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O que é um Chief Automation Officer (CAO) e por que sua empresa pode precisar de um?

Francine Ribeiro

Francine Ribeiro


Um dos maiores erros que uma empresa pode cometer na nova era digital é adotar soluções de Inteligência Artificial sem uma visão clara ou uma estratégia bem definida.

A pressa por acompanhar tendências, sem planejamento estruturado, costuma resultar em processos automatizados de forma isolada, falta de integração entre áreas e, frequentemente, em equipes desmotivadas diante de mudanças mal conduzidas.

Porém, é preciso que fique claro que o problema não está na tecnologia em si, mas na ausência de uma liderança especializada para direcionar sua aplicação de forma eficiente.

Assim, em vez de somente acumular ferramentas de IA, as empresas precisam de alguém capaz de conectar inovação, eficiência operacional e objetivos de negócio.

É exatamente nesse ponto que entra o cargo Chief Automation Officer (CAO), uma liderança estratégica que assume a responsabilidade de transformar a automação de processos em uma vantagem competitiva real e sustentável.

Se sua empresa está enfrentando esse problema ou você é uma liderança que deseja se tornar um(a) CAO, continue a leitura deste artigo para entender mais sobre o que é Chief Automation Officer, funções, habilidades necessárias, sua importância na implementação de IA nas empresas e muito mais!

O que é Chief Automation Officer?

O cargo Chief Automation Officer (CAO) representa a pessoa executiva responsável por liderar e coordenar a estratégia de automação dentro de uma organização.

Seu papel envolve integrar tecnologias como RPA (automação robótica de processos), Inteligência Artificial e outras soluções digitais com objetivo de aumentar a eficiência operacional, reduzir custos e acelerar a transformação digital.

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O que faz um Chief Automation Officer?

De forma resumida, o(a) CAO tem como principal responsabilidade identificar oportunidades para automatizar processos de forma inteligente, escalável e integrada. Isso inclui:

  • avaliar e implementar tecnologias de automação;
  • promover a integração entre áreas de negócio, TI e operações;
  • garantir o uso estratégico de dados gerados por sistemas automatizados;
  • liderar a transformação cultural necessária para adoção da automação de processos;
  • medir resultados e alinhar as iniciativas aos objetivos corporativos.

Diferença dos cargos CAO e CAIO

Embora pareçam termos similares e tenham algumas funções em comum, os cargos de Chief Automation Officer (CAO) e Chief Artificial Intelligence Officer (CAIO) possuem focos distintos. Entenda melhor a seguir.

O que é preciso para estar no cargo CAO?

Para ocupar o cargo de CAO, o(a) profissional precisa ter uma base sólida de conhecimentos técnicos e, de preferência, formações em áreas como Engenharia, Ciência da Computação, Sistemas de Informação ou Administração, além de especializações ou MBAs em temas como Transformação Digital, Inovação Empresarial, Automação de Processos ou Gestão de Projetos.

Mas, vale destacar que a vivência prática é igualmente importante nesse caso: espera-se que o(a) CAO tenha experiência em projetos de automação, liderança de equipes multidisciplinares e atuação em áreas como tecnologia, operações ou inovação, pois suas funções exigem tais conhecimentos.

Porém, as responsabilidades de um(a) CAO envolvem muito mais do que somente implementar soluções tecnológicas.

Entre as soft skills mais valorizadas para este cargo estão o pensamento analítico, a habilidade de traduzir necessidades de negócio para alta gerência, saber lidar com mudanças organizacionais, promover a colaboração entre departamentos e pessoas, e desenvolver uma cultura voltada para dados.

Além disso, segundo dados do LinkedIn Research, 38% das lideranças C-level ao redor do mundo priorizam a agilidade como uma das principais competências ao avaliar profissionais, inclusive em cargos como o CAO.

Isso porque, como mencionamos, essa função exige capacidade de adaptação rápida e visão estratégica em um ambiente cada vez mais dinâmico e digital.

Por fim, é imprescindível se atentar às tendências e novas ferramentas e práticas que surgem com uma maior frequência do que em outros setores.

