CSS Funcional e outros nomes

CSS Funcional e outros nomes
Juliana Negreiros
Juliana Negreiros

Compartilhe

Quem nunca trabalhou em um projeto no qual ninguém queria pegar as tarefas de manutenção do CSS?

O Começo

Comecei a me questionar sobre isso e quanto mais eu conversava sobre, mais eu comecei a entender que o maior fator para isso acontecer era o medo de quebrar um lugar inimaginável, principalmente em projetos sem uma estrutura bem definida para o CSS.

Já trabalhei em alguns projetos que, sempre que surgia uma nova tarefa para manutenção no CSS, era uma luta para ver quem iria fazer e ninguém ficava muito feliz em pegar essa tarefa. Todo mundo tinha muito medo de mexer no CSS legado e quebrar lugares inimagináveis do site.

E, bom, esse medo era plausível. Tínhamos um arquivo único enorme e o nosso versionamento de código era feito por ftp. Por conta disso, era muito difícil alterar qualquer coisa e, caso conseguíssimos alterar o que precisávamos, existiam altas possibilidades de quebrarmos algo em um lugar desconhecido do site e nunca descobrirmos quem foi.

Nossa super estratégia para evitar essas coisas era inspecionar o código que precisaríamos alterar, ver o seletor mais específico que existia e adicionar esse seletor com mais uma classe que criamos para essa essa modificação.

Claro que essa nossa estratégia criava um arquivo que nunca era renovado com mais de 3 mil linhas e que contava a história inteira do projeto.

Com o tempo, fui gostando cada vez mais de estudar e entender ferramentas que deixassem os projetos mais estruturados e, principalmente, que não desse vontade de morrer em quem for mexer no projeto :)

E, em uma dessas buscas por metodologias, me deparei com o CSS Funcional (ou Atomic CSS/Utility-First CSS).

Banner de divulgação da Imersão IA da Alura em colaboração com o Google. Mergulhe em Inteligência artificial com a Alura e o Google. Serão cinco aulas gratuitas para você aprender a usar IA na prática e desenvolver habilidades essenciais para o mercado de trabalho. Inscreva-se gratuitamente agora!

E como ele funciona?

Vamos usar o card de cursos em andamento da Alura como exemplo:

print da alura

Analisando a imagem, temos: Título Card Ícone do card Observação sobre o card Título do card Botão azul para ver o conteúdo do curso Botão verde para continuar de onde parou

E esse é o nosso HTML,usando BEM:

https://codepen.io/juunegreiros/pen/oRjYgv

<section class="em-andamento">
  <h2 class="em-andamento__titulo">Meus cursos em andamento</h2>
  <div class="cartao">
    <div class="cartao__conteudo">
      <img loading="lazy"
        class="cartao__icone"
        src="https://www.alura.com.br/assets/api/cursos/react.svg"
      />
      <div class="cartao__titulo">
        <span class="cartao__observacao">Último em andamento</span>
        <span class="cartao__nome"
          >React parte 1: componentes reutilizáveis para sua webapp</span
        >
      </div>
    </div>
    <div class="cartao__botoes">
      <a class="cartao__botao" href="/course/react">Ver conteúdo do curso</a>
      <a
        class="cartao__botao cartao__botao--green"
        href="/course/react/continue"
        >Continuar onde parou</a
      >
    </div>
  </div>
</section>

Apesar de não repetirmos classes graças ao BEM, existem diversos outros cards no nosso site e todos eles possuem layout semelhante, o que significa que estamos duplicando código em vários lugares diferentes. Por isso, decidimos fazer a migração do site para CSS Funcional e essa tarefa ficou para nós :)

A abordagem que o CSS Funcional traz é pensar em pequenos pedaços atômicos (por isso também é conhecido como Atomic CSS) e independentes de CSS para que, ao bater o olho no HTML, você consiga saber exatamente o estilo que aquele item possui. Uma das principais ideias de fazer dessa forma é evitar a escrita de mais CSS.

Essa ideia é contrária ao que o BEM nos diz, já que o BEM trabalha com blocos e elementos que funcionem apenas dentro desses blocos. Então vamos por partes, alterando a nossa forma de pensar esses elementos e fazendo essa migração.

Começando pelo título, que agora deixa de ser um título da seção "em andamento" e passa a ser um elemento com fonte Open Sans, cor de texto cinza escuro, tamanho grande, alinhado para a esquerda e em negrito. E as classes ficariam mais ou menos assim:

<h2 class="cinza-escuro fs-3 fw-2 left">Meus cursos em andamento</h2>

Depois temos o card, que passa a ser um elemento com o conteúdo alinhado ao centro de acordo com sua posição vertical, com borda pequena de cor cinza claro, fundo branco, sombra na borda padrão, espaçamento interno grande e tamanho máximo de 580px:

<div class="align-center bd-1 bd-color-cinza-claro bg-color-branco bx-sd-1 d-flex f-direction-column m-width-580 pd-3">
</div>

O ícone do card deixa de pertencer exclusivamente ao card e passa a ser um elemento com altura de 70px e largura automática em relação a altura:

<img loading="lazy" class="w-auto h-70" src="https://www.alura.com.br/assets/api/cursos/react.svg">

A observação do card passa também deixa de pertencer ao card e passa a ser um elemento de cor de texto cinza escuro e fonte de tamanho pequeno:

