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CPO: o que é, carreira, funções do cargo e mais

Francine Ribeiro

Francine Ribeiro


Atualmente, em um cenário empresarial onde a inovação e a experiência das pessoas ditam o ritmo do mercado, o papel do produto vai muito além da funcionalidade, tornando-se o centro da estratégia de crescimento e diferenciação das empresas.

Em um mercado saturado de opções e com consumidores e consumidoras cada vez mais exigentes, a capacidade de criar, desenvolver e entregar produtos que realmente resolvam problemas e encantem as pessoas é um fator crítico de sucesso.

É nesse contexto dinâmico e desafiador que surge a crescente necessidade de uma pessoa responsável pela diretoria de produto, também conhecida como CPO, ou Chief Product Officer.

Vista como uma liderança importante na era digital, a pessoa que atua como CPO é uma líder dedicada a articular a estratégia de produtos com os objetivos gerais do negócio e a garantir uma experiência de usuário(a) coesa e valiosa.

O objetivo deste artigo é, portanto, entender mais sobre o(a) CPO: o que é, quais as funções do cargo e sua importância na atualidade, além de como ele pode se beneficiar da inteligência artificial e das novas tecnologias para garantir o sucesso das empresas no mercado.

O que é CPO?

Uma pessoa profissional que atua como CPO (Chief Product Officer) é a executiva de nível sênior responsável pela visão, estratégia, roadmap e desenvolvimento de todos os produtos de uma empresa.

No mundo corporativo, especialmente em empresas de tecnologia, startups e organizações com forte foco em produtos (sejam eles digitais, físicos ou serviços), o papel do CPO é, atualmente, um dos pilares centrais na estrutura organizacional.

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Tal profissional é responsável por liderar a estratégia de desenvolvimento de produtos de uma empresa, geralmente reportando diretamente a/ao CEO (Chief Executive Officer) ou a outra pessoa executiva sênior.

Dentro da estrutura organizacional, o(a) CPO desempenha um papel essencial ao alinhar a visão do produto com a estratégia corporativa. Este cargo é importante para fomentar a inovação e adaptar-se rapidamente às mudanças do mercado.

Além disso, a liderança responsável pela área de produto atua como um elo entre as expectativas do mercado e as capacidades internas da empresa, influenciando diretamente a direção da estratégia.

Sua visão orientada para o(a) cliente ajuda a identificar novas oportunidades de crescimento e expansão, o que contribui para aumentar a competitividade da empresa.

O que significa CPO?

Como vimos, CPO é uma sigla em inglês que significa “Chief Product Officer”, cuja tradução mais direta para o português é “Diretor(a) de Produto” ou “Gerente Geral de Produtos”.

Principais funções de um CPO e seu impacto no sucesso dos produtos

Profissionais que atuam como CPO são responsáveis pela visão estratégica, desenvolvimento e execução da estratégia de
produtos da empresa.

Dessa forma, lideram as equipes de produto e garantem que os produtos atendam às necessidades dos(as) clientes, estejam alinhados com os objetivos da organização e impulsionem o crescimento.

Entre as responsabilidades centrais do(a) CPO, está a análise de mercado. Isso envolve a identificação de tendências emergentes, avaliação da concorrência e compreensão profunda das necessidades do público.

Por exemplo, ao conduzir uma análise de mercado eficaz, é possível identificar uma lacuna que a empresa pode preencher com um novo produto ou recurso, garantindo assim uma vantagem competitiva.

Outra função essencial é a definição do roadmap do produto. O(a) CPO deve articular uma visão clara e estratégica, que alinhe os objetivos do produto às metas de negócios da empresa.

Esta função não somente guia o desenvolvimento do produto, mas também assegura que todas as partes envolvidas olhem para a mesma direção.

Um roadmap bem definido ajuda a priorizar recursos e esforços, e garante que as equipes se concentrem nas iniciativas que trarão maior impacto.

Garantir a colaboração entre equipes também é uma de suas tarefas, ao atuar como facilitador(a) entre diferentes departamentos, como engenharia, marketing e vendas, ao promover uma comunicação fluida e alinhada.

Por exemplo, ao trabalhar estreitamente com a equipe de marketing, o(a) CPO pode garantir que as mensagens do produto sejam consistentes com suas funcionalidades e benefícios reais, o que aumenta assim a eficácia das campanhas promocionais.

