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O que é engenharia de prompts?

Francine Ribeiro

Francine Ribeiro


A Inteligência Artificial já deixou de ser uma promessa para se tornar parte do dia a dia das empresas. Segundo o relatório “Generative AI Adoption in the Enterprise”, da Writer, 88% das pessoas colaboradoras e 97% dos executivos e executivas afirmam já colher benefícios da IA generativa. Esses ganhos refletem em mais tempo para focar na estratégia, decisões baseadas em dados e maior colaboração entre equipes.

Porém, para que a IA realmente entregue valor para empresas, não basta somente adotá-la nos processos internos; é preciso saber como se comunicar com ela. É nesta etapa que entra a engenharia de prompts, a prática de criar instruções claras para as ferramentas de IA.

Neste artigo, você vai entender o que é engenharia de prompts, quais são suas vantagens para as empresas e conhecer técnicas práticas para criar prompts de alto impacto, transformando interações com a IA em resultados para sua organização.

O que é engenharia de prompts?

A engenharia de prompts é a prática de criar instruções para que sistemas de Inteligência Artificial, como os chatbots ou modelos de LLMs, entreguem respostas mais alinhadas com o que você precisa. Em outras palavras, é a arte de “falar a língua da IA”.

Um prompt (tradução em português “comando”), pode ser feito estruturando perguntas ou orientações de forma que a tecnologia compreenda melhor a necessidade das pessoas usuárias e ofereça resultados mais assertivos.

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No contexto empresarial, essa prática é essencial porque define a qualidade da interação com as ferramentas de IA. Quando bem feita, a engenharia de prompts ajuda a economizar tempo, reduzir erros e transformar a IA em uma parceira mais eficiente no dia a dia — seja para atendimento ao cliente, geração de relatórios, análise de dados ou apoio em processos internos.

Quais as vantagens de usar a estrutura de prompts certa?

Para as empresas, utilizar a estrutura correta de prompts não é somente uma questão técnica, ela também pode ser uma vantagem competitiva. Isso porque, quando a comunicação com a Inteligência Artificial é bem direcionada, os resultados aparecem em diferentes frentes.

1. Mais produtividade e qualidade nas entregas

Segundo um estudo da Harvard Business School, a IA generativa pode melhorar o desempenho de uma pessoa trabalhadora altamente qualificada em quase 40% em comparação com quem não utiliza a tecnologia. Isso significa equipes mais ágeis, capazes de produzir análises, relatórios ou conteúdos com mais precisão.

2. Redução de erros e retrabalho

Um prompt bem estruturado ajuda a IA a compreender melhor a necessidade do comando, o que reduz respostas incompletas ou imprecisas, evita retrabalho e aumenta a confiabilidade do que é produzido com apoio da tecnologia.

3. Engajamento das pessoas colaboradoras

Segundo a PwC, pessoas colaboradoras com competências em IA, incluindo a engenharia de prompts, recebem em média 56% a mais que colegas na mesma função sem essas habilidades.

Isso demonstra que investir no desenvolvimento dessas competências não apenas melhora processos internos e a performance da equipe, mas também agrega valor às próprias pessoas colaboradoras, aumentando o engajamento e a retenção de talentos.

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4. Vantagem competitiva

Empresas que dominam essa prática conseguem aproveitar melhor o potencial da IA em inovação, atendimento ao cliente, tomada de decisão, entre outras áreas, destacando-se em um mercado cada vez mais digital e dinâmico.

5. Escalabilidade e padronização de processos

Uma boa estrutura de prompts permite que diferentes áreas da empresa utilizem a IA de maneira consistente e alinhada, criando padrões que podem ser escalados. Isso garante que o uso da tecnologia não dependa apenas de pessoas específicas, mas se torne parte do processo organizacional.

Leia também: Como criar soluções com IA para impulsionar sua empresa

Princípios para a criação de prompts

Na prática, criar um prompt de Inteligência Artificial eficaz é fazer um pequeno manual de instruções. Quanto mais bem estruturadas forem as informações, mais precisa será a resposta obtida.

Para isso, vale seguir alguns princípios que funcionam como guia para te ajudar a criar esses comandos. Confira abaixo.

  • Instrução: defina a tarefa principal, ou seja, o que você quer que a IA faça para te ajudar.
  • Contexto: forneça informações que ajudem a direcionar a resposta, por exemplo, fale sobre o ramo da sua empresa, a localidade, anos de experiência, especialidades e público-alvo.
  • Dados de entrada: são os materiais específicos que a IA deve analisar, como relatórios, números ou textos de documentos.
  • Indicador de saída: como a resposta deve ser entregue? Ou seja, o formato e o estilo de escrita. Por exemplo, você pode enviar um relatório e pedir para uma ferramenta de IA criar uma tabela com os principais dados obtidos, de forma clara e profissional.

