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Quais são os tipos e como fazer a gestão de riscos na sua empresa

Athena Bastos

Athena Bastos


Um homem e uma mulher olhando para um computador representando a gestão de risco

Muitas vezes, quanto maior o risco de um projeto, maior também é a probabilidade de algum retorno positivo para a empresa. Por isso, gerenciar uma empresa é tomar decisões e, ao mesmo tempo, assumir riscos do que pode dar errado.

Assim, a análise de dados e o planejamento de estratégias surgem como ferramentas fundamentais. Afinal de contas, nada melhor do que mapear perigos e possíveis falhas, além de tomar decisões com base em dados reais, não em mera suposições.

Essas estratégias são formas eficientes de reduzir ou eliminar os riscos e maximizar o aproveitamento de oportunidades positivas. O conjunto de processos que tem o objetivo de prever, eliminar ou minimizar danos é denominado de gestão de riscos. E, por sua breve descrição, já deu para perceber que não dá para ficar por fora desse assunto, não é mesmo?

Pensando nisso, o objetivo central deste artigo é despertar as lideranças para a importância da gestão de riscos e compliance, além de trabalhar as formas de fazer o gerenciamento de crise e as ações que podem ser tomadas para prevenção.

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O que é gestão de riscos?

A gestão de riscos é um processo sistemático de medidas para prevenir ou eliminar riscos e, ao mesmo tempo, de identificar oportunidades que podem gerar valor para o negócio. Por isso, compreende as tarefas de identificar, avaliar e controlar fatores que podem afetar uma empresa.

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Em outras palavras, trata-se de uma série de processos que têm o objetivo de alinhar as oportunidades aos riscos: quais são os impactos possíveis e qual é a probabilidade de acontecer.

Esses riscos podem ser internos ou externos, e podem surgir de várias fontes, como instalações físicas, sistemas de TI, processos operacionais, recursos humanos, por exemplo.

Em resumo, a gestão de riscos consiste em criar processos que sejam suficientes para equilibrar as metas estratégicas da empresa aos riscos do negócio.

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Por que adotar o gerenciamento de riscos na sua empresa?

De forma geral, a importância da gestão de riscos está justamente em mitigar ou eliminar os riscos da empresa. Na prática, e de forma mais específica, existem muitos tipos diferentes de riscos. Confira alguns exemplos abaixo.

Prevenir perdas financeiras

Controle de perdas e gerenciamento de riscos estão diretamente ligados. Isso porque a gestão de riscos atua de forma preventiva. Assim, é possível identificar e mitigar os desafios que podem causar perdas financeiras significativas para a empresa, por exemplo, possíveis perdas decorrentes de falhas nos processos e fraudes internas.

Proteger a reputação da empresa

A gestão de riscos também ajuda a proteger a reputação da empresa. E, desse modo, evita situações que possam prejudicar a imagem da organização perante as pessoas consumidoras, parceiras e o público em geral.

Para isso, a gestão de riscos compreende processos relacionados à segurança da informação, a privacidade dos dados e conformidade regulatória.

Melhorar a tomada de decisões

Ao realizar uma análise e gerenciamento de risco, a empresa passa a ter uma visão mais clara dos perigos a que está exposta, além de como eles podem afetar seus objetivos estratégicos.

Por exemplo, na gestão de riscos cibernéticos, é possível identificar quais brechas virtuais o sistema de uma organização está exposto e, consequentemente, evitar o vazamento de informações.

Assim, com base em análises de risco e na alocação adequada de recursos para mitigá-los, as lideranças podem tomar decisões mais assertivas.

Leia também: Cibersegurança nas empresas: tudo o que você precisa saber

Como é feita a gestão de riscos corporativos?

Como em qualquer outro processo de uma empresa, a gestão de riscos não funciona como uma receita única. Todas as etapas devem depender da necessidade específica de cada negócio. Além do mais, esse deve ser um processo contínuo e constantemente revisado.

Por isso, não é possível construir um passo a passo que compreenda todas as especificidades dos negócios. Porém, alguns passos devem existir em todos os processos de compliance e gestão de riscos, tais como:

1. Mapeamento e identificação dos riscos

O primeiro passo é compreender o contexto da sua empresa. Você pode começar, por exemplo, entendendo quais são os pontos fortes e as fragilidades do seu modelo de negócio.

Também é importante compreender quais são os objetivos principais da organização e em qual contexto de amadurecimento ou crescimento a empresa está inserida. A partir disso, você vai conseguir mapear e identificar quais são os possíveis riscos.

2. Avaliação qualitativa dos riscos

Depois de identificar todos os possíveis riscos, é hora de fazer uma avaliação qualitativa. Ou seja, definir qual é o grau de importância de cada risco e qual é a probabilidade dele acontecer.

Essa análise permite priorizar os riscos e focar os esforços para gerenciar os que são mais críticos e prováveis. Por exemplo, em uma empresa de tecnologia, uma gestão de riscos de TI pode ter prioridade em relação à gestão de riscos ambientais.

