendo o Bing ganhar destaque nas buscas. Conheci pessoas que já estão usando o Bing como padrão e continuam utilizando.

Porque, quando começamos o primeiro episódio aqui, estava no Hype, havia algumas pessoas com acesso beta e tudo mais, mas ao longo do tempo, manter esse acesso é realmente o que faz a diferença, é o que está pegando mesmo.

Sérgio Lopes

Lá, vemos o Marcus falando sobre os alunos da imersão, comentamos sobre eles acessando as ferramentas e tal. E o pessoal tem gostado do Bing, principalmente porque o Bing dá acesso gratuito ao GPT-4 de alguma forma, enquanto o ChatGPT aberto ainda não oferece, né? É interessante, porque as pessoas estão realmente utilizando, curiosamente, né? É uma frase que jamais imaginamos que diríamos em 2023. Não, o Bing está sendo utilizado. Mas está sendo utilizado e bastante.

Paulo Silveira

É, o jogo mudou. É, temos uma nova corrida aí. Uma nova corrida, é muito legal.

Sérgio Lopes

E o que você não ouve é "as pessoas estão usando o Bard". Isso é a frase que não existe em lugar nenhum. Nem... tudo bem que no Brasil não tem acesso, mas mesmo lá fora as pessoas não falam. O Bard morreu.

Paulo Silveira

Quem diria, hein? Ah, é. E teve uma ferramenta que eu descobri na sexta passada, antes da gravação do episódio da semana passada, que é o framer.com/ai. O framer.ai, vou deixar o link na descrição que o Marcus coloca pra gente. Ele dá um prompt e gera um site pra você, mas não é só um site, ele gera o layout, as imagens, os textos, o figma que dá pra você importar e fazer algumas coisas, e ainda faz o deploy pra você num subdomínio do Framer.

Então, se você entrar em "fora-de-control.framer.ai", você vai ver o site que ele gerou para um podcast da Alura sobre inteligência artificial aplicada para você usar no dia a dia com as novidades e é semanal. Com esse prompt ele gerou esse site e durante essa geração ele permite que você altere as imagens, mexa no layout, altere os números, a fonte, e uma série de outras coisas. Tem até a opção de regerar o site com outro seed.

Obviamente, ainda há empecilhos e dificuldades, mas já traz algo que te faz pensar "opa, acho que tem algo aí". No próximo passo, você pode dizer "olha, quero que ele se conecte com a API através de GraphQL, para quem entende de programação, e puxe os dados desse tal endpoint". Talvez ele já faça isso. Claro, vai faltar um monte de coisas que exigem a participação de um profissional, mas é mais um daqueles sinais que não dá pra dizer que "nada está acontecendo, não é tão relevante". É um sinal relevante e bem óbvio para quem conhece um pouco mais, quem está trabalhando bastante com OpenAI, API, etc. Olhando esse resultado, você já sabe como ele foi feito. Não é ficção científica, não é mágico, dado o GPT, isso aqui não é mágico, nada mágico. É aplicável, é bem aplicável, isso que é interessante.

Todas as aplicações em cima da OpenAI e dessas outras APIs são meio óbvias e fascinantes. Então eu acho que essa é a revolução. Estão acontecendo coisas óbvias a partir de agora. Ah, é claro, ele só juntou isso com aquilo. E chegou em algo útil. É diferente do blockchain, em que você juntava isso com aquilo e chegava em algo que... Ah, será que vai ter utilização? Olha, capacete de realidade virtual. Olha só o que dá pra fazer, hein? Nossa, que protótipo legal, hein? Onde que dá pra usar? Não sei. Aqui é diferente. Não é nada genial. É óbvio, mas o resultado é útil.

Pra mim, mais uma vez, essa aposta que fazemos neste podcast, assim como a Alura, essa aposta que eu e outros profissionais estamos fazendo, muitas pessoas apontam pra mim e dizem: "Oh, Paulo, você está seguindo a moda, hein cara".

Pra mim, é uma situação muito diferente, é muito mais... a aposta aqui é muito mais clara. Mais uma vez, é uma aposta, podemos acabar nos dando mal, meu irmão aposta um pouco menos nas filosofias que eu defendo, ele diz: "Olha, isso vai ser..."

Mas, de qualquer forma, algo aconteceu e já é útil, isso é muito difícil de negar. Tiago mencionou aqui no chat, diz só a analogia aí, Tiago, que seria muito boa.