Além desses pontos importantes, para extrair o máximo valor da Inteligência Artificial, a criação de prompts deve ser tratada como uma disciplina estratégica, começando pela clareza da instrução. É fundamental criar um comando direto e evitar termos vagos.

Essa clareza deve estar conectada a um objetivo de negócio, transformando um pedido genérico como “resuma o relatório” em uma instrução específica, como: “atue como analista financeiro e resuma este relatório em três pontos-chave”.

Por fim, é essencial encarar este processo como um ciclo de refinamento contínuo, ajustando as instruções até que a qualidade da resposta atinja o nível desejado, pois raramente a primeira tentativa será perfeita. Ao fornecer feedbacks às IAs, elas aprendem suas preferências, o que economiza mais tempo de trabalho conforme você as utiliza.

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Como criar prompts: 3 técnicas para começar a usar hoje

Para ir além dos princípios básicos, existem técnicas avançadas que garantem mais eficiência de raciocínio, precisão e criatividade nas respostas dos modelos de IA LLMs.

A seguir, detalhamos três técnicas de prompts, apresentadas no vídeo: “ChatGPT e Engenharia de Prompt”, do canal do YouTube da Alura, para você e sua equipe colocarem em prática.

Fazer comandos diretos (Zero-Shot Prompting)

Esta é a forma mais comum de interação. Você faz um pedido direto e a IA gera uma resposta sem necessitar de exemplos prévios. É a técnica ideal para tarefas mais simples, como resumos de textos, brainstorming de ideias, escrita de e-mails curtos e tradução de conteúdo.

  • Como funciona: consiste em fornecer um comando ou pergunta à IA, que utiliza sua base para gerar a resposta.
  • Exemplo prático: “Escreva um e-mail profissional para a equipe, agendando uma reunião na próxima sexta-feira às 10 horas para alinhar as metas do trimestre.”

Pedir para a IA pensar passo a passo (Chain-of-Thought Prompting)

Para problemas mais complexos que exigem lógica, raciocínio ou cálculo, a técnica Zero-Shot pode falhar. Neste cenário, a melhor abordagem é instruir o modelo a detalhar seu processo de pensamento antes de dar a resposta final.

  • Como funciona: adicione ao seu prompt o comando “pense passo a passo”. Isso força a IA a construir uma cadeia de raciocínio, mostrando o problema em etapas lógicas, o que aumenta drasticamente a precisão das respostas.
  • Exemplo prático: “Preciso escolher uma nova fornecedora de café para o escritório. A empresa A tem o melhor preço, mas só entrega em 15 dias. Já a empresa B é 10% mais cara, mas entrega em três dias e tem ótimas avaliações. Nosso café atual acaba em cinco dias. Qual a melhor opção? Pense passo a passo.”

Fazer o prompt com exemplos (Few-Shot Prompting)

Quando você precisa que a IA siga um formato, estilo ou lógica muito específica, a maneira mais eficaz é “ensiná-la” por meio de exemplos. Essa técnica, conhecida como few-shot prompting, consiste em fornecer um ou mais pares de “problema/solução” antes de apresentar seu pedido final.

  • Como funciona: ao ver como você resolveu um problema semelhante, a IA compreende o padrão que você espera e o replica. É a técnica mais eficaz para tarefas personalizadas e complexas.
  • Exemplo prático: suponha que sua equipe de marketing queira gerar posts para redes sociais seguindo um tom específico, profissional e informativo, mas mantendo uma estrutura consistente.

Primeiro, você deve enviar o exemplo que deve ser seguido.

Post original: “Nosso novo software de gestão financeira ajuda pequenas empresas a reduzir custos em até 20%. Experimente a versão gratuita por 30 dias e veja os resultados.”

Post reformulado: “Reduza até 20% dos custos da sua pequena empresa com nosso software de gestão financeira. Teste grátis por 30 dias e comprove os resultados!”

Depois, basta criar o prompt para IA, explicando melhor o contexto do que deseja.

Prompt final para a nova criação: “Com base no exemplo que enviei, crie um post para LinkedIn sobre o lançamento do nosso serviço de atendimento personalizado. Use o mesmo estilo e tom do exemplo fornecido: profissional, direto e persuasivo, destacando benefícios claros para clientes.”

Leia também: IA no Empreendedorismo — como aplicar, vantagens, e mais!

Como implementar as técnicas de engenharia de prompts na minha equipe?