Entretanto, isso não significa que os riscos ambientais devam ser ignorados, mas sim que os recursos e esforços devem ser alocados de forma estratégica para mitigar os riscos que representam a maior ameaça para a organização.

3. Análise quantitativa dos riscos

Em seguida, deve-se fazer uma análise quantitativa dos riscos. Esse processo compreende uma investigação, com precisão numérica, dos potenciais impactos e efeitos dos riscos que você mapeou.

Se você identificou, por exemplo, um risco financeiro decorrente de um processo rotineiro da empresa, é importante estimar de quantos reais pode ser esse impacto.

4. Planejamento de providências

Após mapear os dados, você conseguirá estabelecer uma ordem de prioridade na sua análise e gerenciamento de riscos. Sem dúvidas, essa ordem deve levar em consideração os riscos com maior impacto e também maior probabilidade de acontecerem.

5. Faça o acompanhamento

Por fim, também é preciso criar um planejamento para monitorar e para eliminar esses riscos. Considere todas as providências que você pode tomar para diminuir ou eliminá-los.

Depois, é claro, você precisa continuar acompanhando essas ações. Entenda como o risco se comporta ao longo do tempo (se aumenta ou diminui a partir de algum fator específico, por exemplo) e qual é a eficiência das ações que estão sendo feitas.

Quais são os tipos de gestão de riscos corporativos?

Existem muitas formas de fazer uma gestão de risco, cada uma com suas características e aplicabilidade. Normalmente, o tipo de gestão de risco varia de acordo com o tipo de desafio em si. Para entender mais, confira a explicação abaixo.

  • Gestão de risco de liquidez: tem o objetivo de proteger o caixa da empresa com recursos suficientes para arcar com suas obrigações financeiras.
  • Gestão de risco operacional: se relaciona à análise de riscos referentes às operações diárias da empresa. Assim, existem fatores externos, como legislação, contexto socioeconômico, e fatores internos, como greves e falta de manutenção de equipamentos.
  • Gestão de risco de mercado: prepara a empresa para flutuação de preços de matérias-primas, flutuações cambiais, taxas de juros, risco de crédito e de outros fatores que dependem do mercado econômico.
  • Gestão de risco estratégico: referente aos riscos que podem afetar os objetivos estratégicos da empresa.
  • Gestão de risco de conformidade: relacionado ao não cumprimento de leis e regulamentos aplicáveis à empresa.

Como identificar e classificar riscos?

Uma forma de identificar e classificar riscos é através de um mapa de riscos. Nele, os desafios podem ser classificados em riscos internos, referentes, por exemplo, às pessoas colaboradoras, aos processos dentro da empresa e à falta de conformidade; ou riscos externos, ações de outras empresas concorrentes, desastres ambientais, taxas de juros, conflitos sociais, etc.

Assim, de forma resumida, os riscos internos são:

  • Financeiro.
  • Ambiental.
  • Social.
  • Tecnológico.
  • Conformidade.

E os riscos externos são:

  • Macroeconômico.
  • Ambiental.
  • Social.
  • Tecnológico.
  • Legal.

Vale destacar que essa lista é apenas exemplificativa. A situação de cada empresa é única e envolve riscos específicos. É importante ter em mente os objetivos estratégicos da organização e, a partir disso, identificar quais são os possíveis riscos internos e externos em cada situação.

Leia também: Os 10 maiores riscos da inteligência artificial

Como as lideranças podem se preparar para a gestão de riscos em projetos?

Depois de identificar, classificar e mensurar a probabilidade do risco, é hora de pensar no tratamento de cada um deles. As principais opções de tratamento são:

  • Evitar o risco de forma antecipada.
  • Assumir o risco, diante da mensuração de ganhos positivos.
  • Tomar medidas para reduzir ou eliminar o risco.
  • Transferir o risco para uma empresa terceirizada.
  • Explorar o risco de forma positiva.

Ferramentas para a gestão de riscos

Existem diversas ferramentas que auxiliam na gestão de riscos, cada uma com suas particularidades e aplicações específicas. Confira algumas delas a seguir.

Análise preliminar de riscos – APR

A análise preliminar de riscos (APR) é uma forma simples de prever riscos e mensurar a probabilidade que aconteçam na sua empresa. Na prática, a APR consiste em uma lista de todos os possíveis desafios e suas consequentes causas.

Em seguida, para cada risco, deve-se estabelecer uma nota entre 1 e 3. Quanto maior a nota, maior a probabilidade que o risco aconteça. Assim, ficam claros os riscos que devem ser priorizados com urgência.

What If? (E se?)

Como o próprio nome sugere, a ferramenta “What If?” consiste em fazer esse tipo de pergunta para cada situação. Então, por exemplo, pode-se usar: “e se um insumo mudar de preço? E se não vendermos tanto quanto esperamos? E se a empresa concorrente tiver um produto melhor?”