Um bom desempenho nessas funções pode gerar resultados positivos significativos. Produtos bem-sucedidos não só atendem às expectativas do público como também superam a concorrência, impulsionam o crescimento da receita e fortalecem a posição da empresa no mercado.

Leia também: Priorização de Backlog de Produtos

Habilidades necessárias para se tornar CPO

Para se tornar CPO de uma empresa, é necessário ter um conjunto de habilidades que abrangem estratégia, tecnologia, negócios e liderança.

Dada a natureza multifacetada do cargo, quem atua como CPO precisa ser um(a) líder versátil e influente.

A seguir, algumas das principais habilidades necessárias.

1. Visão estratégica e pensamento de produto

  • Visão de produto: capacidade de definir e articular uma visão clara e inspiradora para os produtos da empresa, alinhada com os objetivos gerais do negócio.
  • Pensamento estratégico: habilidade para analisar o mercado, a concorrência e as tendências tecnológicas, e traduzir esses insights em estratégias de produto de longo prazo.
  • Roadmap e priorização: expertise em desenvolver e gerenciar roadmaps de produtos, ao priorizar funcionalidades e projetos com base no valor para o(a) cliente e no impacto para o negócio.

Leia também: Por que calcular o ROI (retorno sobre investimento) de produto?

2. Conhecimento técnico e de design

  • Entendimento tecnológico: familiaridade com as tecnologias relevantes para os produtos da empresa, permitindo tomar decisões técnicas informadas e colaborar de maneira eficaz com as equipes de engenharia.
  • Foco no(a) cliente e UX/UI: profundo entendimento das necessidades das pessoas e dos princípios de design de experiência do usuário e usuária (UX) e interface das pessoas usuárias (UI), para criar produtos intuitivos e valiosos.
  • Análise de dados: habilidade para interpretar dados de uso do produto, métricas de desempenho e feedback dos clientes para informar decisões e identificar oportunidades de melhoria.

3. Habilidades de negócios e marketing

  • Afinidade com negócios: compreensão dos modelos de negócios, estratégias de monetização, análise financeira e impactos dos produtos no sucesso da empresa.
  • Conhecimento de marketing: familiaridade com os princípios de marketing de produto, posicionamento, branding e lançamentos.
  • Análise de mercado e concorrência: capacidade de realizar pesquisas de mercado, analisar a concorrência e identificar oportunidades e ameaças.

4. Liderança e gestão de equipes

  • Liderança inspiradora: habilidade para liderar, motivar e inspirar equipes multidisciplinares, incluindo gerentes de produto, designers, pessoas pesquisadoras e outras.
  • Comunicação eficaz: excelentes habilidades de comunicação verbal e escrita para articular a visão do produto, influenciar stakeholders e colaborar com diferentes áreas da empresa.
  • Colaboração e influência: capacidade de construir relacionamentos sólidos e influenciar outras equipes e pessoas executivas, para garantir o alinhamento e o sucesso dos produtos.
  • Gestão de pessoas: habilidade para recrutar, desenvolver, mentorar e gerenciar equipes de produto de alto desempenho.

5. Habilidades pessoais

  • Pensamento analítico e resolução de problemas: habilidade para analisar informações complexas, identificar problemas e desenvolver soluções eficazes.
  • Tomada de decisão: capacidade de tomar decisões difíceis e oportunas, muitas vezes com informações incompletas.
  • Resiliência e adaptabilidade: habilidade para lidar com a pressão, a incerteza e as mudanças rápidas no mercado e na tecnologia.
  • Paixão por produtos: um genuíno interesse e entusiasmo por construir produtos excelentes e resolver problemas para as pessoas usuárias.

CPO: cargo e carreira de quem atua na área

A carreira de um(a) CPO é geralmente uma trajetória ascendente que exige uma combinação de experiência em produto, habilidades de liderança e visão estratégica.

A maioria das pessoas que atua como CPO ascende a essa posição após anos de experiência progressiva na área de produtos. Em geral, a trajetória costuma incluir os cargos descritos a seguir.