<span class="cinza-escuro fs-1">
Último em andamento
</span>

O título do card não pertence mais ao card e passa a ser um elemento de cor de texto cinza escuro, fonte de tamanho grande e negrito mais escuro:

<span class="cinza-escuro fs-3 fw-3">
React parte 1: componentes reutilizáveis para sua webapp
</span>

O botão ver conteúdo do curso agora é um elemento com fundo azul, cor de texto branca, fonte de tamanho pequeno, com espaçamento interno de tamanho médio, centralizado e em caixa alta:

<a class="bg-azul fs-1 uppercase branco decoration-none pd-2 f-grow center" href="/course/react">
   Ver conteúdo do curso
</a>

E, por fim, o botão continuar onde parou se torna um elemento com fundo verde, cor de texto branca, fonte de tamanho pequeno, com espaçamento interno de tamanho médio, centralizado, em caixa alta e com margem esquerda de tamanho pequeno:

<a class="bg-green m-left-1 fs-1 uppercase branco decoration-none pd-2 f-grow center" href="/course/react/continue">
    Continuar onde parou
</a>

E, após adicionar algumas classes de posicionamento, o nosso HTML final ficaria assim:

https://codepen.io/juunegreiros/pen/PvPbwb

<section class="fm-1 m-auto m-bt-3 m-top-3">
  <h2 class="cinza-escuro fs-3 fw-2 left">Meus cursos em andamento</h2>
  <div
    class="align-center bd-1 bd-color-cinza-claro bg-color-branco bx-sd-1 d-flex f-direction-column m-width-580 pd-3"
  >
    <div class="align-center d-flex m-bt-2">
      <img loading="lazy"
        class="w-auto h-70"
        src="https://www.alura.com.br/assets/api/cursos/react.svg"
      />
      <div class="align-start d-flex f-direction-column m-left-2">
        <span class="cinza-escuro fs-1">
          Último em andamento
        </span>
        <span class="cinza-escuro fs-3 fw-3">
          React parte 1: componentes reutilizáveis para sua webapp
        </span>
      </div>
    </div>

    <div class="d-flex justify-between w-100">
      <a
        class="bg-azul fs-1 uppercase branco decoration-none pd-2 f-grow center"
        href="/course/react"
      >
        Ver conteúdo do curso
      </a>
      <a
        class="bg-green m-left-1 fs-1 uppercase branco decoration-none pd-2 f-grow center"
        href="/course/react/continue"
      >
        Continuar onde parou
      </a>
    </div>
  </div>
</section>

Por que usar CSS Funcional?

A primeira vez que vi esse monte e classe no html, torci muito o nariz e a primeira coisa que pensei foi: “Ué, isso aí não é tipo fazer style-inline, só que com siglas?”. E, bom, não é.

O primeiro aspecto que diferencia bastante do style-inline, é que normalmente usamos ferramentas que já nos dão essas classes prontas e tem uma boa documentação visto que é mais rápido escrever com siglas, mas precisamos saber o que elas representam. Como alguns exemplos, temos Tailwind, BassCSS e o Tachyons.

Além disso, não conseguimos usar variáveis, media queries, :after e :before com style-inline e, o mais importante: escapamos da especificidade do style-inline.

Batendo o olho nesse HTML sabemos exatamente como esse elemento é na tela e, se precisarmos fazer alguma alteração, podemos apenas adicionar ou remover uma classe que já existe.

Além disso, o layout fica mais padronizado, devido às configurações que colocamos nas classes e não precisamos mais nos preocupar em nomear classes e, principalmente, quebrar algo sem querer!

Poxa, bacana. Mas isso definitivamente não me convenceu. E se precisássemos, de repente, fazer com que todos os botões de um site fossem redondos?

Precisaríamos procurar todos os botões, um a um, e adicionar ou remover classes, também um a um.

E, como os elementos não tem uma classe descritiva, não podemos dar um ctrl + f para encontrar esses botões e garantir que realmente alteramos todos. Foi aí que conheci a funcionalidade @apply, do Tailwind. Com ela, conseguimos agrupar várias classes de css dentro de uma maior. No nosso botão do exemplo, poderíamos fazer algo assim:

.btn {
  @apply fs-1 uppercase branco decoration-none pd-2 f-grow center;
}

.btn-default {
  @apply bg-azul;
}

E isso fez com que eu pudesse olhar com outros olhos para o CSS Funcional. Claro que, como a ideia do Funcional é fazer as coisas conforme a necessidade, esses componentes, como o .btn, só seriam feitos no momento que percebêssemos que repetimos as mesmas coisas em mais de um lugar e que elas vão caminhar juntas.

Caso queiram saber mais sobre CSS funciona, deixo aqui um link com muitas referências para estudo, uma postagem sobre organização do CSS, uma postagem sobre separação de conceitos e abordagens CSS e um estudo de caso de uma migração do BEM para CSS Funcional.

No geral, gostei bastante dessa abordagem para prototipagem e sistemas com layout padronizado, realmente acelera bastante o desenvolvimento. Para layouts muito complexos, talvez a metodologia acabe dificultando algumas coisas.

Gostou do post e quer saber mais? Aqui na Alura temos uma formação front-end onde você vai aprender mais sobre HTML e CSS

Juliana Negreiros
Juliana Negreiros

Instrutora e Coordenadora Front End

Veja outros artigos sobre Front-end