"Experiência é apenas o nome que damos aos nossos erros." -- Oscar Wilde
Nesse capítulo, você aprenderá:
É comum hoje em dia acessarmos algum site que peça para fazermos nosso login para podermos ter acesso a funcionalidades da aplicação. Esse processo também é conhecido como autenticação. Mas, como o site sabe, nas requisições seguintes que fazemos, quem somos nós?
O protocolo HTTP utilizado para o acesso à páginas é limitado por não manter detalhes como quem é quem entre uma conexão e outra. Para resolver isso, foi inventado um sistema para facilitar a vida dos programadores.
Um cookie é normalmente um par de strings guardado no cliente, assim como um mapa de strings. Esse par de strings possui diversas limitações que variam de acordo com o cliente utilizado, o que torna a técnica de utilizá-los algo do qual não se deva confiar muito. Já que as informações do cookie são armazenadas no cliente, o mesmo pode alterá-la de alguma maneira... sendo inviável, por exemplo, guardar o nome do usuário logado...
Quando um cookie é salvo no cliente, ele é enviado de volta ao servidor toda vez que o cliente efetuar uma nova requisição. Desta forma, o servidor consegue identificar aquele cliente sempre com os dados que o cookie enviar.
Um exemplo de bom uso de cookies é na tarefa de lembrar o nome de usuário na próxima vez que ele quiser se logar, para que não tenha que redigitar o mesmo.
Cada cookie só é armazenado para um website. Cada website possui seus próprios cookies e estes não são vistos em outra página.
Usar Cookies parece facilitar muito a vida, mas através de um cookie não é possível marcar
um cliente com um objeto, somente com Strings. Imagine gravar os dados do usuário logado através
de cookies. Seria necessário um cookie para cada atributo: usuario, senha, id, data de inscrição, etc. Sem contar a falta de segurança.
O Cookie também pode estar desabilitado no cliente, sendo que não será possível lembrar nada que o usuário fez...
Uma sessão facilita a vida de todos por permitir atrelar objetos de qualquer tipo a um cliente, não sendo limitada somente à strings e é independente de cliente.
A abstração da API facilita o trabalho do programador pois ele não precisa saber como é que a sessão
foi implementada no servlet container, ele simplesmente sabe que a funcionalidade existe e está lá
para o uso. Se os cookies estiverem desabilitados, a sessão não funcionará e devemos recorrer para uma
técnica (trabalhosa) chamada url-rewriting.
A sessão nada mais é que um tempo que o usuário permanece ativo no sistema. A cada página visitada, o
tempo de sessão é zerado. Quando o tempo ultrapassa um limite demarcado no arquivo web.xml, o
cliente perde sua sessão.
Para configurar 3 minutos como o padrão de tempo para o usuário perder a sessão basta incluir o
seguinte código no arquivo web.xml:
<session-config>
<session-timeout>3</session-timeout>
</session-config>Podemos criar uma ação que fará o login da aplicação. Caso o usuário informado na tela de login exista, guardaremos o mesmo na sessão e entraremos no sistema, e caso não exista vamos voltar para a página de login.
O Spring MVC nos possibilita receber a sessão em qualquer método, só é preciso colocar o objeto
HttpSession como parâmetro. Por exemplo:
@Controller
public class LoginController {
public String efetuaLogin(HttpSession session) {
//....
}
}A sessão é parecida com um objeto do tipo Map<String, Object>, podemos guardar nela qualquer
objeto que quisermos dando-lhes uma chave que é uma String. Portanto, para logarmos o usuário na aplicação
poderíamos criar uma ação que recebe os dados do formulário de login e a sessão HTTP, guardando o usuário
logado dentro da mesma:
@RequestMapping("efetuaLogin")
public String efetuaLogin(Usuario usuario, HttpSession session) {
if(new JdbcUsuarioDao().existeUsuario(usuario)) {
session.setAttribute("usuarioLogado", usuario);
return "menu";
} else {
//....
}
}Vamos criar o formulário de Login, uma ação para chamar este formulário e uma outra que realmente autentica o usuário.