Tiago Maluta

Acho que há um bom exemplo que já ouvi várias vezes, que é o blockchain sendo uma grande promessa, mas que ainda não se comprovou.

No entanto, se olharmos para outra tecnologia brasileira, o Pix, essa sim é talvez o maior meio de pagamento atualmente no Brasil. Em pouco tempo, tornou-se a principal forma pela qual as pessoas realizam transações financeiras. É um bom exemplo, acredito que sua usabilidade e a forma como entrega valor são fundamentais.

Eu vejo o GPT seguindo essa mesma linha. As pessoas estão construindo valor em torno dele muito rapidamente e conseguindo perceber isso e se beneficiar.

Paulo Silveira

Excelente analogia, realmente. Enquanto o blockchain precisava encontrar o seu lugar e perguntar "Onde posso me encaixar?", o Pix já encontrou seu espaço e está se espalhando rapidamente. O que o futuro reserva? Será que teremos um Pix recorrente que substituirá outros mecanismos e coisas do tipo? Não temos certeza, mas tudo indica que ainda há muito espaço para ser explorado.

Mário Souto

E, Paulo, acho que um ponto interessante do que você mencionou é que, por exemplo, o Framer já está presente no Airbnb, na Netflix e em várias outras grandes empresas de tecnologia, não é mesmo?

A diferença é que antes não tínhamos algo que conseguisse gerar o texto de uma forma tão incrível como agora. É quase como um truque de mágica. Já tínhamos uma maneira de resolver esse problema, por quê? Ele não está gerando o HTML e o CSS.

Já existem vários modelos pré-configurados disponíveis. Você só precisa agrupar os templates, entende? Então, é isso, ele não está gerando tudo 100%, mas já é possível pegar uma base bem estruturada, com uma ideia interessante, e ter algo sensacional.

Marcus Mendes

E aí, até a combinação, por exemplo, nesta semana, ou talvez na semana passada, o George Hotz, aquele hacker prodígio, estava comentando sobre o que ele sabe do GPT-4. Ele falou de forma crítica sobre o GPT-4. Mas, não sei, talvez por ter um conhecimento mais superficial do que ele sobre o significado disso, achei interessante, sabe? Ele disse que, pelo que ouviu, o GPT-4 é um treinamento de oito vezes de modelos menores e um retrabalho deles para combinar, é quase um treinamento multimodal, para apresentá-lo. Por isso que eles mantiveram isso em segredo.

E o Soumith Chintala, que é do PyTorch, ouvi mais ou menos a mesma coisa também. Com essas informações, você encontra as peças para ir juntando, de um lado pode oferecer soluções como estávamos comentando no início do episódio, e do outro pode oferecer a base, no caso do GPT-4, que impressionou todo mundo, continua impressionando todo mundo, e a cada dia as pessoas encontram novas maneiras de tirar ainda mais proveito disso. Lá atrás, eles também montaram esse quebra-cabeça para poder proporcionar esse resultado final para nós.

Paulo Silveira

Nessa segunda parte, vamos conversar um pouco mais sobre o que está acontecendo no mercado e até algumas filosofias de vida. Parece que o pico do medo generalizado diminuiu um pouco, mas isso não significa que não seja real, vou compartilhar minha opinião aqui.

No entanto, outras coisas estão passando pela cabeça das pessoas. Meu irmão Guilherme, que está aqui esses dias, falou assim no grupo do WhatsApp: "Ah, eu quero falar sobre essa coisa que a...". É óbvio que a Inteligência Artificial não vai fazer pesquisas, não vai... Não lembro qual termo ele usou. Então lembrei que ele não usa muito o Twitter.

Lembrei que há dois meses tuitei algo assim: "Até o final do ano, a Inteligência Artificial fará descobertas científicas, especialmente em meta-análises, ou seja, em revisões de estudos", o que acho um pouco mais, digamos, "simples", porque ela consegue analisar 100 artigos ao mesmo tempo e tentar identificar quais fazem sentido, quais não seguem determinado padrão, para fazer a meta-análise.

Eu coloquei nesse sentido, não que ela vá descobrir a cura de uma doença, mas sim sugerir e dizer: "Olha, esses artigos fazem sentido, tente tirar uma conclusão e agora teste isso que faltou". Trabalhar com textos e não com descobertas. Continuo apostando que alguém vai dizer: "Olha, fiz essa meta-análise, essa revisão por pares desses artigos, e esse pesquisador de Singapura não conhecia esse da Finlândia, e essa combinação de artigos mais esse chega a uma conclusão mais ou menos similar, então é melhor alguém pesquisar um pouco mais, pois parece que há algo aqui".

