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Artigo

Desvendando o Papel do Citizen Developer na Inovação

Athena Bastos

Athena Bastos


2 homens e 1 mulher olhando para uma tela de computador representando o citizen developer

Não é um cenário incomum: quantas vezes você (ou alguém do seu setor) precisou da ajuda de alguém da equipe de tecnologia da informação e precisou esperar por um prazo considerável porque eles estavam sobrecarregados?

O problema é tão frequente que, segundo uma pesquisa da Forrester Research, em 65% das organizações, a área de TI tem tantas demandas que não consegue concluir todos os pedidos das diferentes áreas de negócio. E ainda que a quantidade de pessoas desenvolvedoras nas empresas esteja aumentando, ela pode não ser suficiente para suprir a necessidade desses profissionais em um mundo cada vez mais conectado.

Um estudo do Google em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups) mostrou que, anualmente, 53 mil pessoas se formam em cursos tech – mas seriam necessários 160 mil.

O que muitas empresas desconsideram é que existem alternativas que empoderam as pessoas colaboradoras dentro dos processos de automação e eficiência de seus próprios departamentos. Uma dessas possibilidades é a de trazer o protagonismo para o citizen developer.

Esse é um termo para designar pessoas que desenvolvem habilidades digitais e conseguem criar softwares e aplicativos, sem necessariamente precisarem de uma formação em TI. Utilizando tecnologias low code e no code, a organização consegue capacitar sua equipe em habilidades digitais, desafogar o setor de tecnologia e resolver desafios de forma mais rápida.

Quer entender como implementar essa estratégia na sua empresa? Continue lendo esse artigo!

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O que é citizen developer

A Gartner, consultoria em tecnologia de referência global, define o citizen developer (cidadão desenvolvedor, em português), como "um empregado que cria capacidades de aplicação para consumo próprio ou de outros".

Ou seja, é qualquer pessoa que não tem conhecimentos técnicos que idealiza aplicativos e sistemas para atender às necessidades da organização – sem necessariamente escrever códigos.

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Vamos pensar em um exemplo prático: a Beatriz trabalha no setor de RH de uma grande empresa de tecnologia. Ela é responsável por marcar entrevistas de emprego, mas está com um alto volume de candidatos para uma vaga e gastando muito tempo nessa tarefa.

Para reduzir essa carga de trabalho, ela quer criar um sistema automatizado que facilite esse agendamento. Através de uma ferramenta no code (plataformas sem código que usam interfaces gráficas e configurações em vez da programação) ou low code (que usa menos códigos que a forma de desenvolvimento tradicional), Beatriz pode conectar o email utilizado para a comunicação com os candidatos e um calendário online de forma automatizada. Ela também pode enviar convites personalizados ou que estejam diretamente linkados com a agenda dela, facilitando a comunicação e a conciliação de horários.

Assim, é possível otimizar uma tarefa do RH de forma simples, sem depender de um profissional de TI.

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Citizen developer e shadow IT

Falando em profissional de TI, é importante ressaltar que o citizen developer não é um profissional da área. Ele pode até desenvolver soluções digitais para diversas áreas da empresa, inclusive até guiado por especialistas sobre os softwares utilizados, mas não é um membro da equipe de tech.

Por isso, ainda que seja uma força positiva para a inovação e eficiência, esse colaborador precisa estar alinhado com as políticas de segurança, conformidade e governança de tecnologia da organização. Do contrário, suas atividades podem resultar em uma forma de shadow IT não intencional.

O shadow IT é um termo para os serviços, sistemas e dispositivos utilizados sem o conhecimento do administrador dos recursos de tecnologia (como o uso de plataformas em nuvem, de gestão de projetos ou gerenciador de tarefas). Embora úteis, já que contribuem para a produtividade do time, o uso inadvertido dessa TI invisível pode aumentar riscos relacionados à segurança.

Então, é importante que o citizen developer trabalhe em conjunto com o time de tecnologia, em uma cultura de colaboração e transparência, para garantir a conformidade e alinhamento das estratégias organizacionais.

Características de um Citizen Developer

Ainda que não seja necessário ter conhecimento profundo em programação, uma compreensão básica dos princípios de desenvolvimento de software ajuda bastante o citizen developer.

Para desempenhar efetivamente esse papel, é interessante que esse profissional tenha:

  • Conhecimento profundo nas operações diárias da sua área ou equipe, entendendo os processos de negócio e as necessidades específicas do usuário final;
  • Facilidade de aprendizado, para lidar com novos sistemas e conceitos;
  • Habilidades de resolução de problemas, sendo capazes de analisar desafios e criar soluções eficazes usando as ferramentas disponíveis;
  • Pensamento lógico, para criar fluxos de trabalho e lógica de negócio dentro das aplicações;
  • Compreensão básica de como os dados são estruturados e manipulados (importante para a criação de formulários, relatórios e integrações);
  • Conhecimento básico de design de interface do usuário (UI) e experiência do usuário (UX), para criar aplicativos visuais e intuitivos;
  • Habilidades de colaboração e comunicação, para trabalhar em equipe;
  • Compreensão básica das práticas de segurança e conformidade da empresa.

Além disso, algumas soft skills podem facilitar no dia a dia de um citizen developer, como senso de liderança, proatividade, resolução de conflitos e capacidade de persuasão.

Qual o papel do citizen developer

Em linhas gerais, o papel do citizen developer é ser um solucionador de problemas, capaz de criar ferramentas práticas, rápidas e eficientes para desafios operacionais específicos, contribuindo para a inovação e eficiência da empresa.