  • Product manager/Gerente de produto: o ponto de partida para muitas pessoas, responsável por um produto ou uma linha de produtos específica.
  • Senior product manager/Gerente de produto sênior: liderança de produtos mais complexos e estratégicos, muitas vezes gerenciando outros(as) Product Managers.
  • Director of product/Diretor de produtos: responsabilidade por uma área maior de produtos ou uma unidade de negócios, com foco em estratégia e gestão de equipes.
  • VP of product/Vice-presidente de produtos: liderança de toda a função de produto dentro de uma divisão ou da empresa, com forte atuação na estratégia e execução.
  • Chief Product Officer (CPO): o ápice da carreira em produto, com responsabilidade pela visão, estratégia e execução de todos os produtos da empresa.

Estudos e formação

Não existe um caminho educacional único para se tornar CPO, mas algumas áreas de estudo são comuns e podem fazer a diferença nessa trajetória.

  • Graduação: Ciência da Computação, Engenharia (diversas áreas), Administração de Empresas, Marketing, Design (UX/UI). Uma base técnica ou de negócios sólida é frequentemente desejável.
  • Pós-graduação (opcional, mas vantajoso): MBA (Master of Business Administration), Mestrado em Gestão de Tecnologia, Design Estratégico. Um MBA pode fornecer uma compreensão mais aprofundada de negócios, finanças e estratégia.
  • Cursos e certificações: Cursos de Product Management, Design Thinking, Metodologias Ágeis (Scrum, Kanban), Análise de Dados e Liderança podem complementar a formação acadêmica.
  • Aprendizado contínuo: dada a rápida evolução da tecnologia e do mercado, a aprendizagem contínua por meio de livros, artigos, podcasts, conferências e networking é essencial.

Oportunidades

As oportunidades para CPOs são crescentes, impulsionadas pela centralidade dos produtos na estratégia de negócios de muitas empresas, especialmente aquelas nos setores de tecnologia, e-commerce, SaaS (Software as a Service) e bens de consumo.

Empresas de todos os portes, desde startups até grandes corporações, reconhecem a importância de uma liderança de produto forte.

Desafios

A carreira de CPO é desafiadora e exige resiliência e adaptabilidade. Alguns dos desafios comuns incluem os que listamos abaixo.

  • Gerenciar a complexidade: liderar o desenvolvimento de múltiplos produtos com diferentes ciclos de vida e necessidades.
  • Equilibrar a visão e a execução: definir uma estratégia ambiciosa e garantir que as equipes consigam executá-la com eficácia.
  • Lidar com stakeholders diversos: colaborar e influenciar diferentes áreas da empresa com prioridades distintas.
  • Tomar decisões difíceis: priorizar recursos limitados e tomar decisões estratégicas com informações incompletas.
  • Manter-se atualizado(a): acompanhar as rápidas mudanças tecnológicas e as tendências do mercado.
  • Construir e liderar equipes de alto desempenho: atrair, desenvolver e reter talentos na área de produtos.

Possibilidades de crescimento

A carreira de CPO é bastante dinâmica, estratégica e de grande impacto. Ela requer uma combinação única de habilidades e uma paixão por construir produtos que resolvam problemas e criem valor para as pessoas usuárias e para as empresas.

Para além da função de CPO, existem outras possibilidades de crescimento na carreira.

  • Cargos executivos superiores: COO (Chief Operating Officer), CEO (Chief Executive Officer), especialmente em empresas menores ou startups onde o(a) CPO tem uma visão abrangente do negócio.
  • Funções de consultoria: utilizar a expertise em produto para aconselhar outras empresas.
  • Empreendedorismo: fundar a própria startup, aplicando o conhecimento de criação e lançamento de produtos.
  • Investimento: atuar como investidor(a) anjo ou venture capitalist, avaliando o potencial de novos produtos e startups.

Como a IA pode ser aliada ao setor de gerenciamento de produtos?

Para profissionais que atuam como CPOs, a IA pode ser uma grande aliada para obter insights mais rápidos e acionáveis para a estratégia do produto, auxiliar a tomar decisões mais informadas, automatizar tarefas operacionais, ajudar a identificar novas oportunidades e muito mais.