Essa é minha provocação, de que com isso poderemos analisar várias pesquisas e artigos simultaneamente, algo que atualmente é feito de maneira extremamente lenta e difícil, porque temos poucos cientistas capazes de ler e entender minimamente o que está escrito nesses artigos altamente avançados. Essa é minha hipótese.

Estou menos animado agora do que estava até o final de 2023. Acredito que, no final do ano, alguém irá apontar e zombar de mim pelo meu tweet, mas ainda há uma pequena esperança.

Guilherme Silveira

Ou eu posso falar sobre isso.

Sérgio Lopes

Se eu fizer um validador de pesquisa científica seria ótimo. Elimina metade das pesquisas que não tem relevância estatística.

Paulo Silveira

Isso! Esse tipo de coisa. E também apontar qual que tem relevância demais e que as pessoas estão dando pouco valor e pouco citado. Algo assim, minerar, eu não sei exatamente.

Sérgio Lopes

A quantidade de pesquisa que o povo tá compartilhando no Twitter recentemente, que não tem nada a ver com nada, né? E agora virou moda você mandar um PDF. Você manda um PDF formatado, aí aquilo se chama pesquisa...

Mário Souto

É um paper.

Sérgio Lopes

É um paper, é um paper, é isso aí. E, cara, tem... 90% não tem... tem zero relevância.

Mário Souto

Inclusive, dá pra fazer o teste. Ganha uma treta com a receita de miojo, e aí você prova que funciona no Enem e nas tretas também.

Tiago Maluta

Mas, assim, pelo que eu estava acompanhando, para que isso seja possível, algo nessa linha do que o Paulo está falando, seria necessário aumentar significativamente a capacidade de retenção de informações do modelo, né? Porque, às vezes, se você pegar, por exemplo, um documento de 40 páginas no Google Docs, não é possível salvá-lo no GPT e continuar a próxima iteração, pois ele começa a esquecer o contexto anterior. Precisaríamos ser capazes de aumentar a quantidade de informações que ele consegue armazenar em um texto, para então podermos ter algo maior.

Não estou dizendo que não seja possível quebrar o documento e gerar várias partes menores para depois agrupá-las, mas acredito que isso resultaria em perda de muita informação, sabe? Se você pega um artigo muito extenso e vai diluindo cada vez mais, acaba perdendo seu conteúdo. É como água, na minha cabeça é como colocar corante na água, entende?

Guilherme Silveira

Eu tenho uma infinidade de críticas a tudo isso. Vou listar apenas algumas dessas inúmeras críticas, tá? Porque acho que não temos tempo infinito.

Paulo, acho que você não precisa ficar tão triste com o seu tweet, porque, se não me engano, a frase do Sam Altman é algo como "faremos 10 anos, 100 anos de pesquisa científica em 10". Alguma frase desse tipo. Dizendo que a velocidade vai se multiplicar e não sei mais o quê, acelerando, e a humanidade está acelerando essa sensação, etc. Beleza, não tem problema, é algo óbvio de se dizer. No entanto, essas outras coisas são muito arriscadas.

Por exemplo, Paulo, pegando o exemplo que você mencionou, um sistema gigantesco que analisa muitas pesquisas e encontra correlações. Esse é o primeiro erro da ciência de dados, que é encontrar correlações que não fazem sentido, porque você está procurando correlações em um volume muito grande. Então, ele vai encontrar correlações incríveis, que são falsas, pode ter certeza absoluta, porque ele é capaz de fazer isso. Portanto, esse não pode ser o caminho, temos que seguir por outro caminho, entendeu? É necessário ter muito cuidado com isso. O problema é a superficialidade da afirmação, né? Como o Mário acabou de comentar: "Ah, não, mas não conseguimos fazer isso por causa do volume hoje". Mas então o defensor-mor, e quando digo defensor-mor, com certeza estou me referindo aos donos e às partes interessadas dessas empresas, vão dizer: "Não, quando tivermos um contexto maior, uma janela maior, aí seremos capazes". Quer dizer, não é uma verdade, não é necessariamente verdade que, quando tivermos um contexto maior, haverá um contexto maior. O que você será capaz de conseguir, nós descobriremos quando tivermos um contexto maior. A afirmação não se torna verdadeira só porque você acha que terá um contexto maior no futuro. Esse é o primeiro perigo.