Isso fará com que as organizações façam apostas mais assertivas para se manterem no topo da competitividade.

Qual a necessidade de ter um(a) CAO nas empresas?

Com a aceleração da transformação digital e a adoção crescente de tecnologias como Inteligência Artificial e automação, o papel do(a) CAO ganha destaque como uma função estratégica nas empresas.

Por exemplo, o relatório The Future of Jobs Report 2025, divulgado com projeções até 2030, prevê que a participação de tarefas exclusivamente humanas cairá de 47% para 33%.

Esse cenário reforça a necessidade de uma liderança especializada que saiba equilibrar as capacidades da tecnologia com os objetivos do negócio e a força de trabalho humano.

Um outro benefício de contar com uma pessoa profissional CAO é a capacidade de tomar decisões com base em dados.

Em um ambiente onde a coleta e o processamento de informações ocorrem em tempo real, essa liderança é responsável por garantir que os dados gerados por sistemas automatizados sejam traduzidos em insights estratégicos.

Isso permite decisões mais rápidas, seguras e orientadas por evidências — algo que, segundo as tendências do setor, já não é mais opcional para empresas que desejam manter sua competitividade.

Vale salientar que o trabalho do(a) CAO contribui para a redução de custos operacionais, aumento da eficiência, melhoria da experiência do cliente e maior integração entre áreas.

Com uma liderança dedicada à automação, a empresa consegue evitar iniciativas isoladas e redundantes, promovendo uma transformação digital mais consistente, segura e sustentável.

Portanto, mais do que uma função técnica, a liderança CAO assume um papel essencial no reposicionamento estratégico das empresas em um mercado cada vez mais orientado por tecnologia.

Sua presença garante que a automação não seja somente uma tendência, mas uma vantagem competitiva real e bem gerida.

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O papel de CAOs na integração de IAs nas empresas

Como já mencionamos, o avanço acelerado da Inteligência Artificial tem transformado o cenário corporativo em escala global. Segundo estimativas recentes, o mercado de IA foi avaliado em US$ 196,63 bilhões em 2024 e deverá se expandir a uma taxa de crescimento anual de 37,3% de 2024 a 2030.

Esse ritmo de expansão evidencia a necessidade de profissionais altamente qualificados(as) para liderar a implementação estratégica dessas tecnologias. E é exatamente neste cenário que o papel dos(as) Chief Automation Officers faz a diferença.

Mais do que uma pessoa especialista técnica, quem ocupa o cargo de CAO deve atuar como um elo entre as inovações tecnológicas e os objetivos de negócio, garantindo que as soluções de IA sejam incorporadas de forma eficiente, segura e com foco em resultados concretos.

Assim, essa profissão é responsável por identificar oportunidades de automação com IA, integrar essas soluções aos processos existentes da empresa e acompanhar seus impactos, além de fazer adequações, quando necessárias.

Outro levantamento reforça esse cenário: segundo o relatório da Deloitte, The State of Generative AI in the Enterprise: Now Decides Next, 42% das lideranças globais apontaram a melhoria da eficiência, o aumento da produtividade e a redução de custos como o principal benefício alcançado até o momento com suas iniciativas de IA Generativa.

Esse ganho, no entanto, depende de uma gestão estruturada, algo que o(a) CAO proporciona ao alinhar as iniciativas tecnológicas com as metas estratégicas da empresa, ao evitar a sobreposição de ferramentas e garantir o uso responsável e ético da IA.

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Como as empresas podem transformar uma liderança em CAO?

Além da preparação individual de uma pessoa para alcançar o cargo de CAO, as empresas também podem desempenhar um papel fundamental em auxiliar nessa jornada.

Isso porque contar com um(a) Chief Automation Officer que possua conhecimentos sobre a organização não somente facilita o próprio trabalho, mas também tende a gerar resultados mais assertivos e ágeis para a organização.

Dessa forma, ao identificar um talento interno com potencial e desejo de se desenvolver como CAO (o que é crescente, considerando os atrativos do cargo de Chief Automation Officer: salário, possibilidade de crescimento e expansão do setor), a empresa pode adotar iniciativas para apoiar essa transição profissional. Confira alguns exemplos a seguir.