Ele desempenha uma função crucial na criação, manutenção e melhoria de processos automatizados nas mais diversas áreas da organização (como marketing, vendas, RH e finanças), identificando oportunidades e desenvolvendo soluções personalizadas para atender as necessidades do setor.

Qual a importância do citizen developer

Ainda que sua empresa não seja da área da tecnologia, não dá mais para dizer que ela não tem processos tecnológicos, não é mesmo? Por isso, é imprescindível incentivar uma cultura onde todos os profissionais possam desenvolver habilidades digitais.

Nesse contexto, o citizen developer é um protagonista capaz de democratizar o acesso à tecnologia, permitindo que pessoas de diferentes áreas e níveis de conhecimento técnico contribuam para o desenvolvimento de soluções inovadoras.

Esse profissional também impulsiona a transformação digital, criando automações de forma ágil, acelerando processos e reduzindo o tempo necessário para implementar mudanças. Além disso, eles conhecem profundamente as operações diárias de suas equipes, o que resulta em sistemas altamente personalizados e adaptados às necessidades específicas da área.

Por fim, essa capacidade de criar softwares e aplicativos sem depender do time de TI reduz custos – não só relacionados ao tempo de trabalho das pessoas colaboradoras, mas também nos processos de criação e implementação, que são mais rápidos.

Então, em resumo, podemos dizer que o citizen developer é uma figura importante para estimular a inovação, aumentar a agilidade operacional e impulsionar a transformação digital de forma colaborativa e eficaz.

A importância do no code e low code na atuação do Citizen Developer

Como já vimos, o citizen developer usa tecnologias de low code e no code para criar novas ferramentas de trabalho.

Embora as duas plataformas compartilhem o benefício da facilidade e rapidez no desenvolvimento, existem algumas diferenças entre as duas – e é importante entender um pouco mais sobre elas para entender qual é a melhor estratégia para a sua empresa.

Os sistemas low code são caracterizados pelo desenvolvimento com menos programação, ou seja, poucos códigos. Portanto, ainda que sejam mais simples, demandam alguma experiência prévia na área de tecnologia para a criação de soluções verdadeiramente eficazes.

Já as plataformas no code representam uma forma de desenvolvimento completamente livre de códigos. Isso significa que qualquer profissional, de qualquer área, pode se tornar um citizen developer, já que não é necessário ter nenhum conhecimento prévio de programação. Assim, o no code é uma tecnologia mais adaptável a diferentes contextos.

Na prática, sua interface é totalmente visual e usa elementos gráficos, como caixas de ferramentas intuitivas, para que o usuário possa arrastar e soltar elementos visuais, além de adicionar, remover e organizar funcionalidades e fluxos de trabalho. É possível criar aplicativos do zero ou personalizar modelos pré-existentes, proporcionando uma redução significativa no tempo de criação e implementação.

Não por acaso, essas ferramentas estão na mira das grandes empresas: segundo uma pesquisa da Research and Markets, até 2030 o modelo de desenvolvimento de baixo código deve crescer 31,3%, alcançando um valor de mercado de U$ 190 milhões.

Como formar citizen developers

Ainda que não seja necessário ter nenhum tipo de formação para se tornar um citizen developer, é imprescindível que as pessoas colaboradoras tenham uma capacitação em tecnologia para utilizar as ferramentas (sejam elas low code ou no code) de maneira mais eficaz.

Para isso, é importante pensar em treinamentos de digital skills, como alfabetização de dados, conhecimento básico em linguagens de programação, automação e inteligência artificial, que podem trazer uma boa base para que o profissional consiga se desenvolver na sua função de citizen developer.

Além disso, ofereça treinamentos específicos das ferramentas escolhidas, seja através de workshops, tutoriais ou aulas, para que os profissionais possam entender mais sobre os aspectos práticos dos sistemas.

E não esqueça de criar projetos piloto, para que os participantes possam aplicar seus conhecimentos dentro de seus próprios times!

Quais as vantagens de desenvolver Citizen Developers?

Os departamentos de tecnologia estão sobrecarregados, e a alta demanda de desenvolvimento tecnológico, aliada a falta de profissionais no mercado, faz com que a capacitação em habilidades digitais seja mais do que uma tendência: é uma necessidade.

Inclusive, de acordo com a Gartner, 80% das tecnologias desenvolvidas até 2024 vão ser criadas por profissionais de fora do setor. Reduzir a carga de trabalho das equipes de TI permite que esses times concentrem seus esforços em projetos mais estratégicos, otimizando o uso de recursos e habilidades especializadas.

Isso também resulta em uma resposta mais rápida às demandas de cada setor da empresa, com implementações mais ágeis, eficazes e personalizadas.

Além disso, desenvolver citizen developers promove uma cultura da inovação, estimulando a criatividade e a busca por melhorias contínuas, trazendo um diferencial competitivo valioso para o seu negócio.

Ou seja, investir na capacitação de digital skills é investir em agilidade, inovação e eficiência operacional, já que esses profissionais não atendem apenas às demandas de suas áreas, mas também contribuem para uma cultura organizacional mais dinâmica, adaptável e voltada para o futuro.

Como estão as estratégias de capacitação em tecnologia na sua empresa? Se tiver dúvidas sobre como desenvolver seus times para o mercado, fale conosco!

Athena Bastos
Athena Bastos

Supervisora de Conteúdo da Alura Para Empresas. Bacharela e Mestra em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Pós-graduanda em Branding: gestão estratégica de marcas pela Universidade Castelo Branco - UCB. Escreve para blogs desde 2008 e atua com marketing digital desde 2018.

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