A partir disso, as lideranças podem fazer o gerenciamento de riscos e se preparar caso alguma dessas situações realmente vier a acontecer.

PFMEA

PFMEA é a sigla para Process Failure Mode and Effective Analysis (modo de falha de processo e análise eficaz, em português). Essa é uma ferramenta proativa, que permite antecipar falhas potenciais nos processos antes que elas ocorram. A sua aplicação envolve a análise minuciosa de cada etapa do processo, identificando possíveis modos de falha e avaliando seus efeitos.

Ao priorizar os riscos com base na sua gravidade, ocorrência e detecção, o PFMEA auxilia na elaboração de planos de ação preventivos. Isso contribui para otimizar a confiabilidade e a eficiência dos processos — o que reduz custos e melhora a qualidade final dos produtos ou serviços.

Matriz GUT

A matriz GUT é um método de priorizar ações para evitar riscos mais graves. GUT significa: Gravidade, Urgência e Tendência. Para fazer a matriz de GUT, você precisa colocar todos os possíveis riscos em uma planilha.

Em seguida, colocar na frente de cada um dos pontos 3 colunas. Cada coluna deve corresponder a um termo da sigla GUT. Em seguida, você deve dar notas para cada um dos quesitos de 1 até 5.

Para obter o resultado total, multiplique as notas de cada risco. Com base nos resultados, é possível priorizar os riscos mais elevados, que precisam de providências com mais urgência.

Inteligência artificial

Usar ferramentas de IA para ajudar uma empresa com o controle de perdas e gerenciamento de riscos pode ser mais fácil do que imagina. Isso porque essa tecnologia pode automatizar a análise de grandes volumes de dados, identificando padrões complexos e prevendo possíveis perdas com precisão.

Depois, com base nos resultados, é possível que as empresas ajam preventivamente, ao otimizar recursos e proteger seus ativos de forma mais eficiente.

Leia também: O impacto da Inteligência Artificial no setor de finanças

Quais os benefícios da gestão de riscos para as empresas?

Nesse contexto, os principais benefícios da gestão de riscos corporativos são:

  • Maior (e melhor) suporte para os processos de tomada de decisão.
  • Otimização de resultados.
  • Eliminação ou redução de possibilidade de perdas.
  • Cumprimento de todas as normas, leis e regulamentos.
  • Melhor identificação de oportunidades de resultados positivos.
  • Redução de custos.
  • Melhoria nos processos de governança corporativa, auditoria e certificações.

Enfim, é notável que a gestão de riscos é uma importante aliada para tornar os processos de uma empresa mais assertivos e eficientes. Afinal, ela identifica, avalia e mitiga os riscos que podem prejudicar os resultados dos negócios.

Essa é, inclusive, uma estratégia fundamental para acompanhar as transformações do mercado e se manter em uma posição competitiva.

Como as lideranças podem preparar as pessoas colaboradoras para a análise e gerenciamento de risco?

Além da ação ativa das lideranças no processo de gestão de risco, a participação da equipe também é essencial, especialmente nos momentos de crise, quando decisões rápidas e coordenadas fazem toda a diferença.

Desse modo, ter pessoas colaboradoras bem preparadas contribui com diferentes perspectivas, como a percepção de alertas antecipadamente e a criação de soluções criativas com rapidez, já que são profissionais que trabalham diretamente com os produtos/serviços de um negócio.

Mas *tudo começa com o exemplo. Quando líderes de equipes demonstram, na prática, como reconhecem riscos, tomam decisões diante da incerteza e aprendem com os erros, criam um modelo comportamental que estimula a autonomia e a responsabilidade dos times.

Essa postura abre espaço para que as pessoas colaboradoras deixem de agir apenas de forma reativa e passem a desenvolver uma mentalidade mais analítica e preventiva.

Outro ponto essencial é o compartilhamento de informações e o treinamento especializado. A liderança estratégica deve promover ambientes onde dados, indicadores e cenários são discutidos abertamente. Isso fortalece o pensamento sistêmico e incentiva os times a colaborarem na construção de soluções.

Ao mesmo tempo, oferecer cursos e treinamentos que complementam essa orientação, como sobre análise de dados e gerenciamento de crise, pois, além de promover o aprendizado contínuo, destaca a preocupação da empresa com o desenvolvimento profissional de cada membro.

Por fim, se a sua empresa precisa de uma parceria para potencializar os talentos da sua organização, conheça o programa Alura +FIAP Para Empresas. Por meio de cursos e treinamentos focados nos objetivos do seu negócio, te ajudamos a alcançar suas metas. Entre em contato e saiba mais!

Leia também: Educação continuada: o que é e qual a importância.

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Athena Bastos
Athena Bastos

Coordenadora de Comunicação da Alura + FIAP Para Empresas. Bacharela e Mestra em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Pós-graduanda em Digital Data Marketing pela FIAP. Escreve para blogs desde 2008 e atua com marketing digital desde 2018.