Crie a página formulario-login.jsp dentro de WebContent/WEB-INF/views com o conteúdo:
<html>
<body>
<h2>Página de Login das Tarefas</h2>
<form action="efetuaLogin" method="post">
Login: <input type="text" name="login" /> <br />
Senha: <input type="password" name="senha" /> <br />
<input type="submit" value="Entrar nas tarefas" />
</form>
</body>
</html>Crie uma nova classe chamada LoginController no pacote
br.com.caelum.tarefas.controller. Crie um método para exibir o formulario-login.jsp:
@Controller
public class LoginController{
@RequestMapping("loginForm")
public String loginForm() {
return "formulario-login";
}
}Na mesma classe LoginController coloque o método que verifica o existência do
usuario. Acrescente o método efetuaLogin:
@RequestMapping("efetuaLogin")
public String efetuaLogin(Usuario usuario, HttpSession session) {
if(new JdbcUsuarioDao().existeUsuario(usuario)) {
session.setAttribute("usuarioLogado", usuario);
return "menu";
}
return "redirect:loginForm";
}Após o usuário se logar, ele será redirecionado para uma página que conterá links para as outras páginas do sistema e uma mensagem de boas vindas.
Crie a página menu.jsp em WebContent/WEB-INF/views com o código:
<html>
<body>
<h2>Página inicial da Lista de Tarefas</h2>
<p>Bem vindo, ${usuarioLogado.login}</p>
<a href="listaTarefas">Clique aqui</a> para acessar a
lista de tarefas
</body>
</html> Acesse a página de login em http://localhost:8080/fj21-tarefas/loginForm e se logue na aplicação.
Verifique o banco de dados para ter um login e senha válidos. Para isso, no terminal faça:
mysql -u root
use fj21;
select * from usuarios;Se houver senha no banco, troque o primeiro comando por
mysql -u root -p, usando a senha correta pro banco.
Se a tabela não existir, você pode criá-la executando o comando:
create table usuarios (
login VARCHAR(255),
senha VARCHAR(255)
);(Dica: o código para criar essa tabela pode ser encontrado no arquivo criacao-tabela.sql na pasta 21/projeto-tarefas/mysql)
insert into usuarios(login, senha) values('seu_usuario', 'sua_senha');Não podemos permitir que nenhum usuário acesse as tarefas sem que ele esteja logado na aplicação, pois essa não é uma informação pública. Precisamos portanto garantir que antes de executarmos qualquer ação o usuário esteja autenticado, ou seja, armazenado na sessão.
Utilizando o Spring MVC, podemos utilizar o conceito dos Interceptadores, que funcionam como Filtros que aprendemos anteriormente, mas com algumas funcionalidades a mais que estão relacionadas ao framework.
Para criarmos um Interceptador basta criarmos uma classe que implemente a interface
org.springframework.web.servlet.HandlerInterceptor. Ao implementar essa interface, precisamos
implementar 3 métodos: preHandle, postHandle e afterCompletion.
Os métodos preHandle e postHandle serão executados antes e depois, respectivamente, da ação.
Enquanto o método afterCompletion é chamado no final da requisição, ou seja após ter
renderizado o JSP.
Para nossa aplicação queremos verificar o acesso antes de executar uma ação, por isso vamos usar
apenas o método preHandle da interface HandlerInterceptor. Porém, usando a interface
HandlerInterceptor somos obrigados implementar todos os métodos definidos na interface.
Queremos usar apenas o preHandle. Por isso o Spring MVC oferece uma classe auxiliar
(HandlerInterceptorAdapter) que já vem com uma implementação padrão para cada método
da interface. Então para facilitar o trabalho vamos estender essa classe e sobrescrever
apenas o método que é do nosso interesse:
public class AutorizadorInterceptor extends HandlerInterceptorAdapter {
@Override
public boolean preHandle(HttpServletRequest request,
HttpServletResponse response,
Object controller) throws Exception {
//....
response.sendRedirect("loginForm");
return false;
}
}O método preHandle recebe a requisição e a resposta, além do controlador que está sendo
interceptado. O retorno é um booleano que indica se queremos continuar com a requisição
ou não. Portanto, a classe AutorizadorInterceptor só deve devolver true se o usuário está
logado. Caso o usuário não esteja autorizado vamos redirecionar para o formulário de login.
