100 dias de código e o Challenge Based Learning

100 dias de código e o Challenge Based Learning
Paulo Silveira
Paulo Silveira

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Você está procrastinando seus estudos, seu aprendizado de uma tecnologia e nunca consegue terminar aquele projeto pessoal?

Você não está só.

Em vez de apenas Apps elaboradas, mecanismos de OKRs pessoais, pomodoros ou mapa mentais gigantescos, minha sugestão é: encontre um desafio.

O 100 dias de código é um desafio pessoal, que você pode se comprometer, a escrever código 1h por dia para atingir diversos objetivos. Esse modelo de Challenge é interessante, porém é aberto demais. Que problema estamos resolvendo? Qual a motivação para isso?

Mesmo o 30 dias de JavaScript, o 30 dias de Python, que são muito bem bolados, acabam focando bastante na linguagem e na tecnologia. Eu gosto de todos eles. Como ir além?

Challenges e Desafios como motores do engajamento

Em 2008, a Apple lançou um paper chamado Challenge Based Learning, dentro do projeto Apple Classrooms of Tomorrow.

"Challenge Based Learning é uma abordagem engajante multidisciplinar para ensino e aprendizagem que estimula alunos a tirar proveito da tecnologia para resolver problemas reais. É colaborativo e mão na massa, fazendo com que estudantes trabalhem com colegas, professores e experts na comunidade e no mundo para fazer boas perguntas, desenvolver conhecimento profundo em uma área, resolver challenges, ter iniciativa e compartilhar suas experiências."

Encarar um problema real, que ataque um grande problema da humanidade (ou da sua comunidade, do seu bairro, da sua família), é um motivador muito forte. Muito mais forte do que "praticar código por 100 dias". Mas podemos misturar tudo isso em modelos diferentes de desafios.

Ah! A Apple pensava muito em alunos do ensino médio e em um âmbito bem grandioso. Eu vou pegar a definição e o paper e moldar em diferentes tipos de desafios, que não necessariamente se encaixam no mecanismo de 'grandes ideias' que a Apple focou.

Tem modelos desafiadores que são um pouco mais exploratórios mas que definem bem o problema, como os do Kaggle em Data Science. Há outros extremamente específicos que trabalham algoritmos, como os do HackerRank e a Maratona de Programação, que eu tanto participei.

Sim, vale lembrar que o mecanismo geral se aproxima de Project Based Learning. Eu não diria que o artigo é revolucionário, longe disso. Mas eu gosto bastante dos pontos bem práticos que ele traz. Quem sabe ainda aplicar com Flipped Learning...

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Um framework para engajar com desafios

O artigo da Apple nasceu com esse formato, onde começa com as grandes ideias e discussões até propor um desafio específico.

framework CBL de aprendizado

Um site foi criado para tentar ampliar o uso do Challenge Based Learning, gerando um modelo do framework mais redondo (literalmente :)):

modelo CBL de aprendizado

São 3 os passos do ciclo:

  • Engajar: encarar problemas reais e definir bem o desafio a ser atacado. Um problema próximo do real vai ser sempre mais interessante que a ferramenta por si só.

  • Investigar: Depois de engajar no Challenge, você vai tomar a decisão de quais Learning Objects, recursos e atividades precisará para investigar as possibilidades: um curso, uma formação, um Alura+, um podcast, um video no youtube, um livro, uma discussão no fórum.

  • Agir: Essa investigação e estudo te levará para a ação! Decisão das melhores ferramentas e linguagens para então implementar código e design.

Claro, nem sempre tudo sairá redondo assim, mas acho que você entendeu a ideia. É um pouco do mecanismo que temos usado nas nossas imersões e gerado portfolios assim. Mas queremos ir bem mais longe.

Eu gosto deste mantra que aparece no ciclo: Documente, Reflita e Compartilhe

  • Mantenha organizado tudo o que você está criando, codificando e produzindo
  • Reflita sobre o projeto, grave um video explicando pontos interessantes. É uma forma incrível de reforçar aprendizado
  • Compartilhe o projeto e publique suas descobertas e evoluções.

Há um PDF com detalhes do framework no site que nasceu dessa pesquisa.

A Alura e Challenge Based Learning

Nos próximos meses vamos lançar não apenas Challenges para vocês, como também incentivaremos um ecossistema completo!

Empresas, especialistas e cientistas vão trazer desafios, alguns maiores outros menores, para que possamos engajar e aprender técnicas, frameworks, linguagens e, acima de tudo, refletir sobre nossas escolhas.

Agradeço a toda equipe de Learning Sciences, didática e educação da Alura pelas revisões. Mesmo eu tomando cuidado para explicar por cima, arestas foram aparadas.

Paulo Silveira
Paulo Silveira

Paulo Silveira é CEO e cofundador da Alura. Bacharel e mestre em Ciência da Computação pela USP, teve sua carreira de formação em PHP, Java e nas maratonas de programação. Criou o Guj.com.br, o podcast do Hipsters.tech e o Like a Boss.

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