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Governança de IA: o que é, ferramentas e práticas recomendadas

Athena Bastos

Athena Bastos


Já não é mais novidade que a Inteligência Artificial deixou de ser apenas uma tendência de tecnologia nas empresas, e se tornou parte da rotina de organizações de segmentos diversos. Segundo o estudo The State of AI, da Mckinsey, 71% das pessoas entrevistadas afirmam que a empresa em que trabalham usam regularmente a IA generativa em pelo menos uma função empresarial.

Isso deixa claro que o uso da IA, na atualidade, não é mais vista somente como uma ferramenta de auxílio. No entanto, com os benefícios, surgem também inúmeros riscos e responsabilidades. Por isso, governos, empresas e instituições acadêmicas têm buscado criar estruturas que orientem desde a criação até o uso responsável da tecnologia.

É exatamente nesse ponto que entra a governança de IA, cujo intuito é assegurar que os sistemas inteligentes sejam usados de forma ética, transparente e segura. Continue lendo para entender em detalhes o que é governança de IA, suas principais ferramentas e a relação entre a ética da IA com as rotinas do trabalho.

O que é governança de IA?

A governança de IA é um conjunto de práticas, processos, frameworks, políticas e diretrizes que orientam o desenvolvimento, a implementação e o uso dos sistemas de inteligência artificial com ética e segurança.

Assim como a governança corporativa assegura que uma empresa opere de maneira responsável e transparente, a governança de IA é uma garantia de que os algoritmos aplicados nessa tecnologia cumpram seu objetivo técnico sem ferir nenhum valor humano ou regulamentação.

Dessa forma, é necessário que o modelo de Inteligência Artificial siga padrões que assegurem:

  • ética na IA, com decisões justas, sem discriminação ou vieses de qualquer tip;.
  • IA segura, com proteção contra falhas, ataques e mau uso da tecnologia;
  • IA responsável, para que se tenha clareza sobre quem responde por erros ou impactos;
  • regulação da inteligência artificial, como uma forma de cumprir as leis e normas aplicáveis.

Assim, é possível estabelecer uma abordagem estruturada para evitar potenciais riscos, com políticas sólidas de IA, regulamentação e governança de dados.

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A importância de uma IA responsável

Com o aumento do uso da IA nas empresas, ter uma governança focada nessa tecnologia é uma das maneiras mais eficazes de alcançar um nível maior de confiança na ferramenta e mais segurança ao aplicá-la nas rotinas de trabalho.

Diferente de outros avanços tecnológicos que podem atuar na rotina de trabalho, a inteligência artificial pode interferir na tomada de decisões que afetam diretamente as pessoas. Por isso, adotar práticas responsáveis é essencial para que os benefícios da IA não venham acompanhados de riscos graves e potencialmente irreparáveis.

Assim, uma IA responsável, pode garantir:

Confiança das pessoas usuárias

Quando sistemas são projetados com transparência e ética, as pessoas usuárias tendem a acreditar mais em seus resultados e a utilizá-los de forma mais ampla. Por isso, uma IA responsável aumenta a confiança dos usuários e usuárias como um todo, criando um ambiente de colaboração saudável.

Leia também: Quais são os pilares e as funções da segurança da informação?

Responsabilidade social

Algoritmos treinados com dados enviesados podem reproduzir discriminações de gênero, raça ou classe social, principalmente aqueles que aprendem com o comportamento da pessoa usuária.
Ao aplicar auditorias de viés, testes de equidade e diretrizes éticas, empresas e governos conseguem reduzir esses riscos, assegurando que a tecnologia seja inclusiva e justa.

Sustentabilidade para o futuro

Com uma governança de IA responsável, é possível promover a sustentabilidade e um impacto positivo com esse tipo de inovação. Isso significa pensar nos efeitos de longo prazo da tecnologia, tanto ambientais, como o consumo energético de grandes modelos de IA, quanto sociais, como a geração de empregos, a demanda de especialistas em Inteligência Artificial e outras oportunidades de negócio.

Assim, empresas que colocam essas questões no centro de sua estratégia de IA não somente protegem sua reputação, mas também se destacam como referência e liderança na construção de um futuro mais humano e equilibrado.

Leia também: Os 10 maiores riscos da inteligência artificial

Princípios e normas da governança de IA

Para garantir uma IA responsável, existem algumas normas e princípios que protegem as organizações e seus clientes.

Segundo o Relatório do custo das violações de dados de 2025, da IBM, 97% das empresas que participaram da pesquisa relataram um incidente de segurança relacionado à IA e não possuíam controles adequados de acesso à Inteligência Artificial.

Por isso, é necessário que a governança de IA seja mais robusta, ajudando a orientar o uso ético da Inteligência Artificial, considerando alguns pontos, conforme listamos abaixo.

  • Empatia: para compreender as implicações sociais da IA, não apenas as questões tecnológicas e financeiras.
  • Controle de vieses: a fim de examinar de forma rigorosa os dados de treinamento, evitando a incorporação de vieses graves para tomada de decisões imparciais pela tecnologia.
  • Transparência: clareza na forma que os algoritmos de IA operam, para as empresas poderem explicar a lógica e o raciocínio existentes nos resultados.
  • Responsabilidade: é importante haver a definição de padrões para o gerenciamento das mudanças da IA, evitando qualquer prejuízo causado pela Inteligência Artificial.

