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Dual track: a entrega contínua onde o discovery e o delivery caminham juntos

dualtrack
Maria Isabelle Silveira
Maria Isabelle Silveira

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Durante muito tempo, os processos de produto foram organizados de forma linear: primeiro pesquisávamos, depois desenhávamos e só então desenvolvíamos.  

Era quase como uma trilha reta: fazer o discovery, finalizar tudo e passar para o delivery. 

Mas o trabalho com produtos digitais tem mostrado, na prática, que essa separação rígida pode atrapalhar mais do que ajudar.  

Afinal, o aprendizado com o usuário acontece o tempo todo e isso impacta diretamente o que entregamos. 

É aqui que entra o conceito de entrega contínua, onde descoberta (discovery) e entrega (delivery) deixam de ser momentos isolados e passam a acontecer de forma simultânea, integrada e orgânica. 

Discovery e delivery não são etapas são frentes 

Dois círculos interligados formando um símbolo de infinito. O círculo da esquerda representa o ”Discovery” e o da direita o ”Delivery“. A metade inferior do círculo de Discovery e a metade superior do círculo de Delivery estão destacadas em azul escuro, simbolizando o fluxo contínuo entre as duas etapas.

Quando falamos de entrega contínua, não estamos dizendo que tudo será feito ao mesmo tempo, o tempo todo.  

Mas, sim, que as frentes de discovery e delivery acontecem paralelamente e se alimentam mutuamente. 

Esse modelo é conhecido como dual track: uma trilha está focada em descobrir o problema certo a ser resolvido (discovery), enquanto a outra está focada em entregar a solução certa de forma eficiente (delivery). 

Enquanto uma parte do time está investigando um novo problema, entrevistando usuários ou testando hipóteses, outra parte já está desenvolvendo funcionalidades validadas anteriormente e os aprendizados de uma trilha retroalimentam a outra. 

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Por que isso é importante? 

Quando deixamos para ouvir o usuário só no começo do projeto ou só quando o produto já está no ar, perdemos o tempo real das necessidades.  

E aí, ficamos sujeitos a lançar algo que não faz sentido ou que não gera valor. 

Se não ouvirmos o usuário, não saberemos suas dores e, sem isso, não há como entregar melhorias reais.  

Mas é importante deixar claro que o discovery contínuo não é algo informal ou aleatório. 

Ele é, na verdade, uma prática metódica e técnica, e pode caminhar junto com o que está indo para produção.  

É possível pesquisar ao mesmo tempo em que entregamos valor real. E é exatamente isso que times maduros fazem. 

O que é entrega contínua? 

O termo ficou mais conhecido depois do livro Continuous Discovery Habits, de Teresa Torres.  

Ela propõe uma abordagem prática para manter o time de produto em constante aprendizado com o usuário, sem precisar pausar o desenvolvimento. 

A ideia central é ter contato semanal com os usuários, por meio de entrevistas, testes rápidos, protótipos ou até mesmo funcionalidades em produção, e com base nesses aprendizados, ajustar o direcionamento do produto constantemente. 

Esse modelo propõe um fluxo de hipóteses que evoluem com dados: 

  1. Criar hipóteses sobre dores, necessidades ou oportunidades; 
  1. Validar com usuários reais por meio de entrevistas, protótipos ou testes A/B; 
  1. Se validado, enviar para o time de delivery; 
  1. Monitorar os dados e feedbacks reais após o lançamento. 

Como colocar isso em prática? 

Aqui estão alguns passos para colocar o dual track em prática:

1. Rodar experimentos simples enquanto desenvolve 

Imagine que seu time esteja entregando uma nova jornada de pagamento.

Enquanto isso, você pode testar uma hipótese relacionada à usabilidade de cupons de desconto com um protótipo navegável.

Se funcionar bem, ela já pode ser encaminhada para a trilha de delivery. 

2. Coletar feedback em produção 

Mesmo sem protótipo, você pode lançar versões mínimas (MVPs), usar testes A/B ou até a técnica de fake door, em que o usuário vê uma nova funcionalidade que ainda não existe e, ao clicar, é informado de que ela está em desenvolvimento.

Isso mostra interesse real e ainda permite redirecionar para uma pesquisa rápida. 

3. Definir uma cadência de descobertas 

Monte uma rotina de contato com usuários: pode ser uma entrevista por semana, testes mensais ou sessões de co-criação.  

O importante é que esses dados alimentem decisões semanais, e não apenas documentos estáticos. 

4. Use métricas como bússola 

Crie hipóteses com uma métrica associada. Por exemplo: "Acreditamos que incluir sugestões de produtos na tela de checkout vai aumentar o ticket médio em 10%".  

Assim, o discovery já nasce orientado à entrega e a entrega já nasce com foco em aprendizado. 

Um exemplo prático de dual track na rotina 

Vamos imaginar um cenário: seu time acabou de lançar uma área de “favoritos” em um app de e-commerce.

A funcionalidade foi ao ar (delivery), mas enquanto isso, o time de discovery está investigando por que as pessoas abandonam seus carrinhos antes da compra. 

Com isso, enquanto o time acompanha os resultados da funcionalidade lançada, já se prepara para a próxima entrega, com base em dados reais coletados em produção e novos aprendizados vindos das entrevistas. 

Esse ciclo nunca para. 

No fim, é tudo sobre valor 

Unir discovery e delivery não é sobre acelerar desenfreadamente. É sobre criar um fluxo sustentável, iterativo e conectado com o usuário

Ao adotar a entrega contínua, apoiada por aprendizados constantes, não só evitamos o retrabalho, mas também alinhamos o produto ao que realmente importa para os usuários.  

Isso aproxima a equipe do impacto real das soluções e permite que o produto evolua com mais propósito e eficácia

Essa abordagem não só fortalece a relação com os usuários, mas também transforma a maneira como as equipes de produto trabalham, focando em valor real e resultados contínuos.  

É assim que conseguimos entregar não apenas o que foi pedido, mas o que realmente faz a diferença. 

Maria Isabelle Silveira
Maria Isabelle Silveira

Graduada em Design pela Universidade Federal do Maranhão, com certificação em Designing High Impact Solutions pelo MITdesignX. Desde 2020, atuo na criação de elementos gráficos e, a partir de 2022, iniciei minha trajetória na área de UX/UI Design. Com mais de 2 anos de experiência, dediquei-me na construção de produtos digitais nos segmentos de educação, saúde e beleza, além da construção de produtos SaaS, dashboards e soluções para os mercados B2B e B2C.

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