É preciso lembrar que, sim, a inteligência artificial já fez coisas incríveis na medicina, nos jogos, e em várias outras áreas, revoluções incríveis em várias áreas, coisas incríveis. No entanto, o cuidado que devemos ter é que essa inteligência artificial está sendo vendida como uma inteligência artificial genérica pré-quase-inteligência artificial. E não é ela que está fazendo esses avanços científicos, não é ela que está fazendo isso, são suas inteligências artificiais específicas. Isso. Está sendo apresentado e, então, faz-se o que quer, etc.

E aí, o que eu queria comentar, o Sérgio falou muito bem, imagina então validar, etc. E aí é o momento fofoca do Gui, momento fofoca. Chegou para mim um e-mail, não citarei fontes, chegou para mim um e-mail de pessoas importantes na área de pesquisa, fazendo o seguinte: utilizando inteligência artificial para validar artigo científico, e aí devolvendo para o autor, para a autora, a validação. E o resultado é um desastre enorme, um monte de coisas erradas. E aí não tem ser humano, ou se tem ser humano, é uma pessoa incapaz de estar fazendo esse trabalho, e devolvendo para o autor um monte de coisas que não fazem sentido, devolvendo um manuscrito pior do que o original. E aí o autor agora tem que lidar com isso. E aí fica indo e vindo com a inteligência artificial que está escondida, que não está na frente. Fica indo e vindo, porque você está lutando agora com uma inteligência artificial que está te atrapalhando no teu processo de pesquisa.

Então, eu gostaria, adoraria que alguém me mostrasse papers em que GPT ou análogas, inteligências artificiais que estão sendo chamadas de pré-genéricas, olha, têm consciência, olha, não sei o quê. Elas sozinhas desenvolveram um paper. Esse eu adoraria ver, se alguém tiver, eu adoraria ver, entender o que é que ela sozinha... Só falei, olha, o meu gol é esse, e ela desenvolveu. Maravilha, adoraria ver isso acontecer. Realmente é um Spark muito interessante. Ela ter sido ajudada, ela ter ajudado a calcular coisas, ajudado a aprender coisas, é uma coisa totalmente... uma ferramenta totalmente diferente dessa revolução da genérica, totalmente diferente.

Então eu adoraria ver isso, mas o que eu vi na verdade foi o contrário, o que eu vi foi a inteligência artificial atrapalhando o processo científico nesse instante. Então eu gostaria de ver e adoraria que alguém me mandasse essa. Esse é o desafio do Gui. O desafio do Gui de hoje é mandar um paper que eu adoraria ver e talvez vocês aqui vão me falar "olha, tem esse paper aqui que foi gerado completamente pela inteligência artificial e adiciona conhecimento científico, não é um resumo. Não é o GPT falando do próprio GPT e que não tem novidade nenhuma científica ali e é isso aí.

Paulo Silveira

Perfeito, Gui. Deixa eu te dar um exemplo que é o que eu e o Sérgio estamos trazendo.

Tem essa cientista que é bem conhecida, ela é muito ativa no Twitter, ela é a Elisabeth Bik. Eu vou deixar o link aí, ela é uma microbiologista. E ela ganhou notoriedade nos últimos três anos porque ela pega os papers, especialmente imagens e dados, e ela pessoalmente lê e tira as conclusões falando "olha, nesse paper aqui tem esse dado aqui que obviamente é um copy paste que a pessoa fez, o cientista fez só para dar o resultado que ele quer colocar na conclusão e publicar no paper, no jornal da biologia internacional Tier A".

Então, ela olha as fotos dos micróbios, ela olha as fotos do genoma e fala "olha, isso aqui obviamente a pessoa inverteu a imagem, usou um blur" e falou "olha, depois que eu apliquei o acetato de metformina, as proteínas começaram a desenvolver melhor, logo meu teste AB mostra que esse medicamento pode sim ser usado no tratamento do coronavírus, ou do que for".

Esse Twitter dela, a quantidade de coisas que aparece aí, de jornais científicos importantíssimos, é um volume assombroso, e ela faz isso com o GPT do cérebro dela, o que é algo incrível. A minha aposta é que até o final desse ano mecanismos novos vão ser adicionados nesses journals, nessas conferências e entre a comunidade científica para que um paper seja validado, claro, pelo peer review. Vai continuar tendo tudo isso, mas agora essas coisas que forjam a ciência e que nos levam para os caminhos errados vão diminuir, por quê? Porque esse tipo que eu mandei o link aí, a gente vai ter que é uma foto de um copy paste aí, tem vários no Twitter dela, que você vê que na hora que ela aponta, se você bater o olho você não consegue dizer, mas na hora que ela aponta, tá vendo que essa célula aqui é exatamente a outra, só que a pessoa inverteu o eixo XY e colocou uma bolinha a mais aqui pintada.