Levar a engenharia de prompts para dentro da empresa não consiste em apenas treinar as pessoas colaboradoras para escrever instruções melhores para a IA. Trata-se de criar uma cultura de uso inteligente, padronizado e estratégico da tecnologia.

A seguir, confira algumas etapas que podem te ajudar nesse processo.

1° passo: capacitação da equipe

Educar as pessoas colaboradoras sobre o que é a engenharia de prompts, letramento em IA e como ela impacta o dia a dia deve ser sua primeira iniciativa.

Workshops, treinamentos internos ou parcerias com ecossistemas de educação ajudam os times a dominar os pilares de um prompt eficaz e a se manterem atualizados com a constante evolução da área.

2° passo: criação de guias internos

Desenvolver manuais de boas práticas ou checklists simples garante que todas as pessoas usem a IA de forma alinhada. Isso ajuda a reduzir erros, economizar tempo e manter a consistência da comunicação, além de ser uma boa forma de falar sobre a ética no uso da Inteligência Artificial.

3° passo: experimentação controlada

É fundamental permitir que a equipe teste diferentes prompts e avalie os resultados. A prática de ajustar, medir e refinar os comandos transforma o aprendizado em melhoria contínua. Aqui, métricas de desempenho, como tempo economizado, qualidade da saída ou redução de retrabalho, por exemplo, devem ser acompanhadas.

Leia também: Cultura do test and learn — como criar um ambiente de testes e inovação contínua

4° passo: aplicação em casos de uso reais

A engenharia de prompts gera mais valor quando aplicada a problemas concretos da empresa. Por isso, após a experimentação, o próximo passo é testar comandos em áreas, como:

  • atendimento ao cliente, para respostas padronizadas e mais rápidas;
  • descrições de vagas, análise de currículos, entre outras demandas de RH; e em
  • estratégias de marketing, como na criação de campanhas simples e segmentações mais assertivas.

5° passo: colaboração entre áreas

Incentive o compartilhamento de melhores práticas entre as equipes. Para isso, criar um espaço onde os times possam trocar os comandos que geraram os melhores resultados acelera o aprendizado coletivo e otimiza o tempo.

Leia também: Como implementar a cultura de colaboração na sua empresa

Desafios de gerenciar a engenharia de prompts dentro das empresas

À medida que mais pessoas colaboradoras começam a utilizar IA e prompts, além dos diferentes benefícios, também surgem desafios críticos: como garantir consistência, segurança, ética e eficiência em grande escala?

Embora a IA seja uma solução poderosa para auxiliar em tarefas de análise, comunicação ou tomada de decisão, tudo o que ela produz precisa de supervisão humana. Isso é especialmente importante em áreas sensíveis, como Recursos Humanos, onde vieses inconscientes podem ser replicados se os prompts não forem cuidadosamente elaborados, ou em qualquer situação que envolva dados confidenciais de clientes e da empresa.

Para que o uso da IA seja seguro e estratégico, é fundamental alinhar sua aplicação à cultura organizacional, às metas e às políticas corporativas, criando um modelo de governança que contemple alguns pontos, conforme mencionamos a seguir.

  • Biblioteca centralizada de prompts: desenvolver um documento com prompts pré-aprovados, testados e otimizados. Isso garante consistência de marca, acelera o trabalho das equipes e serve como recurso de aprendizado contínuo.
  • Políticas de uso: definir diretrizes sobre quais tipos de dados podem ser inseridos na IA, como proteger informações confidenciais e quais princípios éticos devem guiar a criação de prompts, ajuda a prevenir vieses e uso indevido da tecnologia.

Além disso, o sucesso dessa governança depende de treinamentos contínuos. As pessoas precisam entender não apenas sobre como criar prompts eficazes, mas também como interpretar e validar os resultados da IA, garantindo que a tecnologia seja uma parceira estratégica.

Para deixar lideranças e pessoas colaboradoras preparadas para essa validação e uso ético da IA, o ecossistema educacional Alura + FIAP Para Empresas pode auxiliar como uma parceria estratégica.

A partir de formações e treinamentos, suas equipes podem compreender melhor as tecnologias, a utilizá-las de maneira estratégica e segura, sempre com conteúdos atualizados, práticos e alinhados aos objetivos do negócio.

Entre em contato com a nossa equipe de especialistas e conheça nosso ecossistema!

Leia também: Os 10 maiores riscos da inteligência artificial

Francine Ribeiro
Francine Ribeiro

Analista de Conteúdo da Alura +FIAP Para Empresas. Jornalista de formação, com MBA em Comunicação Corporativa pela Universidade Tuiutí do Paraná (UTP) e MBA em Business Strategy e Transformation pela FIAP. Atua com produção de conteúdo para empresas desde 2009 e com marketing digital desde 2016.