Segundo uma entrevista com Inbal Shani, diretora de produtos da Twilio, no McKinsey on Building Products — podcast da McKinsey & Company, dedicado à exploração da gestão e engenharia de produtos de software —, a IA criou a necessidade de um conjunto específico de habilidades, forçando os(as) CPOs a usarem o pensamento holístico.

E de acordo com Inbal Shani, atualmente, a IA está na vanguarda da produtividade, da automação, do prazer e do engajamento das pessoas consumidoras.

No entanto, ela reforça que é preciso saber quando usá-la e para quê, além de ser necessário que a diretoria de produto entenda os dados, para a inteligência artificial ser, de fato, uma ferramenta eficaz.

Além de ser importante para o trabalho de quem atua como CPO, a IA também é essencial para o setor de gerenciamento de produto como um todo, ao impactar diversas etapas do ciclo de vida do produto e fornecer insights valiosos para a tomada de decisões estratégicas.

Veja, a seguir, algumas formas de como a IA pode ser integrada ao setor.

1. Pesquisa e análise de mercado

  • A IA pode analisar grandes volumes de dados de mercado, redes sociais, notícias e relatórios para identificar tendências emergentes e futuras oportunidades de produto.
  • Ferramentas de IA podem monitorar e analisar os produtos, preços, estratégias de marketing e feedback de clientes da concorrência, além de fornecer insights para diferenciar a oferta da empresa.
  • Algoritmos de IA podem identificar segmentos de mercado mais precisos e nichos de clientes com necessidades específicas, e auxiliarem na criação de produtos direcionados.

2. Entendimento do(a) cliente e personalização

  • A IA pode analisar o feedback de clientes em diversas fontes (reviews, redes sociais, suporte) para entender suas necessidades, dores e sentimentos em relação aos produtos existentes e potenciais.
  • Com base nos dados do(a) cliente, a IA pode ajudar a personalizar recursos, ofertas e a experiência da pessoa usuária, aumentando a satisfação e a lealdade.
  • A IA pode alimentar chatbots para fornecer suporte ao cliente, coletar feedback e até mesmo guiar as pessoas usuárias no uso dos produtos.

3. Priorização e roadmap do produto

  • Algoritmos de IA podem analisar dados históricos de vendas, tendências de mercado e outros fatores para prever a demanda futura de produtos e funcionalidades, auxiliando na priorização do roadmap.
  • A IA pode ajudar a avaliar o risco e o potencial impacto de diferentes iniciativas de produto, e ajudar o(a) CPO na tomada de decisões estratégicas sobre o que e quando construir.

4. Desenvolvimento e design do produto

  • A IA pode analisar dados e padrões para sugerir novas ideias de produtos ou funcionalidades que atendam às necessidades dos(as) clientes.
  • Ferramentas de IA podem analisar dados de usabilidade e testes A/B para sugerir melhorias no design da interface da pessoa usuária (UI) e da sua experiência (UX).
  • A IA pode ser usada para automatizar testes de software e de produtos, o que acelera o ciclo de desenvolvimento e garante a qualidade.

5. Monitoramento e análise de desempenho do produto

  • A IA pode monitorar o desempenho do produto em tempo real e identificar anomalias ou padrões incomuns que possam indicar problemas ou oportunidades.
  • Algoritmos de IA podem identificar os fatores que levam ao churn de clientes, permitindo que as equipes de produto tomem medidas para retê-los.
  • A IA é capaz de analisar dados de mercado e comportamento das pessoas consumidoras para sugerir estratégias de preços ideais.

Inbal Shani também reforça, em um artigo da McKinsey e Company, o potencial transformador da IA: “Com a implementação da IA, acredito que a mudança mais relevante e única será a melhoria na qualidade dos produtos, dada a capacidade de analisar, sintetizar informações e fazer recomendações com mais eficiência.”

Leia também: IA para lideranças — como a tecnologia pode auxiliar na gestão de pessoas

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Leia também: Quais são as habilidades do futuro e como se preparar para elas?

Francine Ribeiro
Francine Ribeiro

Analista de Conteúdo da Alura +FIAP Para Empresas. Jornalista de formação, com MBA em Comunicação Corporativa pela Universidade Tuiutí do Paraná (UTP) e MBA em Business Strategy e Transformation pela FIAP. Atua com produção de conteúdo para empresas desde 2009 e com marketing digital desde 2016.