As pessoas, os grandes cientistas, doutores e pós-doutores da Ivy League falsificam, alguns é óbvio que é uma minoria, mas falsificam resultados de pesquisas genéticas, médicas, de fármaco, etc. Obviamente por egoísmo, reputação, dinheiro, mau alinhamento. E hoje em dia, tomamos decisões da nossa vida e nossos médicos e médicas tomam decisões para nós, baseados nesses papers falsificados. E cientistas como ela, usando o olho dela, falam "Opa, isso aqui tá errado".

A minha aposta é que em um curto período de tempo isso aí vai ser passado no GPT, Paper, School, Academics, e ele vai falar "Gente, isso aqui, você tá de brincadeira comigo, né?". Essa imagem obviamente foi gerada, ou Photoshop, isso aqui aplicou não sei o que, ou foi gerada por um mid journey, ou foi gerada por alguma coisa. Logo, nem passa pro pre-review, essa pessoa deve estar presa e não publicando o paper aqui.

Então, minha aposta em relação aos avanços científicos são esses. Aí eu concordo com vocês, vai ser exponencial ou não, etc. Mas, se isso acontecer, a inteligência artificial terá um papel, sim, importante na comunidade científica. Se ela vai fazer discoveries, é outra coisa, mas que ela vai ajudar a evitar os maus descobrimentos, é uma aposta que eu continuo fazendo. É um passo antes, é um passo antes desse, realmente, o discovery é...

Guilherme Silveira

Não sei se é um passo antes, é um outro passo, é um passo diferente, eu acho.

Paulo Silveira

Eu ainda aposto mais do que você, que aposta zero. Eu ainda aposto um pouco, mas eu entendo que isso é outra coisa. Se você mandar ele ficar fazendo essas correlações, ele vai fazer igual a essas analogias, como quando a gente pede para ele criar o Star Wars em São Paulo, ele faz essa analogia, né? Se a gente pedir para ele encontrar correlações, ele vai encontrar até correlações entre Star Wars e São Paulo, e isso não quer dizer nada, né?

É, realmente tem...

Mário Souto

É, porque você consegue abrir a Wikipedia e, tipo, se você acessar a página de São Paulo, consegue navegar pela Wikipedia e chegar em Star Wars de algum jeito.

Paulo Silveira

Em três cliques, é, exato.

Guilherme Silveira

Paulo, não é que eu aposto zero, mas a dificuldade que eu tenho é aceitar um argumento tipo Nostradamus de um vendedor de um produto.

Então, fazer uma aposta, dizer "olha, com base na minha experiência ao usar isso para criar papers, eu acredito que isso vai acontecer", é uma coisa. Agora, quando um vendedor de um produto fala que "olha, meu produto vai revolucionar a humanidade, fazer em 10 anos o que levaria 100 anos", eu preciso ver alguém de fora mostrando que isso está acontecendo. Não dá para o vendedor me convencer sozinho, afinal ele é o vendedor.

Então, outras coisas que eu vejo por mim mesmo, ou vejo através de conhecidos, ou vejo a gente usando, aí tudo bem. Mas se for apenas uma promessa, é apenas a promessa de um vendedor. No dia em que alguém realmente concretizar isso, aí sim, até lá é só promessa.

Marcus Mendes

Você estava comentando sobre as correlações e etc. Eu lembrei de um site antigo, ótimo, que traz correlações de coisas absurdas, e que, claro, não tem nenhum tipo de impacto uma na outra.

Então, por exemplo, o consumo per capita de queijo nos Estados Unidos de 2000 a 2009 teve uma correlação de 94% com a quantidade de pessoas que morreram enroladas no lençol enquanto dormiam.

Tinha outro exemplo relacionado ao número de letras do concurso nacional de...

Mário Souto

Do Nicolas Cage lá.

Marcus Mendes

É, tem o do Nicolas Cage.

Mário Souto

Toda vez que você enfia o de Nicolas Cage a bolsa sobe.

Marcus Mendes

Pessoas se afogam. Então, vou deixar também na descrição aqui.

Quanto a essa questão do otimismo nos estudos, eu concordo mais com o Paulo, acredito que estamos na direção certa para chegar a algum resultado.