É interessante que cada empresa decida quais áreas de foco devem ser priorizadas para o uso da tecnologia em seu máximo, juntamente com a realização de auditorias contínuas para manter resultados relevantes e responsáveis.

Recomendações da ONU

O Governing AI for Humanity, da ONU, propõe recomendações para a governança global da IA estruturadas em quatro eixos, mencionados a seguir.

  • 1. Entendimento comum: para fornecer conhecimento científico imparcial e confiável sobre a IA, que produziria relatórios anuais sobre capacidades e tendências, além de tratar riscos emergentes.
  • 2. Base comum: estabelecendo um diálogo político sobre governança da IA, com reuniões intergovernamentais a fim de promover uma base comum para a tecnologia com o intercâmbio de padrões de IA.
  • 3. Benefícios compartilhados: com uma rede global de desenvolvimento de talentos sobre IA, proporcionando treinamentos, recursos e dados para pessoas pesquisadoras e empreendedoras.
  • 4. Esforços coerentes: com a formação de um escritório de IA dentro do secretariado da ONU para apoiar e coordenar todas as propostas sugeridas.

Regulação da inteligência artificial

A regulação da inteligência artificial é um dos temas mais discutidos no cenário global. Afinal, responsabilidade legal e regulatória também é imprescindível na governança de IA.

Um exemplo recente é a Lei Europeia de Inteligência Artificial (AI Act), aprovada em 2024 pela União Europeia, que classifica sistemas de IA por níveis de risco (baixo, médio, alto e inaceitável) e define obrigações específicas para cada categoria.

Isso realça que empresas que não adotarem práticas de IA responsável podem sofrer com o mercado, perdendo credibilidade e competitividade. Assim, a implementação de uma governança de IA se torna não somente uma questão ética, mas também estratégica.

Ferramentas para a governança de IA

Diante da preocupação com o tema, algumas ferramentas estão sendo usadas para apoiar empresas e governos para a implementação da governança de IA. Veja a seguir alguns exemplos.

  • Model Cards (Google AI): reúne documentos que descrevem as capacidades, limitações e usos recomendados de modelos de IA.
  • AI Fairness 360 (IBM): um kit de ferramentas para detectar e minimizar vieses em sistemas de IA.
  • Explainable AI (XAI): técnicas que tornam algoritmos mais compreensíveis para humanos.
  • Framework NIST AI Risk Management: modelo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos para gerenciar riscos associados à IA.
  • ISO/IEC 42001 (2023): norma internacional de gestão para sistemas de IA que estabelece diretrizes de governança.

Esses recursos ajudam na organização e criação de processos mais transparentes, seguros e alinhados às práticas globais.

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Como as organizações estão lidando com a ética na IA?

De acordo com o estudo The 2025 Hype Cycle for Artificial Intelligence Goes Beyond GenAI, em 2024, foi registrado um um gasto médio de US$ 1,9 milhão em iniciativas da GenAI.

Já a projeção Forecast Alert: AI in IT Spending, 2025, realizada tambem pela Gartner (2025), aponta que os gastos com IA ultrapassarão US$ 3,3 trilhões até 2029, com o uso da tecnologia aumentando exponencialmente todos os dias.

Dessa forma, as empresas têm buscado estratégias específicas para o uso da Inteligência Artificial já que ela estará presente na rotina de trabalho de forma mais intensa a cada novo ano.

Algumas implementações incluem:

  • criação de comitês internos para discutir a ética na IA, com equipes multidisciplinares com profissionais da engenharia, direito e especialistas em ética, diversidade, equidade e inclusão (DEI);
  • transparência, já que as empresas precisam tornar os modelos de IA explicáveis, para as pessoas usuárias poderem entender como e por que a IA chegou àquela decisão;
  • cultura organizacional ética, com mudanças culturais internas que promovam treinamentos em ética digital, diversidade e responsabilidade social para a compreensão dos impactos da IA, desde o desenvolvimento até a aplicação prática.

E qual o futuro da governança de IA?

O futuro da Inteligência Artificial será um equilíbrio entre inovação e regulação. Nos próximos anos, veremos uma maior integração entre padrões internacionais, legislações nacionais e frameworks corporativos.

No entanto, empresas que se anteciparem a essas exigências, adotando políticas sólidas de ética na IA e regulação da inteligência artificial, estarão mais bem preparadas para competir em mercados globais.

Para que isso aconteça, é fundamental ter um letramento em IA e a Alura + FIAP Para Empresas pode ajudar a preparar você e sua equipe para o futuro com a Inteligência Artificial.

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Athena Bastos
Athena Bastos

Coordenadora de Comunicação da Alura + FIAP Para Empresas. Bacharela e Mestra em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Pós-graduanda em Digital Data Marketing pela FIAP. Escreve para blogs desde 2008 e atua com marketing digital desde 2018.