1. Avaliar a maturidade digital da empresa

Primeiro, antes de nomear ou desenvolver uma pessoa para ser CAO, é essencial entender em que estágio a organização está em termos de automação e transformação digital. Então, avalie:

  • nível de colaboração entre setores e sistemas existentes;
  • tecnologias já adotadas, como ferramentas de IA, análise de dados, entre outros aspectos;
  • grau de dependência da empresa em relação aos processos manuais;
  • e se a empresa está aberta e preparada para abraçar a inovação e as mudanças que a automação traz.

2. Identificar uma liderança com visão estratégica e tecnológica

É importante que fique claro que um(a) CAO não precisa ser, necessariamente, uma pessoa profissional extremamente técnica.

Na verdade, o ideal é que seja uma liderança com visão sistêmica do negócio, capacidade de liderar mudanças e lidar com adversidades, além, claro, do interesse em projetos de inovação e automação.

Ou seja, a pessoa não precisa ser uma especialista em IA, mas deve ter conhecimento técnico, de liderança e sobre pessoas que sejam suficientes para agir em situações de mudanças que as novas tecnologias trazem para o ambiente interno.

3. Promover formação e capacitação

A empresa pode oferecer treinamentos e formações voltadas para fundamentos de RPA e Inteligência Artificial; gestão de automação; governança de dados, entre outros assuntos relevantes. Enfim, temas relacionados ao cargo que precisam ser melhor desenvolvidos.

Também é recomendável que o futuro CAO participe de eventos, comunidades e fóruns especializados para, além de entender mais sobre o seu papel, fazer conexões com outros(as) profissionais e conhecer outras vivências.

4. Definir claramente as atribuições do cargo

Para que o papel do(a) profissional CAO seja eficaz, suas responsabilidades devem ser formalizadas e bem claras.

Assim, o talento escolhido sabe exatamente em quais pontos estratégicos focar e no que se especializar. De forma geral, as empresas costumam:

  • criar e implementar estratégias de automação;
  • gerenciar o portfólio de projetos;
  • integrar dados, pessoas, sistemas e tecnologias;
  • e medir o impacto das mudanças e reportar os resultados à alta liderança.

5. Oferecer autonomia e recursos para atuação

Assim como qualquer nova liderança, o(a) CAO precisa de autonomia e acesso direto à alta gestão para atuar estrategicamente, como ao apresentar resultados, mudanças realizadas, desafios encontrados, entre outros exemplos.

Além disso, essa liderança, por parte da empresa, deve ter à disposição uma equipe técnica e multidisciplinar de apoio, ferramentas e orçamento adequados e indicadores de desempenho claros — tudo isso irá colaborar para que sua função seja exercida.

6. Estimular a colaboração entre áreas

A automação afeta diversas partes da organização. Por este motivo, incentive o(a) profissional CAO a trabalhar de forma integrada com os diversos setores da empresa, como TI, RH, Operações, Marketing e outras áreas. Isso pode evitar o isolamento departamental e garantir resultados consistentes para todas as frentes.

7. Acompanhar a evolução

Por fim, a empresa deve acompanhar de perto a evolução do(a) profissional no novo cargo.

Esse acompanhamento é essencial para garantir o suporte contínuo, alinhar os procedimentos internos e, claro, avaliar os resultados e o impacto que essa nova liderança e suas iniciativas de automação estão gerando para a empresa, sejam elas positivas ou negativas.

Como orientação extra, que tal oferecer formações e treinamentos especializados em IA, automação, entre outras soft e hard skills — não só para sua liderança em desenvolvimento, mas para toda a sua equipe?

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Francine Ribeiro
Francine Ribeiro

Analista de Conteúdo da Alura +FIAP Para Empresas. Jornalista de formação, com MBA em Comunicação Corporativa pela Universidade Tuiutí do Paraná (UTP) e MBA em Business Strategy e Transformation pela FIAP. Atua com produção de conteúdo para empresas desde 2009 e com marketing digital desde 2016.