Na semana passada, por exemplo, saiu uma entrevista do Lex Fridman, que sempre mencionamos, certo? Ele conversou com o Marc Andreessen, que tem algumas opiniões e problemas de discurso com os quais nem sempre concordo. No entanto, de forma geral, ele mencionou algo interessante. Se considerarmos que as IAs que temos hoje possuem um QI de, digamos, 120, antes tínhamos IAs com um QI de 160. Conforme essas IAs forem evoluindo e se aproximando desse QI, poderemos utilizá-las para analisar dados que podem indicar novas descobertas em física, por exemplo.

Fico pensando em deixar essas IAs processando e analisando esses dados, colocando flags em coisas que possam indicar algo promissor. Nesse ponto, entra o fator humano, algo que já ocorre atualmente, mas em menor escala. Minha namorada é endoscopista e trabalha com pílula endoscópica. Uma das coisas que ela faz é analisar toda a filmagem para detectar problemas. Antes, havia um software israelense chamado Pillcam que precisava ser utilizado para essa análise completa. No entanto, depois que a patente foi quebrada, um software chinês que faz basicamente a mesma coisa, mas já utiliza IA para analisar os dados, entrou em cena. Esse software sinaliza "Nesse frame aqui tem um pontinho que pode indicar algo". Claro, há falsos positivos e coisas que podem passar despercebidas, mas o importante é que essa inteligência esteja de olho nos dados e levante a mão para sinalizar algo para um profissional com cérebro e dois olhos, que fará uma análise mais aprofundada. Acredito que isso facilita o processo, mas não necessariamente leva a novas descobertas.

Tiago Maluta

Acho que vou fazer um paralelo com o comentário do Gui aqui, porque acredito que há uma questão relacionada à ciência, como já discutimos, mas também há algo que percebo quando lido com casos na área da educação, por exemplo.

Falo muito sobre a importância de separar o ruído do sinal, porque as pessoas vêm com essa promessa do vendedor, e a referência que você fez foi boa. Parece que esperam que isso vá resolver todos os problemas que enfrentamos atualmente na educação. No entanto, aqueles que têm mais experiência já viram outras ondas surgindo. Lembra da época dos cursos online em massa? Achavam que isso acabaria com as universidades.

Acredito que temos alguns exemplos do passado e estamos enfrentando dilemas semelhantes agora. E há questões de regulação e ética envolvidas, mas se não conseguirmos enxergar isso como uma ferramenta nesse momento imediato, provavelmente nos depararemos com limitações rapidamente. Portanto, é uma ferramenta que pode auxiliar o aluno, mas será que é isso que realmente queremos? Será que não há um aspecto pessoal na educação?

Acredito que ainda existem muitos dilemas e perguntas em aberto, para as quais não teremos respostas definitivas. No entanto, minha sensação está mais alinhada à perspectiva que o Gui trouxe, de "usar como uma ferramenta, compreender seus limites, em vez de sair por aí dizendo que isso vai resolver todos os nossos problemas".

Paulo Silveira

E aproveitando que o Tiago Maluta está aqui, também o Sérgio e o time do Sérgio, junto com o Gui, lançaram essa semana a Luri em beta, que é a nossa IA. Queria entender um pouco como vocês estão vislumbrando o futuro da educação, sem essa ideia de que nem dez anos atrás falavam que ia acabar a universidade, e agora tem gente que fala que vai acabar o professor. Enfim, sempre vai ter alguém dizendo que tudo vai acabar.

As grandes instituições, e meu pai que me ensinou isso, as grandes instituições... A biblioteca, o hospital, a escola, a universidade, o presídio, entre outros. Esses lugares importantes são difíceis de mudar completamente. E não é por conservadorismo, é porque envolvem muitas conexões, muitas pessoas e são a base da sociedade. Mesmo a biblioteca, é curioso, as bibliotecas estão aí. As pessoas dizem: "Ah, com a internet, os livros vão acabar". Mas elas continuam funcionando de uma forma diferente, né? Vão se adaptando, mas a mudança completa não ocorre. "Poxa, chegou a internet na década de 90, agora vai acabar com as bibliotecas." Não foi isso que aconteceu.

Então, existem mecanismos mais lentos do que imaginamos. Agora, esses bots, as assistentes de inteligência artificial que corrigem exercícios e ajudam no próximo passo... Descreva para mim passo a passo o que está acontecendo, explica melhor para mim a história do Brasil nesse ponto. O Khan Academy estava tentando fazer isso. Eles têm sua própria IA, assim como outros também possuem. Fico feliz que aqui na Alura, sem dúvida, estamos pioneiros nesse mecanismo de responder de forma contextualizada em nossos cursos.