Para pegar o usuário logado é preciso acessar a sessão HTTP. O objeto request possui um método
que devolve a sessão do usuário atual:
HttpSession session = request.getSession();Dessa maneira podemos verificar no Interceptador a existência do atributo usuarioLogado:
public class AutorizadorInterceptor extends HandlerInterceptorAdapter {
@Override
public boolean preHandle(HttpServletRequest request,
HttpServletResponse response,
Object controller) throws Exception {
if(request.getSession().getAttribute("usuarioLogado") != null) {
return true;
}
response.sendRedirect("loginForm");
return false;
}
}Falta só mais uma verificação. Existem duas ações na nossa aplicação que não necessitam de
autorização. São as ações do LoginController, necessárias para permitir a autenticação do usuário.
Além disso, vamos garantir também que a pasta de resources pode ser acessada mesmo sem login. Essa pasta
possui as imagens, css e arquivos JavaScript. No entanto a classe AutorizadorInterceptor fica:
public class AutorizadorInterceptor extends HandlerInterceptorAdapter {
@Override
public boolean preHandle(HttpServletRequest request,
HttpServletResponse response,
Object controller) throws Exception {
String uri = request.getRequestURI();
if( uri.endsWith("loginForm") ||
uri.endsWith("efetuaLogin") ||
uri.contains("resources")) {
return true;
}
if(request.getSession().getAttribute("usuarioLogado") != null) {
return true;
}
response.sendRedirect("loginForm");
return false;
}
}Ainda precisamos registrar o nosso novo interceptador. Mas o Spring MVC não permite que façamos
isso via anotações, então usaremos a configuração via XML nesse caso. Já vimos o arquivo
spring-context.xml, nele vamos usar o tag mvc:interceptors para cadastrar a classe
AutorizadorInterceptor:
<mvc:interceptors>
<bean class=
"br.com.caelum.tarefas.interceptor.AutorizadorInterceptor" />
</mvc:interceptors>Caso seja necessário alguma ordem na execução de diversos interceptors, basta registrá-los na sequência desejada
dentro da tag mvc:interceptors.
Vamos criar um Interceptor que não permitirá que o usuário acesse as ações
sem antes ter logado na aplicação.
Crie a classe AutorizadorInterceptor no pacote
br.com.caelum.tarefas.interceptor
Estenda a classe HandlerInterceptorAdapter
do package org.springframework.web.servlet.handler
Sobrescreve o método preHandle. O usuário só pode acessar os métodos do
LoginController SEM ter feito o login. Caso outra lógica seja chamada é preciso verificar
se o usuário existe na sessão. Existindo na sessão, seguiremos o fluxo normalmente, caso contrário
indicaremos que o usuário não está logado e que deverá ser redirecionado para o formulário
de login.
O código completo do interceptador fica:
public class AutorizadorInterceptor extends HandlerInterceptorAdapter {
@Override
public boolean preHandle(HttpServletRequest request,
HttpServletResponse response,
Object controller) throws Exception {
String uri = request.getRequestURI();
if( uri.endsWith("loginForm") ||
uri.endsWith("efetuaLogin") ||
uri.contains("resources")) {
return true;
}
if(request.getSession()
.getAttribute("usuarioLogado") != null) {
return true;
}
response.sendRedirect("loginForm");
return false;
}
}Temos que registrar o nosso novo interceptador no XML do spring. Abra o arquivo
spring-context.xml. Dentro da tag <beans> adicione:
<mvc:interceptors>
<bean
class=
"br.com.caelum.tarefas.interceptor.AutorizadorInterceptor" />
</mvc:interceptors>Faça o logout da aplicação. Crie um link no menu.jsp que invocará um método que removerá o
usuário da sessão e redirecione a navegação para a action do formulário de login (loginForm).
No menu.jsp acrescente:
<a href="logout">Sair do sistema</a>Na classe LoginController adicione o método para o logout e invalide a sessão do usuário:
@RequestMapping("logout")
public String logout(HttpSession session) {
session.invalidate();
return "redirect:loginForm";
}