O que está acontecendo agora e o que as pessoas falam que vai acontecer... Quem vocês acham mais confiável, que diz "Oh, isso vai acontecer"? Em quem vocês apostariam mais?

Tiago Maluta

Ó Paulo, posso trazer uma visão de onde estou olhando, que é a educação básica, né? Meu trabalho sempre foca nos anos iniciais e finais, do primeiro ao nono ano. Acredito que seja um momento de muita exploração agora, sabe? Precisamos experimentar, conhecer e explorar o potencial dessas tecnologias.

Tenho visto um certo otimismo em alguns momentos, sabe? Existem teses na educação básica que sabemos que funcionam, mas eram caras e difíceis de implementar. Vou dar um exemplo da tutoria. Se um aluno com defasagem de aprendizado senta com um tutor e estuda, ele vai melhorar na escola, entende? No entanto, isso é muito caro, né? Implementar tutores humanos. Então, quando surge a ideia de um Khanamigo, que é o bot da Khan Academy, ou outros que estão sendo desenvolvidos, como um tutor com paciência e tempo infinitos para ajudar o aluno de diferentes formas, parece ser uma boa ideia para testar.

Ao mesmo tempo, há uma questão muito importante de usabilidade. Como esses produtos realmente se conectam com as práticas e se encaixam? Tenho um certo ceticismo/otimismo na minha cabeça. Por um lado, vejo muitas coisas boas acontecendo e estou aberto para ouvir e conhecer mais. Sempre quero deixar o canal aberto para ouvir quem está fazendo coisas na área da educação. Ao mesmo tempo, precisamos ter rigor para entender se faz sentido ou não. Especialmente no contexto da educação pública, onde há limitações básicas, como acesso à internet e infraestrutura. Também precisamos entender como abordar esse problema sem agravar ainda mais as defasagens existentes.

No entanto, vejo isso como algo promissor, sabe? Estamos entrando em uma nova fase e acredito que será bom para nós nos próximos anos.

Sérgio Lopes

É, vejo isso de forma muito parecida com o Tiago. Aqui na Alura, temos uma característica diferente, pois trabalhamos principalmente com educação técnica para adultos, então enfrentamos vários desafios diferentes em comparação com o trabalho com crianças.

Inclusive, temos o produto Alura Start para crianças e adolescentes, mas não estamos disponibilizando a Luri lá agora e nem temos esse plano. Isso acontece justamente porque existem muitas nuances envolvidas. Acredito que ficar apenas na análise superficial não é o suficiente. Sabemos que a IA responde de uma forma convincente, mas nem sempre suas respostas são precisas, etc. Um adulto, teoricamente, tem condições de equilibrar, interpretar e observar, pensando: "Olha, isso aqui não faz sentido para mim", etc.

Obviamente, quando se trata de uma criança, o risco de não compreender todas as nuances do que está acontecendo é maior. Acredito que a IA, assim como qualquer outra ferramenta que usamos, precisa ser compreendida em termos de como funciona e quais são suas nuances. Precisamos entender por que ela está gerando determinado resultado ou não, de que maneira funciona, para podermos utilizá-la adequadamente.

Quando algo parece muito mágico, acabamos nos tornando reféns disso. E vale lembrar que, para as crianças, as coisas são mais mágicas do que para os adultos, é óbvio. Por isso, restringimos o acesso a várias tecnologias que são voltadas para adultos, não apenas à IA.

Mário Souto

Até a calculadora, tipo, se você deixar a criança desde pequena só usar a calculadora sempre, se ela tiver num momento que ela não pode usar a calculadora, vira uma pessoa disfuncional.

Sérgio Lopes

Ninguém vai ensinar álgebra para crianças do primeiro ano com calculadora, exatamente. E a gente sabe quando usar a calculadora e quando não. É isso aí.

Mas do nosso ponto de vista aqui na Alura, acho interessante, porque ao mesmo tempo em que enxergamos isso, como Alura, trabalhamos com centenas de milhares de alunos aprendendo tecnologia e assuntos relacionados. Obviamente, uma das dificuldades é oferecer atenção individualizada, já que é um curso online em larga escala. Nossos próprios alunos sempre comentaram conosco: "Poxa, às vezes estou assistindo ao vídeo e tenho uma dúvida, e é um pouco complicado para eu prosseguir, porque não estou em uma sala de aula, olho no olho com um professor que possa me ajudar no momento". Temos canais de suporte, fóruns e outros, mas é diferente de estar no fluxo da aula e conversar com o professor.

Foi então que lançamos a Luri, nossa inteligência artificial para auxiliar os alunos. Lançamos há três dias exatamente, estamos gravando agora na sexta-feira, então o uso ainda é limitado para tirarmos grandes conclusões, mas mesmo esse uso inicial já é suficiente para indicar que há algo muito promissor. As pessoas realmente estão utilizando e conseguindo esclarecer dúvidas contextualmente, até mesmo dúvidas simples. Ficamos pensando: "Poxa, esse tutor, o professor, precisa ser um gênio para conhecer todas as coisas", mas às vezes não é necessário.

No processo de aprendizado, seja para adultos ou crianças, é comum se deparar com pequenos obstáculos, coisas que você só precisa esclarecer ou ter certeza sobre algo. Você entendeu a aula, mas quer validar algo, como: "Olha, é isso mesmo que eu entendi, né?" E a Luri, que utiliza o ChatGPT com o contexto dos nossos cursos, tem sido muito efetiva nisso.

Mas, novamente, fazendo uma conexão com o assunto do Tiago, sabemos que um aluno da Alura, que está aprendendo programação, por exemplo, um adulto em um curso profissionalizante, se está tirando dúvidas com a Luri, nossa IA, e não consegue esclarecer sua dúvida ou percebe algo estranho, como um código que não está funcionando corretamente, ele sabe que imediatamente pode abrir um ticket no fórum e conversar com um humano que o ajudará. Esse mecanismo é muito mais claro para nós, que temos mais de 20 anos de experiência, ou seja, já sabemos um pouco sobre como pesquisar, ser céticos e assim por diante. Enxergamos isso de forma muito clara, e tem sido extremamente útil.

Lançamos agora, há três dias, ainda em fase beta, não para todos os alunos, nem para todos os cursos. Pretendemos expandir, com certeza, especialmente com os resultados positivos que as pessoas têm mencionado.

Paulo Silveira

Bem, queria agradecer a todo mundo aqui e deixar o recado para vocês conhecerem o novo site da Alura.

Também gostaríamos de ouvir o que você está usando de ferramenta, o que você está achando interessante. Do que a gente discutiu, acabei de twittar para a doutora Elisabeth perguntando o que ela acha, se vai ajudar no trabalho dela, entre outras coisas. Quem sabe ela traz até uma visão mais interessante para a gente conversar no próximo episódio.

É interessante ver a Fundação Lemann também, sempre de olho no que pode ajudar a construir e melhorar um pouco, nem que seja um pouco, né? O Guilherme usou uma expressão boa. Aceleração na ciência e na sociedade, etc., já existe, né? Então, se a velocidade aumentar, já é esperado. Essa aceleração parece meio constante. A velocidade aumenta, mas a aceleração tá aí, né? A inteligência artificial faz parte dessa aceleração que já vinha, né? Não é tão... Coisas acontecem. As coisas acontecem.

Então, fica o agradecimento também a você, ouvinte, pelo download e por compartilhar. A gente se vê no próximo Fora de Controle. Tchau!

Marcus Mendes

Pessoal, antes de encerrar de vez aqui o episódio, o Tiago tem um recado bacana para a gente. Ele mencionou uma iniciativa da Fundação Lemann sobre uma newsletter interessante que vocês podem acompanhar. Diga lá, Tiago.

Tiago Maluta

Para quem quiser acompanhar mais o trabalho da Fundação Lemann, temos uma newsletter chamada Mínimo Conhecimento Viável que é publicada semanalmente. O objetivo dessa newsletter é fornecer materiais curados, informações e o conhecimento básico necessário sobre diversos temas que acreditamos serem relevantes para construir um Brasil mais justo e avançado. Isso inclui muita inteligência artificial, tecnologia e inovações. Se você tem interesse, o link está na descrição. Valeu!

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Este podcast foi produzido pela Alura, mergulhe em tecnologia. E Faculdade FIAP, Let's Rock the Future. Edição Rede Gigahertz de Podcasts.

Paulo Silveira
Paulo Silveira

Paulo Silveira é CEO e cofundador da Alura. Bacharel e mestre em Ciência da Computação pela USP, teve sua carreira de formação em PHP, Java e nas maratonas de programação. Criou o Guj.com.br, o podcast do Hipsters.tech e o Like a Boss.

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